Decorreu
na passada Sexta-feira, dia 29 de Outubro, uma Assembleia Plenária
Electiva da Organização Concelhia de Ovar do PCP, integrada no quadro da
preparação do XVII Congresso do PCP, a realizar em Almada, nos próximos
dias 26, 27 e 28 de Novembro.
Participaram na reunião, destinada a discutir o projecto de resolução
política e eleger os delegados que irão representar a organização no
Congresso, os camaradas Paulo Raimundo, da Comissão Política do Comité
Central do PCP e João Frazão, também do Comité Central e responsável
pela Organização Regional de Aveiro do PCP.
No período de discussão das teses, que contou com cerca de duas dezenas
de intervenções, vários foram os temas abordados. O poder hegemónico do
capitalismo, num momento em que o mesmo tende a mostrar a sua face mais
agressiva perante o agudizar das suas próprias contradições, representa
uma preocupação maior dos comunistas de Ovar, que se debruçaram também
sobre o papel do PCP e dos restantes partidos comunistas no mundo
actual.
A necessidade de um PCP fortemente organizado, com uma orientação única
e uma direcção centralizada representa, de acordo com os militantes
presentes, uma condição essencial num partido que tem no seu horizonte a
construção de uma sociedade socialista, e que, por este facto, enfrenta
a hostilidade da totalidade dos agentes capitalistas, hoje donos e
senhores do governo, assim como de toda a comunicação social dominante.
A este propósito, os presentes aprovaram uma moção de repúdio face às
novas leis dos Partidos e do seu financiamento, que representam uma
ingerência intolerável na vida interna dos Partidos e uma machadada no
livre direito de associação e da liberdade de organização política. Por
outro lado, a Lei do Financiamento vem colocar fortes entraves ao PCP,
que vive sobretudo de receitas próprias, conseguidas através dos seus
militantes e organizações, ao mesmo tempo que se traduz no
açambarcamento por parte do PS e do PSD de um milhão de contos cada um,
dinheiro este vindo directamente do bolso dos contribuintes.
No segundo ponto, e depois de aprovado o projecto de resolução política,
foram eleitos através de braço no ar, de acordo com uma decisão dos
presentes, os três delegados da Organização Concelhia de Ovar do PCP:
José Costa, Albino Silva e Miguel Viegas. Este plenário representa a
última etapa de todo um processo de preparação do XVII Congresso do PCP
que se iniciou em Março deste ano e no qual se realizaram no seio da
Organização de Ovar um conjunto de seis reuniões incluindo 2 plenários
da organização, nas quais participaram dezenas de militantes.
Moção
Pela liberdade de
organização política, 25 de Abril Sempre!
Considerando que as
leis sobre os partidos e sobre o seu financiamento, que resultam de um
vergonhoso acordo e combinação entre o PSD, o CDS-PP e o PS, votadas no
dia 24 de Abril de 2003, são um insulto aos valores do 25 de Abril, um
grave retrocesso nos regime democrático e um passo extraordinariamente
perigoso no caminho de ataque a direitos e liberdades visando atingir
especialmente o PCP por ser a força mais consequente e mais firme na
luta contra a politica de direita e por uma alternativa de esquerda.
Considerando que a lei
sobre os partidos representa um inaceitável ataque a princípios
fundamentais do regime democrático, e traduz-se em inadmissíveis
ingerências do Estado na vida interna dos Partidos (formas de votação,
tipo de órgãos que devem existir, processos eleitorais, etc.), com a
pretensão de todos se terem de subordinar a um "modelo único" copiado
das opções do PS, do PSD ou do CDS-PP.
Considerando que, para
além do que directamente quer impor, a Lei dos Partidos abre o caminho
para a mais descarada ameaça de ingerência, cujos limites são difíceis
de delimitar.
Considerando que a Lei
de Financiamento dos Partidos e das campanhas eleitorais, visando os
mesmos propósitos de ingerência, tem por sua vez como grande objectivo
dar mais dinheiro do Estado aos Partidos (PSD, PS e CDS-PP), que já hoje
vivem sobretudo à custa disso, e criar gravosas dificuldades aos
Partidos que, como o PCP, vivem sobretudo das suas receitas próprias,
conseguidas na base do esforço dos seus militantes e organizações.
Considerando que, no
mais descarado ataque ao PCP, a lei atacou com a excepção aos limites
para angariação de fundos relativos às "iniciativas especiais de
angariação de fundos, com oferta de bens e serviços" em que se inserem a
" Festa do Avante" e outras iniciativas político culturais do PCP, numa
atitude de intolerável agressão a esta inigualável iniciativa e à
liberdade de acção e iniciativa do PCP.
Considerando que a lei
contempla também mecanismos como a chamada "Entidade das Contas e dos
Financiamentos Políticos" que visam uma intromissão na vida partidária
inaceitável a que se associa a possibilidade de adopção de penalizações
atentatórias da liberdade dos dirigentes e do património partidário.
Os membros do Partido Comunista Português presentes na Assembleia
Plenária da Organização Concelhia de Ovar de 29 de Outubro de 2004:
Proclamam que só os militantes do PCP - e a mais ninguém - cabe o
direito soberano e intransmissível de decidir como funciona e se
organiza o PCP. Responsabilizam desde já o Presidente da República, o
PS, o PSD e o CDS-PP pelas consequências para a liberdade de associação
e organização política, para a democracia que podem decorrer da
aplicação destas leis anti-democráticas e anti-constitucionais, com o
estado de sítio que instalam, as arbitrariedades a que abrem caminho.
Exigem a revogação
destas leis.
Reafirmam, no ano em
que se assinala o 30º aniversário da Revolução de Abril, o seu
compromisso de lutar para que este grave retrocesso democrático seja
eliminado e para que os valores do 25 de Abril sejam restabelecidos no
plano do direito de associação e da liberdade de organização política.