Resenha do Livro:
Viva Melhor com a Dieta do Tipo Sangüíneo (2001)
De acordo com o naturopata Peter J. D'Adamo, seu tipo sangüíneo é uma impressão genética que é mais poderosa que a raça, cultura ou geografia. Tudo tem a ver com as lecitinas, um grupo diverso de proteínas que estão presentes em certos alimentos. D'Adamo, que é um naturopata, alega que reações negativas entre as lecitinas dos alimentos e o nosso sangue são responsáveis por muitas doenças. Sua solução é evitar os alimentos que contêm todas essas lecitinas ruins. A lista do que é bom e do que é ruim, entretanto, é extensa e difere dramaticamente de acordo com seu tipo de sangue. O livro afirma:
O conceito de tipo sangüíneo originou-se no início do século passado com o patologista alemão Karl Landsteiner. Ele identificou duas proteínas, ou antígenos, que ele encontrou na superfície dos glóbulos vermelhos [hemácias]. Chamando estes antígenos de A e B, Landsteiner avançou para descrever quatro grupos sangüíneos, A, B, AB e O, dependendo se eles tinham um ou o outro, ou ambos, ou nenhum. Desde então descobrimos que o tipo A pode ter os genes AA ou os genes AO, o B pode ser BB ou BO, o AB tem que ser AB, e o O tem que ser OO. Os genes para estas proteínas nos são passados a partir de nossos pais. Landsteiner não sabia disso na época, mas o sistema de identificação ABO foi apenas o início. Desde os anos de sua descoberta pioneira, 276 discretos antígenos de hemácias foram descobertos.
Vamos examinar a lógica de D'Adamo através do pareamento hipotético de quatro casais: um casal tipo AB, um casal tipo A, um casal tipo B e um casal tipo O. De acordo com D'Adamo, cada um destes casais seria um descendente de uma população ancestral separada. Se então examinarmos os filhos destes casais, os do casal AB podem ter vindo de populações ancestrais A, B ou AB, o casal tipo A podia ter filhos da população ancestral A ou O, e o casal tipo B podia ter filhos que fossem da população ancestral B ou O. Somente o casal tipo O passaria o mesmo tipo sangüíneo para todos seus filhos.
Uma vez que há de 50.000 a 100.000 genes contidos no DNA humano, a passagem de genes de uma geração para a próxima é o equivalente a um papel de dados genéticos. Muito do que está nesses dados é determinado pelos pais de alguém, e há alguns fatores que parecem dominar, mas o potencial para a variabilidade é enorme. Cientistas do Projeto Genoma Humano têm analisando a estrutura do DNA humano, um projeto que se espera atravesse 15 anos e custe vários bilhões de dólares.
O tipo sangüíneo não é totalmente benigno. Por muitos anos, cientistas se perguntavam porque o tipo O era mais freqüente que outros tipos de sangue em desenvolver úlcera de estômago ou câncer de estômago. Em 1993, cientistas descobriram que úlceras eram causadas pela Helicobacter pylori, uma bactéria que tem uma afinidade especial por uma das proteínas exclusivas do tipo O.
Um geneticista da Universidade Oxford que procurou por outras associações significativas entre os tipos sangüíneos ABO e a incidência de doenças, relatou que havia apenas sete, as relações eram freqüentemente fracas; e a maioria, como úlceras, originaram-se de algum lugar ao longo do trato digestivo. Se o tipo ABO desempenhasse um papel tão importante, como propõe D'Adamo, essas relações seriam fortes e abundantes.
Pode ser que haja interações importantes entre certos alimentos e o tipo do sangue de alguém .Mas a passagem de genes de uma geração para a próxima é o equivalente a um papel dos dados genéticos. Grande parte do que está nesses dados é determinado pelos pais da pessoa, e há alguns fatores que parecem dominar, mas ao longo dos milênios tem havido uma variedade infinita de mistura genética. É um pouco forçado dizer, por exemplo, que um tipo O hoje tem os mesmo imperativos genéticos do que tinha um tipo O perambulando nas savanas com lanças nas mãos.
D'Adamo, infelizmente, oferece pouco no que se refere a evidência científica, confiando ao invés em uma coleção de relatos anedóticos e histórias de casos. Sua especulação de que o mesmo gene responsável pelo tipo ABO pudesse exercer uma influência dominante dessa sobre todo o resto é incapaz de se sustentar com seus próprios méritos. No fim, D'Adamo adiciona uma advertência de que variações individuais ainda ocorrem dentro dos grupos sangüíneos, assim você não deveria esperar que todas as suas recomendações se aplicassem a você. É bom ter ambos os caminhos, especialmente onde vendas de livros estão envolvidas.
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Dr. Blonz é consultor de nutrição, jornalista, personalidade da mídia, e palestrante público. Ele obteve seu doutorado em nutrição na University of California, Davis. Seu site, o Blonz Guide to Nutrition, Food Science and Health, traz links para muitas fontes confiáveis sobre nutrição.