BALANÇA COMERCIAL do Brasil
Principais mercados para as exportações do Brasil (fonte: Valor Econômico, 02 maio 2001)
EUA: aviões, calçados, aparelhos transmissores/receptores, semimanufaturados de ferro ou aço, ferro fundido, pastas químicas de madeira, gasolina, motores para autos.
União Européia ( Bélgica, Alemanha, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Áustria, Portugal e Finlândia): farelo de soja, café em grão, minério de ferro, celulose, suco de laranja, aviões, soja em grão, semimanufaturados de ferro, aço, couros e peles.
América Latina (Aladi: Bolívia, Equador, Paraguai, Argentina, México, Colômbia, Chile, Peru, Venezuela, e Uruguai): aparelhos celulares, chassis e carroçarias de automóveis, insumos de bebidas, veículos de cargas, pneumáticos, calçados, químicos, móveis.
Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina): aparelhos transmissores e receptores, automóveis de passageiros, motores para tratores, veículos de carga, máquinas de processamento de dados, polímeros de estileno, papel cartão ou de carta, calçados.
Europa Oriental: açúcar bruto, aviões, carne de suíno e de frango, minério de ferro, aparelhos transmissores e receptores.
Ásia: minério de ferro, petróleo, semimanufaturados de ferro ou aço, partes de celulares, aviões, suco de laranja, óleo de soja.
Oriente Médio: óleo de soja, minério de ferro, soja em grão, açúcar bruto, máquinas para terraplanagem, farelo de soja, carne bovina.
África: óleo de soja, máquinas para terraplanagem, ônibus.
Valores exportados no ano 2000 em bilhões de dólares (fonte: Valor Econômico, 02 maio 2001)
No ano de 1996, o Brasil não possuía uma fábrica de telefones celulares e a Embraer exportou US$ 266 milhões. Apenas quatro anos depois, aviões e celulares garantiram ao país vendas no mercado externo de US$ 3,4 bilhões - um explosivo crescimento de 1.200%, que não foi fruto do acaso ou de projetos isolados.
Os dois bens resultam de diferentes estratégias de desenvolvimento adotadas no passado recente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para economistas e empresários é da capacidade - e também da vontade política - de articular ações desse tipo que depende a construção de um superávit comercial sustentável no Brasil. Em 2001, o país deve registrar o sétimo déficit consecutivo.
A trajetória recente do comércio exterior do Brasil embute boas e más notícias. O lado positivo aparece na importação recorde de bens de capital, exportação de celulares e aviões, aumento das vendas de manufaturados (cresceram 91% na década, enquanto as exportações totais aumentaram 74%) e maior presença em mercados exigentes, como o americano. Em 2000, os Estados Unidos absorveram 30% das vendas externas de bens industrializados - sete pontos acima dos 23% de 1996.
Na ponta que preocupa, as exportações brasileiras cresceram abaixo da média mundial nos últimos cinco anos e há um forte descompasso tecnológico entre as exportações e as importações. O valor médio das importações brasileiras de manufaturados aumentou 30% desde 1996, quando o preço médio da tonelada foi de US$ 955. No ano passado, já custou US$ 1.235. No mesmo período, o valor médio da tonelada exportada evoluiu menos de 2% e somou US$ 1.299 em 2000. No último ano, os bens manufaturados representaram 83% do total de importações e 59% das exportações.
Lídia Goldenstein, economista da MB Associados, avalia que está ocorrendo um processo de substituição de importações e de ganho de qualidade das vendas externas. "Mas esse processo tem sido insuficiente", avalia. "Reverter o déficit implica uma agenda de desenvolvimento e nunca será resultado de ações isoladas."
A agenda, diz, deve incluir continuidade do processo de redução do custo Brasil, reforma tributária, política comercial agressiva e atração de capitais. A regra é "olhar para a frente", afirma. "Não adianta substituir a importação de ontem; é preciso agir hoje para substituir o que estaremos importando amanhã", pondera.
"Nossa pauta ainda é muito tradicional", acrescenta Antônio Correa de Lacerda, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos das Transnacionais e de Globalização da Economia (Sobeet). O Brasil é forte importador de áreas dinâmicas, observa. Telecomunicações e químicos, juntos, provocaram um déficit de US$ 14 bilhões no ano passado. Todo o setor de agronegócios tem um superávit de US$ 11 bilhões.
Lacerda sugere que sejam adotadas estratégias que articulem novas empresas e incentivem as transnacionais a participar mais ativamente das exportações. Em todo o mundo, 60% das exportações são feitas pelas multinacionais. No Brasil, elas respondem por 45%. "Como estamos abaixo da média, há um espaço para que essa participação cresça", avalia.
No Brasil, no ano passado (2000), pouco mais de 16 mil empresas exportaram. No setor de autopeças, menos de 30 empresas responderam por 90% das vendas externas, segundo estudo do BNDES. Setores que importam muito (como o químico), ou que exportam (como o siderúrgico e o de papel e celulose) estão com planos expressivos de investimento até o ano 2005. Juntos, projetos desses três setores somam mais de US$ 22 bilhões - US$ 6,6 bilhões em papel e celulose, US$ 10 bilhões no químico-farmacêutico e US$ 5,5 bilhões no siderúrgico (previsão até 2002).
"Esses investimentos permitirão aumentar as exportações para US$ 3,8 bilhões em 2005, o que representará um superávit de cerca de US$ 2,8 bilhões", explica o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Papel e Celulose (Bracelpa), Boris Tabacof. O setor, diz Tabacof, possui custos competitivos no mercado internacional. "Mas falta isonomia para o investimento", ressalta. E acrescenta que há um estudo em fase de conclusão, que será entregue ao ministro Alcides Tápias, detalhando o peso da carga tributária sobre o investimento. "Fizemos as contas e nossos dados indicam que entre 20% e 25% do custo dos investimentos é recolhido para pagar imposto."
À medida que a globalização se intensifica, o jogo neste setor também é cada vez maior. "As unidades brasileiras precisam ter escala maior para serem mais competitivas. Mas para isso é preciso mobilizar mais capital", afirma Tabacof.
No setor siderúrgico, que encerrou 2000 com um superávit comercial de US$ 2,1 bilhões, a visão que ainda predomina é a de exportação apenas dos excedentes, diz o presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Antônio José Polanczyk. "As empresas não estão investindo para aumentar exportações", diz. O Brasil, explica, possui custo de produção competitivo, mas os impostos encarecem o investimento e as exportações. ( Denise Neumann, Valor Econômico, São Paulo, 07 maio 2001).
Valores - 1979/88 - US$ milhões
PERÍODO | EXPORTAÇÃO | IMPORTAÇÃO | S A L D O | |
1979 | 15.244,0 | 18.084,0 | (2.840,0) | |
1980 | 20.132,0 | 22.955,0 | (2.823,0) | |
1981 | 23.293,0 | 22.091,0 | 1.202,0 | |
1982 | 20.175,0 | 19.395,0 | 780,0 | |
1983 | 21.899,0 | 15.429,0 | 6.470,0 | |
1984 | 27.005,0 | 13.916,0 | 13.089,0 | |
1985 | 25.639,0 | 13.153,0 | 12.486,0 | |
1986 | 22.349,0 | 14.044,0 | 8.305,0 | |
1987 | 26.224,0 | 15.051,0 | 11.173,0 | |
1988 | 33.789,0 | 14.605,0 | 19.184,0 |
BALANÇA COMERCIAL do Brasil - 1989/98 - US$ milhões
PERÍODO | EXPORTAÇÃO | IMPORTAÇÃO | S A L D O | |
1989 | 34.383,0 | 18.263,0 | 16.120,0 | |
1990 | 31.414,0 | 20.661,0 | 10.753,0 | |
1991 | 31.620,0 | 21.041,0 | 10.579,0 | |
1992 | 35.793,0 | 20.554,0 | 15.239,0 | |
1993 | 38.563,0 | 25.256,0 | 13.307,0 | |
1994 | 43.545,0 | 33.079,0 | 10.466,0 | |
1995 | 46.506,0 | 49.858,0 | (3.352,0) | |
1996 | 47.747,0 | 53.301,0 | (5.554,0) | |
1997 | 52.990,0 | 61.347,0 | (8.357,0) | |
1998 | 51.120,0 | 57.594,0 | (6.474,0) |
BALANÇA COMERCIAL do Brasil - 1999/2003 - US$ milhões
PERÍODO | EXPORTAÇÃO | IMPORTAÇÃO | S A L D O | |
1999 * | 48.006,0 | 49.212,0 | (1.206,0) | |
2000 * | 55.086,0 | 55.777,0 | (691,0) | |
2001* | 58.220,0 | 55.580,0 | 2.640,0 | |
2002 ** | 61.700,0 | 57.300,0 | 4.400,0 | |
2003 ** | 66.000,0 | 60.000,0 | 6.000,0 | |
Fonte: BCB, SECEX, FUNCEX, Gazeta Mercantil
* Dados preliminares
**Projeções (Luiz Rabi, Momento Bicbanco, 08/2000)
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