* * * B I B L I O G R A F I A * * *



O "INCRÍVEL" PADRE LANDELL DE MOURA


Autor: Ernani Fornari
Editora: Editora Globo
Porto Alegre-RS, 1960

           História triste de um inventor brasileiro

           Vinte anos de buscas em empoeirados arquivos, vinte anos de fatigantes investigações em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro; vinte anos de estudos especializados e de consultas a jornais velhos e revistas antigas; vinte anos a cansar os olhos e os nervos na decifração de documentos, rascunhos e apontamentos quase ilegíveis, deteriorados pelas traças, ou desbotados pela ação da umidade e dos anos - eis quanto exigiu de nós a elaboração deste monografia.

           E ainda não está completa, infelizmente.

           O principal, porém, o mais difícil, aqui está, finalmente, feito e, de alguma forma, concatenado e exposto. Fizemos o que nos foi possível. O resto virá a seu tempo.

           Outros investigadores, estamos certos disso, irão completando-a, de agora em diante, dadas as dezenas de documentos relativos às atividades científicas do Padre Landell de Moura ainda existentes em mãos de particulares e a que, por desconfiança ou excessivo zelo de seus depositários (esses documentos, já agora, devem pertencer à Nação), não tivemos acesso, bem como o crescente interesse que, de uns anos a esta parte, o assunto principiou a despertar nos meios científicos e nacionalistas do País.

           Principalmente, depois da publicação de nossos artigos a respeito.

           Se é bem verdade que, de início, não foram pequenas as nossas decepções diante da indiferença, da incompreensão e, mesmo, da descrença de alguns cientistas e técnicos ilustres em relação às descobertas e invenções daquele clérigo, menores não foram, em compensação, as satisfações que tivemos, mais tarde, com o apoio, os esclarecimentos e a colaboração que passaram a prestar-nos outros técnicos e cientistas igualmente ilustres e de não menor renome e proficiência, entre os quais avultam esses cujos nomes tivemos, com as expressões de nosso reconhecimento, a honra de gravar no pórtico deste livro.

           E se, muitas vezes, vimos, com a assinatura de outros, reeditado, quase ipsis-litteris (e sem citação da fonte, está-se a ver...), o material que íamos tão laboriosamente colhendo e publicando, ainda aí nos sentimos de alguma maneira recompensados e também agradecidos.

           É que compreendemos que, divulgando, embora como resultado de investigações próprias ou de outrem, a vida e as obras do Padre Landell de Moura, esses prestimosos articulistas estavam, a seu modo, colaborando conosco, no sentido de chamar a atenção de nossos patrícios para o esquecido e genial físico brasileiro, e, assim, contribuindo para o reconhecimento de seus direitos e maior glória de seu nome.

           E isso é o que importa, verdadeiramente.

           Neste ponto, como um corredor que já cumpriu a parte do percurso que lhe cabia na maratona, passamos o archote às mãos de quem queira substituir-nos.



Ernani Fornari


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O 'INCRÍVEL"PADRE LANDELL DE MOURA

O brasileiro precursor das Telecomunicações
Segunda edição
Autor: Ernani Fornari
Editora: Biblioteca do Exército Editora
Rio de Janeiro-RJ, 1984.

           Injustiçado e incompreendido a seu tempo, como sói acontecer com tantos outros grandes vultos da humanidade, ao Padre Landell de Moura cabe preeminente posição na galeria dos homens ilustres deste país.

           Não obstante, pouco se divulgou até hoje sobre a importância de sua contribuição à causa científica brasileira, onde foi extremamente expressiva sua ação pioneira no campo da eletrônica e das telecomunicações.

           Por esse motivo, além do valor intrínseco como trabalho de pesquisa biográfica, cumpre inestimável papel esta obra de Ernani Fornari, resgatando, às novas gerações, a saga do grande jesuíta gaúcho. Em verdade, sobrepaira à história da vida de Landell de Moura uma obstinada perseverança em trilhar os difíceis e fascinantes caminhos do inédito.

           Há 80 anos, Landell de Moura foi tido como lunático ao prever que "as transmissões poderão ser feitas através de um feixe luminoso". Menos de 70 anos mais tarde, entraram em funcionamento os sistemas de comunicação por raio laser, utilizando diodos emissores e, para condução de luz, fios de fibra ótica. Muito antes de Marconi, o padre brasileiro já havia testado o telégrafo sem fio, operando uma transmissão de oito quilômetros ligando dois pontos na Capital paulista. Foi também o precursor da válvula eletrônica, componente essencial para o desenvolvimento da radiodifusão.

           Ninguém mais indicado que Fornari para traçar a epopéia de Landell de Moura, não só por tê-lo conhecido pessoalmente, mas por ter se tornado, ao longo dos anos, um entusiasta de seu trabalho e imensa criatividade. Não foi por menos que Fornari, ao ver a silhueta esguia e o olhar profundo de Landell, declarou: "Aí vai um homem que viveu, por certo, um romance, ou sofreu uma tragédia, ou carrega consigo o cadáver de um sonho".

           Mas, na realidade, Landell de Moura não sonhou em vão. Deixou uma obra e um exemplo, e alargou caminhos, São estes caminhos que as comunicações brasileiras nos últimos anos têm procurado sedimentar, ampliando as facilidades que a tecnologia mais atual proporciona para tornar a vida melhor e mais confortável.

           Foram muitos os desafios enfrentados por Landell de Moura. Assim também são os daqueles a quem compete criar instrumentos e políticas para o desenvolvimento das comunicações - cujas fronteiras são quase ilimitadas -, infra-estrutura fundamental para o crescimento das nações e o bem-estar da sociedade humana.

           Numa justa e merecida homenagem, embora modesta, a maior instituição de pesquisa científica e tecnológica na área da eletrônica do País - o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás, em Campinas, denomina-se Padre Roberto Landell de Moura.


Haroldo Corrêa de Mattos
Ministro das Comunicações



Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
e-mail: ivanr@cpovo.net  


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Publicado em 01 de agosto de 2006
Atualizado em 01 de agosto de 2006