* * * A R T I G O S * * *



SANTOS DUMONT E LANDELL DE MOURA


           Os dois inventores internacionais brasileiros mais famosos até a atualidade. Alberto Santos Dumont, mineiro, Roberto Landell de Moura, gaúcho, portoalegrense, apresentam características psíquicas de reações quase idênticas.

           Santos Dumont, desenvolveu suas atividades inventivas na França, às suas expensas. Ele viveu da sua indústria cafeeira no Brasil, aplicando suas randas em seus balões livres e dirigíveis e os seus aeroplanos. Não explorou industrial ou comercialmente a invenção do avião. Doou à Humanidade o produto da exitação dos 12 bilhões de neurônios de seu cérebro, transformados no esforço psíquico e físico da planificação, montagem e manejo dos seus aparelhos.

           Ele aplicou em suas invenções, com adaptações suas e inéditas, produtos já conhecidos como a seda japonesa envernizada, a corda de fibra vegetal, o vime, a areia, o motor a gasolina, a hélice de madeira, o hidrogênio, o aço, o ventilador, o gás de iluminação, o selim da bicicleta, a madeira compensada. Sentiu o fim de sua época, perturbou-se e retirou-se para a sua Pátria, o Brasil. Viveu e lamentou o uso de sua invenção, aperfeiçoada e transformada em arma ofensiva e defensiva na Primeira Guerra Mundial. Morreu celibatário. Foi oficializado como Patrono da Força Aérea Brasileira em 1º de outubro de 1971.

           No exterior, outros países invocam ainda seus filhos como inventores do Avião.

           Roberto Landell de Moura preparou-se intelectual e psiquicamente para a vida sacerdotal. Ainda sob o regime do Concílio Vaticano I, sua formação obedeceu aos rígidos e disciplinados padrões que caracterizavam o sacerdote da metade deste século.

           Escolheu a Igreja Católica como o seu Lar, sua Família, sua Profissão. Fez os dois votos sacerdotais que cumpriu honrosamente: Obediência e Castidade. Poderia ter bens, fortuna, ao contrário dos seus irmãos religiosos, pertencentes às congregações, que fazem três votos: Obediência, Castidade e Pobreza. Essa Lei da Igreja é imutável até hoje.

           A diversificada massa de informações que acumulou em suas zonas sensoriais, desde o seminário, abrangendo a Cultura Religiosa, a Cultura Histórica, a Cultura Literária e Artística, não perturbou a sensível reação dos seus neurônios para a resposta da planificação e execução técnica de esquemas eletrônicos, com seus componentes, tabulados pela Cultura Científica incipiente da época.

           Sua reação psíquica-técnica obedeceu aos mesmos princípios de sua formação religiosa: Nascimento - Vida - Morte - Vida Eterna. Na Eletrônica: Entrada - Saída - Ondas Luminosa ou Eletromagnética - Receptor.

           Landell de Moura não possuia fortuna: somente o abrigo de cada Paróquia, o seu Lar. A colaboração financeira de amigos anônimos e dedicados, propiciou-lhe a aquisição dos seus componentes técnicos e a viagem aos EE.UU. para firmar, internacionalmente os privilégios de suas invenções, que nunca explorou comercialmente. Ao retirar-se definitivamente da vida científica, em 1905, dedicando-se inteiramente a sua Profissão, Landell de Moura pressentiu o início de uma nova era na Eletrônica - a Válvula Termoiônica.

           Como Santos Dumont, depois de criar os seus aviões "Demoiselle", afastando-se da aviação já em desenvolvimento, Landell de Moura, ao patentear seus aparelhos nos EE.UU., precursores da radiocomunicação, deixou à tecnologia os avanços inevitáveis das indústrias já em formação e que exigiam grandes investimentos e especializações técnicas.

           A complexidade no investimento, comercilização e rentabilidade dos seus inventos, em confronto com o telégrafo e o telefone com fio, não constituíram obstáculos para que, em 1912, no País, por iniciativa governamental, já funcionassem 8 (oito) estações radiotelegráficas costeiras, do tipo Landell de Moura.

           Também Landell de Moura sentiu a presença de sua invenção eletromagnética na Primeira Guerra Mundial, 1914 - 1918, nos mares e nos navios de guerra. Presenciou, dentro de sua Igreja, o seu Transmissor cair no domínio público, pois surgiram centenas de radiotelegrafistas, montando eles próprios seus transmissores com o "chispamento" no centelhador, excitado pela Bobina de Ruhmkorff e o Manipulador de Morse, o Receptor com o detetor de Galena e o fone, recolhendo os sinais da antena. Foi o início do Radioamadorismo, o incentivo popular ao desenvolvimento da Cultura Científica no ramo da Eletrônica.

           Já na era da Válvula Termoiônica, aparece em 1919, em Pernambuco, a primeira Estação Transmissora do Brasil em fonia, a Rádio Clube de Pernambuco, criada por um grupo de radioamadores em recepção.

           Destinou-se às experiências de radiodifusão. Mas, no dia 07 de setembro de 1922, no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, surgiu a primeira estação de radiodifusão permanente. E depois de 1924 começaram a funcionar nos Estados as estações pioneiras da atual radiodifusão brasileira.


Capítulo do livro "NO AR: A LUZ QUE FALA"
autoria de OTTO ALBUQUERQUE - 1a Edição - 09/ 85, 2a Edição - 12/99

Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
e-mail: ivanr@cpovo.net  


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Publicado em 02 de julho de 2006
Atualizado em 04 de novembro de 2007