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As três etapas da vida do Rancho 1 - A primeira etapa (1955-1962) Se a uns coube a honra de dar início ao Rancho e constituí-lo como tal, a outros coube a responsabilidade de lhe dar continuidade dentro de uma craveira não menos digna e honrosa, e essa missão coube ao saudoso Sr. Professor Joaquim Nunes Rodrigues. foi sob a sua direcção entre 1956 e 1962, que o grupo atingiu um alto nível artístico, pisando os palcos mais importantes do país em manifestações do seu género. Ao consultarmos a correspondência trocada entre o Prof. Rodrigues e amigos Pedroguenses radicados em Lisboa, nomeadamente com o Sr. Alves Baptista, grande divulgador do grupo, podemos constatar as dificuldades de toda a ordem que tiveram de ser vencidas para manter o agrupamento vivo. Enquanto o Prof. Rodrigues esteve à frente do Rancho, soube dirigi-lo com acerto, apresenta-lo com dignidade, procurando sempre levá-lo mais longe possível. foi assim que durante esses anos os componentes viajaram e conheceram locais, que de outra forma não já mais teriam a oportunidade de visitar. Eu próprio, então muito jovem, tenho recordações inesquecíveis desses tempos; como perduraram certamente na memória de todos os elementos que constituíam o Grupo, as primeiras viagens a Lisboa e aquelas noites fabulosas, vividas no salão da Casa das Beiras, rodeado do maior calor humano. Mil e um aplausos no final de cada número exibido ou chuva de moedas e rebuçados sempre que os dois pares mais jovens terminavam os dois ou três números que dançavam sozinhos. Bons lanches, estadia e passeios pela capital, muitos deles da conta do nosso conterrâneo e amigo Sr. Angelo Pereira, e carinho a rodos da parte dos Pedroguenses, que apareciam em todos os sítios onde o Rancho se exibia. O divertimento que foi a participação nos corsos do Carnaval do Estoril. A maravilhosa viagem ao Minho, ao 2º festival de folclore de S. Trocato - Guimarães, onde participamos por intermédio do nosso conterrâneo e também grande amigo Sr. Manuel Ramos, que nos recebeu esmeradamente na sua quinta. A maneira afável como convivemos com um grupo Holandês, na feira da agricultura de Santarém, onde a estatura das raparigas e o seu comportamento liberal e desinibido (para a época e para nós - pois até fumavam) nos impressionavam sobremaneira. Estes são factos, que foram intensamente vividos por todos aqueles que constituíam um grupo "já afamado", como nos tratava a imprensa e os programas festivos de então. Rancho foi noticia em quase todos os órgãos de comunicação da altura: jornais, revistas, radio, e até televisão, divulgaram junto do grande público as nossas danças e cantares. Após a gravação na Emissora Nacional, com que ansiedade se aguardou a transmissão e com que emoção ela foi ouvida; ou como estava superlotado o café Cabril em Pedrógão Pequeno, enquanto se assistia ao programa televisivo com as filmagens realizadas nos estúdios da R.T.P.. Para que tudo pudesse ser uma realidade, muita gente colaborou nesta primeira fase. Aqui deixamos os nomes de todos os que nela participaram que tivemos conhecimento, apresentados por ordem cronológica da sua passagem pelo agrupamento, bem como, e com o devido respeito, o nome popular por que cada um era conhecido. Dançarinos: João Antunes Alface (João Praxedes) António do Sacramento Freire (António Guerra) José Fernandes (Zé Cantrino) José Fernandes Nunes (Zé Rato) Júlio Martins (Júlio da Catraia) Manuel Antunes (Manuel das Carvalhas) Manuel Henriques Fernandes (Manuel da Boiça) Manuel Nunes (Sacristão da Graça) Domingos Ferreira da Silva (Domingos do Casal) Américo Fernandes Luís (Américo do Relveiro) ... Os restantes nomes serão colocados oportunamente! Foram ensaiadores a Sr.ª D. Maria do Carmo Antunes Reis e o saudoso Sr. José da Cunha Marques Medeiros, que também colaborava na parte musical como maestro. Por indicação do Prof. Rodrigues, foi escolhida para madrinha do Rancho, a menina Maria Teresa Figueira Lima da Silva. Nos primeiros anos eram os componentes todos adultos, muitos deles irmãos, e na sua maioria na casa dos vinte anos, de que resultaram alguns casamentos entre os pares de dançarinos: Isilda - João Alface, Celeste Rei - António Ambrósio, Maria Fernandes da Silva - José Pinheiro e Maria Angela Martins - José Antunes. Será de realçar a maneira franca e bem disposta, como estes rapazes e raparigas colaboravam no grupo, pois a maioria deles trabalhavam no campo, de sol a sol, elas quase sempre cantando ( o que já não acontece hoje ) e, chegada a noite, era mais que justificado um bom descanso. mas não, fazendo alguns quilómetros a pé, lá vinham eles para os ensaios, onde davam o melhor do seu esforço justificando o credito e a esperança neles depositados; demonstrando também uma força de vontade e um espirito de trabalho, muito superiores aos actuais. Um senão que deverá ser apontado, até pelos embaraços que causava, era o de alguns elementos, por vezes, abusarem do excesso de bebida. Damos de seguida notícia da maior parte da actuações do rancho durante esta fase, que em Maio de 1962 contava já contava com 46 exibições: 1955 - Casa das Beiras - 4/6 1956 - Casa da Beiras (UAPP) - 8/12 1957 - Festas da cidade de Castelo Branco - 14/7 - Festas dos Bombeiros da Sertã - 9/8 1958 - 1.º Grande Festival Nacional de Folclore de Lisboa - 24 a 28/6 - Festas de Verão de Cernache do bom jardim - 23 a 25/8 - Festas de S. Sebastião no Cabril - 21/9 - Gravação no Rádio Clube Português - 8/11 - Casa das Beiras - 8/11 - Gravação na RTP - 9/11 - Jornal "O Século" - 24/6 - Jornal "Diário de Notícias - 24/6 - Jardim zoológico de Lisboa ... Os restantes serão colocados oportunamente! |
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