MINERAÇÃO E GÁS
A descoberta de minas de carvão era o grande interesse dos ingleses que visitavam o Rio Grande do Sul ou nele estavam radicados como comerciantes.
A preocupação era encontrar carvão, a princípio para o negócio necessário das Ilhas Britânicas com o continente europeu e, logo depois, para o desenvolvimento de empresas locais, especialmente relacionadas com o gás de iluminação.
É verdade que muitos deles já se guiavam pelas informações de cientistas e cronistas seus patrícios que desde o começo do século se referiam a esta área. Mas foi na metada do século XIX que se travaram os maiores debates sobre o carvão desta região.
Pode se creditar a James Johnson o título de campeão na luta pela mineração no Rio Grande do Sul. Natural de Cornwall e “com alguma experiência neste tipo de trabalho”, foi de uma persistência digna de nota, envolvendo por diversas vezes as autoridades da Província e do Império nas suas pesquisas e experiências.
A maior documentação sobre o início da sua atividade encontra-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, no códice II-35, 36, 27.
Entre estes papéis está a mais antiga carta-relatório de James Johnson, datada de 31 de março de 1855, sobre suas pesquisas no Herval e no Arroio dos Ratos, seguida de mais duas, datadas de 16 de outubro do mesmo ano e 1º de abril do ano seguinte.
O curioso é que em todas elas acrescia ao seu nome, como se dele fizesse parte, a palavra Mineiro.
O infatigável incorporador das minas de carvão de pedra do Arroio dos Ratos pretendia suprir toda a necessidade de combustível para a indústria e para a navegação fluvial da Província. Por isso, em 1876, associou-se a Ignácio José Ferreira de Moura e obteve a concessão à margem esquerda daquele Arroio, pelo Decreto 3.715, de 6 de outubro.
Ignácio José Ferreira de Moura, pai do genial inventor Padre-cientista Roberto Landell de Moura foi, pois, sócio do patrício de seu sogro, Robert Landell, tendo a ele passado uma procuração datada de 28 de fevereiro de 1867.
Pelo Decreto 4.064, de 4 de janeiro de 1868, os sócios James Johnson e Ignácio José Ferreira de Moura obtiveram privilégio juntamente com John Mac Ginity e outros para pesquisar minerais nos municípios de São Jerônimo e Porto Alegre.
Parece que a grande dificuldade nestes trabalhos era o problema da inundação das minas. Diz Michael G. Mulhall em sua obra Rio Grande do Sul and its German Colonies, p.80, que “esforços foram feitos pelo Sr. Mac Ginity e seus amigos para bombear para fora as águas que invadiram as minas, mas atendendo a segurança dos próprios mineiros os trabalhos foram abandonados”.
Mas James Johnson não desanima. Remete amostras do combustível para exame dos professores Hunt, então diretor do Museu de Geologia Prática de Londres e John Percy, da Escola de Minas da mesma capital, e consegue interessar alguns compatriotas na exploração levantando um capital de 100.000 libras, com que funda a Imperial Brazilian Collieries Co. Ltd. Isto deve ter acontecido em torno de 1871, porque Michael G. Mulhall, aqui viajando nesta época, refere-se à empresa como acontecimento recente.
A concessão era por trinta anos e os antigos sócios James Johnson e Ignácio José Ferreira de Moura, participaram com um capital de 30.000 libras.
Ignácio José Ferreira de Moura, filho de Luiz Ferreira de Moura e Ignácia Maria de Jesus Moura, era gaúcho, natural de Rio Grande, nascido a 19 de junho de 1829 e falecido a 10 de fevereiro de 1904, casado com Sara Marianna Landell de Moura, em Porto Alegre, na Igreja do Rosário, a 4 de dezembro de 1855.
O ilustre inventor Padre-cientista Roberto Landell de Moura era o quarto dos quatorze filhos do casal
Ignácio José Ferreira de Moura era comerciante, pioneiro da exploração carbonífera do Rio Grande do Sul e um dos cinco fundadores da Associação Comercial de Porto Alegre.
Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
e-mail: ivanr@cpovo.net
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Publicado em 29 de novembro de 2006
Atualizado em 04 de novembro de 2007