17º Sétimo Congresso do PCP




Tribuna Press: Qual a sua opinião sobre a saída anunciada de Carlos Carvalhas como Secretário-Geral do PCP no próximo Congresso do Partido?
Miguel Viegas: Foi como alguma tristeza que tive conhecimento desta notícia, pelo apreço e simpatia que sempre nutri pelo camarada Carlos Carvalhas. No entanto, compreendo e tenho que aceitar as suas razões. Não posso deixar no entanto de realçar o excelente trabalho que realizou ao longo dos 12 anos como Secretario-Geral do PCP. Foram 12 anos extremamente difíceis, que coincidiram com a queda do muro de Berlim e com o fim da União Soviética com tudo o que isto implicou para todos os partidos comunistas do mundo. Feitas as contas e olhando para as outras experiências europeias, creio que o balanço é bastante positivo. Graças ao importante papel de Carlos Carvalhas, assim como de todas as direcções que o acompanharam, o PCP não se descaracterizou. Antes pelo contrário, manteve e mantém o seu projecto de construção de uma sociedade socialista, constituindo hoje uma referência incontornável e uma luz de esperança para todos aqueles que continuam a afirmar que o capitalismo não só não representa o fim da história, como é incapaz de resolver os problemas mais básicos da humanidade.

TP: Qual a sua opinião sobre a sucessão?
MV: Felizmente, o PCP tem nas suas fileiras inúmeros quadros com capacidade para assumir o cargo de Secretário Geral. Naturalmente que não serão quadros conhecidos do grande público, porque, na verdade, a única maneira destes quadros terem tempo de antena é falar mal do seu próprio partido ou pedir a sua demissão de militante. Independentemente da minha opinião pessoal, que já foi  transmitida em sede própria, caberá ao Comité Central do Partido, eleito no próximo Congresso, a escolha ponderada e reflectida sobre o quadro com melhores condições para assumir o cargo. Estou absolutamente convicto que esta decisão será seguramente a melhor para o Partido e para o País.

TP: Qual a sua perspectiva sobre o XVII Congresso do PCP?
MV: O XVII Congresso do PCP surge não em consequência de qualquer acontecimento extraordinário, mas antes como um processo perfeitamente natural decorrente dos estatutos do Partido. Como partido verdadeiramente democrático que somos, há já muitos meses que o Congresso está em preparação. Só no Concelho de Ovar, foram feitas já 5 reuniões preparatórias com a participação de dezenas de camaradas. Ao nível do resto do país é ver no Avante as centenas de reuniões que se realizam por esse país fora. A discussão das teses, que estão disponíveis não só para os militantes mas também para todo e qualquer cidadão que as queira ler, constitui um momento chave de toda a preparação. Aí se discute a situação nacional e internacional, as orientações do Partido, a sua organização, propõe-se alterações etc... Quanto ao Congresso propriamente dito, onde a organização de Ovar estará representada por três delegados (a eleger em plenário a 29 deste mês), iremos ter uma renovação parcial do Comité Central, como acontece a cada congresso e será aprovada uma versão definitiva das teses ou Resolução Política, que passará a constituir o documento orientador de toda a actividade do Partido para o próximo quadriénio.