O PCP e a
luta popular
Vivemos num mundo submetido de forma cada vez mais
evidente ao poder económico. Os valores que imperam hoje na nossa
sociedade reflectem este domínio. O individualismo, o egoísmo, o salve-se
quem puder representam algumas das traves mestras que sustentam o carácter
de muitos dos nossos jovens, e explicam também a desmobilização crescente
dos mais velhos na defesa dos seus interesses.
Contra este actual estado de coisas, o Partido Comunista Português e a sua
organização de Ovar, ao longo da sua história, nunca viraram a cara à luta
e sempre fizeram questão de dar o seu contributo às mais diversas lutas
populares que agitaram o nosso Concelho. Assim foi na luta pela defesa da
Maternidade do Hospital de Ovar ou na questão da INDUPEL, e assim tem sido
agora mais recentemente a propósito das tarifas do saneamento e da recolha
do lixo.
Tomando a iniciativa, os comunistas de Ovar, sem precisar de qualquer
disfarce, promoveram a recolha de um abaixo assinado com mais de 1000
assinaturas entregue na Assembleia Municipal de 26 de Setembro, no período
destinado à intervenção do público.
Conjugando ao mesmo tempo a acção
popular com a intervenção institucional, o representante da CDU apresentou
na última reunião da Assembleia Municipal uma moção intimando o executivo
municipal a arrepiar caminho relativamente às tarifas.
Importa esclarecer que a mesma
moção só não foi apresentada antes porque alguns elementos do Bloco de
Esquerda, na ânsia de protagonismo, inviabilizaram a Assembleia de dia 10
de Outubro, ao criar nas pessoas a ilusão de que estas se poderiam
pronunciar, quando na realidade o período destinado ao público já se tinha
esgotado.
Eu, como membro do Partido Comunista de Ovar, tenho, ao longo dos
últimos anos, procurado dar o meu modesto contributo na defesa dos mais
diversos interesses do nosso concelho. Lutei ao lado de muita gente com as
quais mantenho profundas divergêngias políticas e ideológicas.
Contudo, estas divergências nunca
impediram amplas convergências à volta de uma causa comum. Foi por isto
com alguma consternação que li o artigo do dirigente bloquista, José
Lopes. Em vêz de canalizar as suas energias para a luta que importa travar,
José Lopes opta por atacar de forma infâme a CDU e os seus activistas,
confirmando assim o papel histório de certa esquerda, mais preocupada com
o seu umbigo do que com o verdadeiro interesse das populações. É pena.
Ovar, 23 de Outubro de 2003
Miguel Viegas
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