Ao intervir em Aveiro na sessão
pública de apresentação da eurodeputada comunista Ilda
Figueiredo como cabeça de lista da CDU pelo distrito,
Jerónimo de Sousa lamentou que há 28 anos se assista a uma "dança
de alternância" entre partidos e coligações que desenvolvem
"repetitivamente a mesma política".
Na sua opinião, mesmo "partindo do
pressuposto que a direita está derrotada", é necessária "uma
viragem à esquerda, mas com uma política de esquerda real e
objectiva".
Em declarações aos jornalistas no
final da sessão, Jerónimo de Sousa lamentou que mesmo o PS,
"afirmando-se de esquerda", tenha desenvolvido políticas de
direita em anteriores mandatos governativos.
Disse não partir de "acusações
gratuitas, mas de questões concretas, como o considerar que
as multinacionais e grupos económicos são os motores da
economia, a privatização dos hospitais e questões
relacionadas com a segurança social e o ensi no".
"Se o PCP pesasse mais [na Assembleia
da República], mais dificuldade teria o PS em concretizar
políticas de direita e mais possibilidade teria de fazer uma
reconsideração e virar a página à política de alternância
que tem dado mais do mesmo", frisou.
Segundo o dirigente partidário, "o
povo quando fala em derrotar a direita também quer derrotar
esta política que leva aos problemas sociais e económicos
que existem". "Se o PCP pesar mais, a política nacional terá
um novo rumo", considerou.
Jerónimo de Sousa mostrou-se convicto
de que a CDU conseguirá eleger um deputado pelo círculo de
Aveiro, o que já não acontece há 17 anos.
Por sua vez, Ilda Figueiredo garantiu
que, caso seja eleita, deixará o Parlamento Europeu para
assumir o cargo na Assembleia da República, onde "de
imediato" apresentará um projecto de lei para despenalizar a
interrupção voluntária da gravidez, para acabar com "os
enxovalhos das mulheres nos tribunais".
A situação das empresas do sector têx
til, metalúrgico e de calçado do distrito, que diz estarem
"a sofrer as consequências de uma política desastrosa", é
outro dos assuntos a que promete também dar atenção.
Ilda Figueiredo, de 56 anos, é natural
do Troviscal, Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro. A
economista foi deputada à Assembleia da República entre 1979
e 1991, pelo Porto, e está desde 1999 no Parlamento Europeu,
onde é vice-presidente do Grupo Confederal da Esquerda
Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica.