O Holocausto é aqui : "O abate no Brasil"
"Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos. Nós nos sentimos melhores com nós mesmos e melhores com os animais, sabendo que nós não estamos contribuindo para o sofrimento deles." - Paul e Linda McCartney
Pesa-nos trazer para esta página este assunto; o cérebro se agita, o coração dói, a alma sofre...mas é necessário.
Seria covardia, omissão no mínimo, não gritar bem alto contra tanta iniqüidade praticada com os animais. Ante a maldade, sob que rótulo se apresente, não se pode fugir e, qual avestruz, "enterrar a cabeça na areia", "resolvendo" assim o problema, de forma enganosa.
Considerarmos indispensável narrar aqui, crueldades para com os animais, constitui nosso vigoroso grito de repúdio e dó, de espanto e incredulidade, ante ações que desmerecem a razão, rebaixam o espírito e denigrem a espécie humana - dita racional.
Que nossa voz ecoe nos corações endurecidos fixando neles, ao menos, sementes de respeito, quando de amor possível não seja.
Animais são criaturas de Deus, logo nossos irmãos.
A crueldade humana para com os animais é praticada de inúmeras formas. Vejamos uma, tão sòmente: matadouros.
MATADOUROS:
"Até o papel deve sentir vergonha ao receber as letras que formam essa história." - Sinhozinho Cardoso no livro "Além do ódio"
É exatamente isso que também sentimos ao descrever o horror dos matadouros.
Fortalece-nos intenso desejo de que tal seja um alerta, capaz de, sob os cuidados de Deus, sensibilizar a quem de direito possa modificar tão triste realidade: a crueldade dos matadouros.
No Brasil são abatidos, anualmente, com todos os requintes de crueldade:
- 13 milhões de bois.
- 10 milhões de porcos
- 943 milhões de aves.
( Dados publicados pela Revista Veja de 18 de Março de 1992 )
Seu transporte até o matadouro se dá em condições mínimas de respeito, para nem sequer lembrar algum conforto: são empilhados em caminhões. Ao chegar, são tangidos ao abatedouro por choques elétricos que os empurram adiante. Quando caem no chão são arrastados pelas patas até o local do abate, onde recebem o doloroso golpe de misericórdia: de 1 a 23 golpes de marreta na cabeça (porcos e bois), até perderem os sentidos; quando não é marreta é uma estocada na testa com uma lança conhecida como choupa.
Em 1992, o Governo paulista sansionou uma lei* que cuida de todas as etapas do abate, de forma que cause menor dor, através de um dos 3 métodos de insensibilização prévia: -tiro de pistola de ar comprimido na testa do animal, - choque elétrico, - asfixia por gás carbônico.
Os dispositivos desta lei colidem com a tradição e cultura de árabes e judeus, para os quais os animais só podem ser retalhados e ir para a desossa após a perda total de sangue**. Para os árabes, exige ainda a tradição que os animais sejam abatidos deitados e com as patas voltadas para Meca.
Como o Brasil é fornecedor de carne para esses povos, pode ser que frigoríficos instalados em São Paulo mudem-se para outros estados. Esse talvez seja o empecilho para que lei similar à paulista seja aprovada em nível federal.
Atualmente o método de abate por marreta praticamente já foi abolido nos grandes matadouros. Primeiro pelo grito dos protetores dos animais, segundo porque danificava os miolos dos bois...
As exportações de carne bovina em 1992 foram de 434 milhões de toneladas, sendo 72% industrializadas e o restante "in natura"; desse total, o estado de São Paulo responde por 80%; a receita chegou a US$ 619 milhões (dados da Folha de São Paulo - 16/03/93).
ABATE DE CAVALOS:
Quanto ao abate de cavalos, há alguns anos, a imprensa noticiou a crueldade de alguns matadouros, causando comoção nacional. A matança descrita atingia proporções bestiais: - 12 horas antes do abate eram privados de água e alimento, para amaciar a carne; - eram conduzidos molhados a um corredor e dali tangidos com choques elétricos de 240 volts; - a seguir, uma pancada na cabeça, tonteando-os; - animal ainda vivo, as patas eram cortadas com machado ou tesoura grande de forma a esgotar todo o sangue; - ainda vivo, com ferimntos terríveis, o animal era colocado em uma estufa para suar e com isso eliminar o "mal educado" cheiro de cavalo de sua carne.
Quem suportaria presenciar tais cenas?
Várias denúncias foram feitas à época, levando personalidades diversas a protestar veementemente contra tamanha barbaridade.
A União Internacional Protetora de Animais (UIPA), em particular, empenhou-se a fundo para combater essa ignomínia.
Carlos Drumond de Andrade, revoltado ante tais fatos, conclamou os donos dos abatedouros a seguir o exemplo da Suíça, Áustria, Bélgica, Inglaterra e Alemanha, por favor, morte sem dor: "Praza aos Céus que isso não exista mais!"
Concluída esta página, devemos dizer que nossa alma quedou-se machucada, coração em prantos...
Já que citamos há pouco um poeta, relembramos a propósito o poeta português Antônio de Macedo: "...- Senhor! Como escrever o resto?! Cai-me a pena da mão, perturba-se-me a vista..."
A presente página não foi fácil, pois os fatos nele contidos põem a descoberto um ângulo negativo do patamar evolutivo espiritual do mundo em que vivemos - nada lisonjeiro. Indispensável lembrar Kardec: "Quando a lei do amor e da caridade for a lei da humanidade, não haverá mais egoísmos; o fraco e o pacífico não serão mais explorados, nem esmagados pelo forte e pelo violento. Tal será o estado da Terra quando, segundo a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela tornar-se um mundo feliz, pela expulsão dos maus."
Essa recomendação - a da igualdade entre fracos e fortes - pode perfeitamente enquadrar as crueldades de que são vítimas os animais e que infelizmente não são raras, no sentido de que cessem, sob pena de banimento dos agentes.
Quem são os maus?
"- Quem tem olhos para ver, que veja e quem tem ouvidos para ouvir, que ouça..."
( Capítulo retirado do livro "Animais-nossos irmãos" de Eurípedes Kühl )
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* - Lei nº 7.705 de 19 de Fevereiro de 1992 (D.O.Est.SP de 20/02/92) : As exigências dessa lei foram previstas para entrar em vigor 12 meses após a sua publicação, isto é, março de 1993.
**- Os judeus há mais de 3000 anos abatem os animais no ritual denominado "kasher", por degola, sendo usadas facas longas, bem afiadas: o golpe tem que ser certeiro, cortando carótidas, jugular, esôfago, traquéia e nervos - tudo sob a assistência de um rabino, que aprovará ou não o aproveitamento da carne.
("A decisão é só sua, mas acho importante que paremos para pensar como as coisas realmente são. É muito fácil dizer que os animais não sofrem, não sabem que vão morrer, etc...é cômodo! Não podemos mais ficar indiferentes a carnificina que acontece a todo instante nos matadouros. Temos que nos coinscientizar que a carne não surge do nada embaladinha no supermercado. Há muita crueldade por trás de um simples bifinho...Como já disse, só cabe à você decidir...pense bem!" - Lenita)
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