RESPIRAÇÃO HUMANA - Tese de Doutorado - Simão da Cunha Pereira - 1847
7 reconheceram conter o sangue venoso sub-carbonato alcalino em maior quantidade que o arterial. Colhidos estes dados, com eles aplicados, acreditaram ter explicado a respiração. Assim o grande contato do ar com o sangue no pulmão formava não só um pouco de ácido carbônico e água, mas também aperfeiçoando umas substancias orgânicas, e decompondo outras, fazia aparecer o ácido acético, que, combinando-se com o alcali do sub-carbonato, permitia a exalação do ácido carbônico. A dificuldade de resolver o problema da hematose, provada pela mesma multiplicidade das teorias, algumas tão diversas de outras em seu fundo, provinha seguramente da falta de perfeito conhecimento da composição do fluido a arterializar-se, e também dos fenômenos da decomposição orgânica, que completa a assimilação. Com efeito, a necessidade de explicar o aparecimento do ácido carbônico expirado, era o grande escolho da respiração, acreditando os fisiologistas que sua formação era devida ao oxigênio imediatamente inspirado: por isso, para descobrir a incógnita do problema, é de manifesta conveniência conhecer previamente: primeiro, se o gás ácido carbônico e o gás oxigênio existem no sangue; segundo, se só o ar atmosférico ou se também outros gases podem fazer aparecer o ácido carbônico; terceiro, se a respiração dos animais do sangue frio noutro qualquer gás pode dar esse produto. O primeiro quesito recebe da experiência uma resposta afirmativa. Com o socorro da máquina pneumática, Voguel, Brande e Home demonstraram a presença do ácido carbônico no sangue venoso. Pela sua agitação com um gás qualquer, ou atravessando-o com uma corrente gasosa de azoto ou hidrogênio, por exemplo, como fizeram Hoffman e Stevens, obtém-se o ácido carbônico. Finalmente as experiências de Magnus evidenciaram a sua presença no sangue venoso, assim como no arterial, e também a do oxigênio em ambos, mas em muito maior quantidade no ultimo. As citadas experiências de Hoffman e Stevens dão igualmente afirmativa solução do segundo quesito. O terceiro parece ter uma igual em longa serie de experiências. Edwards imergiu uma rãs em gás hidrogênio, onde a conservou por oito horas e meia; durante esse tempo ela exalou 1,49 de polegada cúbica; o que parece exagerado, porque no mesmo espaço a exalação é menor no ar atmosférico. Collard de Martigny, imergindo as rãs em azoto, tendo previamente o cuidado de comprimir-lhes os pulmões e o laringe, e mudando de duas em duas horas o azoto da experiência, colheu um resultado pouco menor, pois que entre outras, uma, conservada no azoto por oito horas e meia, exalou 1,31 de polegada cúbica de ácido carbônico. Experiências análogas de Bergeman e Muller averiguaram a exalação do ácido carbônico, posto que em menor quantidade. Eles purificaram o hidrogênio, já com o álcool, já com a potassa caustica, comprimiam antes os pulmões das rãs, e punham-nas no hidrogênio contido numa campana repousando sobre mercúrio; e constantemente houve exalação. - Podia-se |