UMA JÓIA PRECIOSA
Conta uma lenda Árabe sobre um certo mercador que vivia próximo
a um oásis muito prospero num deserto lá para as bandas
do Oriente Médio em um rico e suntuoso palácio, cercado
de escravos, sua mulher e um único filho de seis anos de idade,
que quase não tinha tempo para dedicar-lhe uma atenção
sequer, pois os negócios eram tantos que as horas tornavam-se
poucas para ele.
Certo dia porém, resolveu que faria uma longa e demorada viagem
para fazer compras de jóias, tapetes, especiarias etc…etc…etc…
quando retornar-se iria se dedicar a este único filho que amava
tanto e não estava podendo acompanhar ao seu crescimento, a sua
infância, mais queria agora acompanhar a sua puberdade. Não,
não seria assim quando volta-se, pois os depósitos estariam
abastecidos para um longo periodo de atividades na quelas paragens.
Chamou sua mulher e disse: mulher, vou fazer uma longa viagem, vou
me demorar mais ou menos umas duas luas, quando voltar vou me dedicar
ao nosso filho, que assim, como voce, amo tanto tambem, ele precisa
de minha orientação e acho que chegou a hora de estar
ao seu lado. Afinal, é o nosso herdeiro.
Vem comigo, vou te entregar as chaves de todos os nossos negócios
que iras administrar enquanto eu estiver fora. Aqui tens as chaves do
cofre onde guardo as muitas joias, estas, as chaves da casa dos escravos
e do grande celeiro onde esta a nossa maior fonte de negocios, a última
coisa que ti entrego é o nosso filho. Se preciso for, percas
tudo mais cuida dele com todo o zelo que so tu sabes cuidar. Daqui em
diante tudo o que fizeres será de tua inteira responsabilidade,
o que fizeres será bem feito.
Madrugada ainda, ceu azul escuro com bilhões e bilhões
de estrelas, a caravana partiu lenta e silenciosa como uma serpente
deslizando com o mercador sobre belo camelo ricamente adornado que parecia
combinar com a magnifica paisagem daquela madrugada. Sua mulher numa
janela fitava aquela cena que se deslocava silenciosa sobre a fina e
branca areia do traicoeiro deserto que deixava para traz um grande e
alto veu de poeira. O sol começou a despontar no horizonte e
a caravana ainda podia se ver bem longe como se a qualquer momento o
sol fosse engolir. Linda cena, ao fundo, aquele enorme disco dourado
subindo como que saindo de dentro da terra, em primeiro plano aquela
linha de camelos fazendo poeira, de longe só se tinha a ideia
do conjunto em silhueta escura, circundada de um reflexo solar prata-ouro
com tons esfumaçados de dourado. Silenciosos caminhavam até
sumir no horizonte…
…Passaram-se as duas luas o mercador já de volta mandou
que um dos seus mensageiros - como mandava atradicação
– avisar a esposa e preparar uma festa de chegada.
Manhã seguinte chegou o mercador em seu palácio e prontamente
perguntou para a sua mulher pelo seu filho pois estava com muita saudade
e queria velo. Sua mulher então disse - lhe: espera, primeiro
os banhos, depois o banquete, o encontro com os nossos funcionários
depois então vamos ver o nosso filho. O mercador muito contra
a gosto aceitou o argumento de sua mulher.
Terminado todo aquele ritual na sequencia que ele o marido tinha entregue
antes de partir disse a ela: Vamos ver o nosso filho. Vamos, disse-lhe
ela, mais pela ordem como me destes as responsabilidades, aqui esta
achave do cofre onde dobrei as nossas propriedade aumentando ainda mais
a nossa fortuna, aqui a chave da casa dos escravos comprei mais ainda,
como podes ver tambem sou uma grande mulher de negócios. –
O nosso filho mulher, perguntou ancioso. Bem, quando viajas-tes nem
bem o sol nascia e ao longe la na linha do horizonte ainda se via a
poeira da tua caravana. Eu destraida estava vendo voce se afastar, quando
uma criada veio até a mim e tirando-me a atenção
para dizer que estava a a porta do palácio um homem que desejava
me ver aquela primeira hora da manhã. Pensando se tratar de um
negócio rapidamente foi ao encontro do homem. Ao me deparar com
ele vi que estava com roupas muito simples, nao parecia ser um comprador
na verdade era um homem mau trapilho.
Que desejas de mim? Fui logo perguntando ao homem. – Minha senhora,
respondeu-me, tenho andado desde ontem procurando um lugar ou uma pessoa
que possa guardar para mim uma joia, mas é uma joia muito rara,
igual não há, tenho uma estima muito grande por ela. Não
gostaria de perde-la. Aqui nestas paragens so encontrei a senhora que
poderá cuidar com carinho desta minha joia tão preciosa,
tão bela que não me canso de admira-la de tão linda
que é......
.....Logo mais vou atravesar este grande e traiçoeiro deserto,
como ves já estou muito velho, sem muita força, há
muitos salteadores, poderam me matar e ficarem com a minha linda joia
que tanto amo e tanto quero. Guarde-a para mim pois sei que es honesta,
e saberas cumprir o trato. Quando voltar virei busca-la. Um pouco irritada
assim falei: como vou ficar com uma coisa que eu mesma não posso
usa-la, ainda correr o risco de ser asaltada em minha propria casa por
causa de uma coisa que não é minha?... Não... Não
fico. É um compromisso muito ariscado com uma coisa que não
me pertence. Não! isto não.
O homem pacientemente continuava insistindo. Eu pensei e falei: So
se deixares que a use quando tiver com vontade. O homem de olhar profundo
e sábio, depois de olhar bem dentro de meus olhos respondeu-me:
Podes, mais quando eu vier terás de devolver a minha joia, lembre-se
eu a estimo demais não dou a ninguem. Pois pretendo voltar daqui
a duas luas.
Tudo combinado, o velho sorridente parecendo transparecer felicidade
partiu. Eu porem, logo pensei, coitado deste velho, jamais voltará,
será morto pelos salteadores assim que adentrar o centro do deserto.
Jamais voltará......
Já sozinha, voltei-me para admirar aquela magnifica joia que
na minha frente estava, logo pensei, acabo de ganhar uma linda e preciosa
joia que cuidarei com todo o carinho e a usarei somente em grandes momentos
bem especias. Que linda es, nunca tinha visto coisa igual serás
minha para sempre nimguem a de me tirar e jamais venderei esta tao preciosa
joia......
Hoje pela manhã, para a minha surpresa, ele me aparece cobrando
a joia que me dera para guardar, com muita raiva pela sua presença
inesperada, disse-lhe que não, não me lembrava de nem
uma joia, que nunca tinha o visto, fiz de tudo para não devolver-lhe
a linda e sem igual a mais preciosa das joias que ja tinha visto. E
entretanto fitando-me exigiu que a devolvesse, fez com que eu me lembra-se,
pois sabia que eu estava mentindo.
Mulher, disse-me ele, que egoismo e este? So tu queres ter o direito
de ter uma joia? Eu tambem tenho este direito, eu quero sentir o calor
quero tambem ter em meus bracos, em meu poder, alguma coisa preciosa
que um dia conquistei, mais uma vez digo-te não sejas egoista.
Aquelas palavras bateram fundo dentro de mim e fiquei a meditar para
poder responder-lhe que impaciente estava diante da minha irredutivel
e inesperada atitude.
Agora meu marido diante deste relato que ti faço o que farias
se fosse voce no meu lugar?
O comerciante imediatamente respondeu, porque agistes assim, não
estou reconhecendo-ti, devolveria-lhe a joia, é claro. Era dele
a joia porque demorastes tanto em devolver-lhe? Para que ter uma coisa
que não é minha, não é nossa?.
Pois bem meu senhor e marido, foi o que fiz, lembrei-me o quanto es
honesto nos teus negócios, para resolver de uma vez por todas
aquela situação, tomei-te como exemplo.
Lutei briguei, chorei, tudo fiz para evitar, mais em vão. Agora
veja. Abriu a cortina e lá estava o seu filho estendido em cima
de uma cama, morto. O comerciante deu um salto e gritou: meu filho!!!
Meu filho!!! Ela em lagrimas então falou: Pois é, ai está
o nosso filho, fiz de tudo para não deixa-lo partir, de nada
adiantou.
Nossos filhos não são nossos filhos, são filhos
da vida. Dizia Gibran.
Quando nascemos, inconscientemente estamos preparados para deixarmos
o corpo que ocupamos. Crianças em grande parte, são espíritos
que tem curta passagem reencarnatoria, muitas vezes aqui chegam apenas
para um último resgate, voltam ao plano superior e nunca mais
precisaram reencarnar. São as leis de beneficiamento que buscamos.
FIM
Um conto espírita narrado pelo conferêncista Divaldo Pereira
Franco em suas muitas palestras pelo mundo divulgando a doutrina Espirita.
adaptação literaria:
Prof. SOBEK DE ALCANTARA REBELLO
Toronto 21 de outubro de 2000