MÚSICA

Quando a gente sente - seja algo bom ou ruim - a tendência é criar fantasias.
Claro que as fantasias serão prazerosas ou desgastantes de acordo com a qualidade do sentimento em questão, mas o fato é que a união entre sentimento e pensamento sempre acaba em fantasia.
Num primeiro momento, é provável que fiquemos presos à idéia de que 'fantasia' tem a ver com 'sexual', já que uma palavra é bastante empregada em seguida da outra. Porém, fantasia, de acordo com o dicionário, "é aquilo que não corresponde com a realidade, mas é fruto da imaginação"; e sabemos: imaginar é uma de nossas capacidades mais incríveis, que pode nos levar às mais surpreendentes experiências sensoriais.
Pois bem... quando estamos num relacionamento ou nos sentindo envolvidos por alguém, torna-se quase inevitável fantasiar. Geralmente, as fantasias começam com expressões do tipo 'se eu fizer isso, ele...', 'se ela realmente quisesse...', 'se ele gostasse deste jeito...'; ou seja, suposições que nos provocam novos sentimentos e tantos outros pensamentos.
Outro tipo bastante comum de fantasia é aquela em que vamos imaginando uma situação, uma conversa, um encontro... imaginamos o que falaríamos e o que o outro responderia... como nos comportaríamos e como o outro reagiria... e sem nos darmos conta, vamos despertando sensações físicas tão intensas que, não raramente, rimos sozinhos, choramos em silêncio, as batidas do coração aceleram, sentimos raiva, medo, saudades, alegria, mágoa, enfim... sentimentos nascidos das tais fantasias.
Embora o dicionário afirme que elas não correspondem com a realidade, vou discordar! Há uma realidade primária dentro de cada um de nós que se torna palco para nossas fantasias mais secretas, mais profundas. Talvez não possamos mesmo considerar esta realidade como sendo coletiva, mas é individual, singular e pode ser decisiva num momento de escolha, de tomar uma atitude e se posicionar diante da vida.
Portanto, fantasiar tendo plena consciência de que você está fantasiando pode ser um exercício formidável para a criatividade e a expansão da sua percepção. Só que fantasiar sem ter noção de que você está criando uma realidade paralela, dando uma dimensão ilusória aos fatos ou ainda, supervalorizando ou subestimando seus sentimentos, pode ser uma grande armadilha.
E quando isso acontece, você pode enxergar situações que não existem, alimentar sentimentos que não estão baseados em coisa alguma, criar expectativas que nunca poderão ser correspondidas e entrar numa dinâmica frustrante que te remete sistematicamente à sensação de inadequação e vazio.
Se bobear, você transforma uma relação num lastimável fracasso ou numa linda história de amor, sem se dar conta do que realmente está acontecendo.
A verdade é que, na grande maioria das vezes, o criador de ilusões sabe - bem lá no seu íntimo - que está fantasiando; mas tem tanto medo de encarar a si mesmo que prefere ficar acomodado neste seu mundo fantástico. E faz isso de um modo tão particular que nem se atreve a dividir suas fantasias para não correr o risco de ser desmascarado.
Se você se sente fantasiando, use a técnica da verbalização. Transforme suas fantasias em palavras ditas em voz alta, para alguém em quem você confia. Se puder fazer isso com alguém que esteja preparado para não te influenciar, melhor ainda. Fale o que sente, o que pensa, o que gostaria de fazer... e à medida em que vai ouvindo suas próprias palavras, à medida que vai escolhendo uma a uma para expor suas fantasias, você vai redimensionando seus sentimentos, redescobrindo sua verdade, refazendo sua percepção da realidade.
A partir de então, as suas chances de fazer escolhas mais certeiras, tomar atitudes mais eficientes e desenvolver sentimentos mais prazerosos aumentarão significativamente. E assim... suas fantasias passarão a ser o que deveriam desde sempre: uma deliciosa brincadeira do amor!

Rosana Braga

Preciosa contribuição da amiga Fatima Quemelo

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