Aqui eu divulgarei algumas das minhas reflexões. De quando em vez eu gosto de escrever sobre algum tema. Se você também gosta e quizer me mandar seu texto para eu divulgar aqui, por favor me mande que será um prazer.
No início do namoro
tudo era sonho, encanto, fantasia, agrados, sorrisos e paixão.
O fogo da paixão nos
levou ao casamento.
Logo no dia do casamento,
antes mesmo que ele acontecesse, tive meu primeiro contato com a "realidade":
percebi, ainda que sutilmente, alguém querendo me "controlar".
Casamos num apartamento. Sendo que o apartamento foi de um hospital de
Morada Nova, pois justamente neste dia você sofreu um acidente de
moto.
Eu, e pelo que observo, os
homens da minha geração em geral, fomos educados com excesso
de liberdade: brincando nas ruas, podendo chegar bem tarde em casa e com
pouca responsabilidade. As mulheres foram criadas mais dentro de casa,
ajudando as mães, estudando e estimuladas e pensar num bom casamento.
Foram duas educações bem distintas e a do homem não
ajuda em nada para que um dia ele venha a compartilhar algo, muito menos
toda a sua vida. Por conta disso tive que me reeducar e este processo ainda
não parou.
Nestes dez anos de casados
muita água rolou. Tivemos momentos muito difíceis e também
bons momentos. Temos dois maravilhosos frutos: Tiago e Elias.
E hoje, como andam as coisas?
Não vivemos atualmente num mar de rosas. Mas as coisas andam razoavelmente
estáveis.
Para dar uma ideia há uns dois anos atrás
eu não teria inspiração para escrever isto que estou
escrevendo, pois o clima não "deixava".
Fico sinceramente contente
com o ar que se respira hoje em nosso lar. Gosto de sentir e ouvir que
você é feliz e também de saber que eu contribuo para
isso. Gosto de você como mãe dos meus filhos e também
gosto de você como pessoa e como esposa.
Coincidentemente estamos hoje
no dia dos namorados. Eu não gosto destas datas, juntamente com
toda a sua exploração.
Foi pura coincidência mas como você
gosta...
Em geral nós homens
somos bem casados, mas com as mulheres não sucede o mesmo. Tenho
percebido, sem nenhuma facilidade, que sou o principal responsável
pelos nossos grandes desentendimentos e isto é bom pois basta apenas
que eu mude. Mas foi e é muito difícil pois primeiro precisei
perceber isso. Depois de perceber, mudar não é nada fácil.
Quanto a quem dos dois tem
culpa não é o caso. O mais importante é que não
cheguemos a perder o respeito e a vontade de viver em harmonia. Estou fazendo
um trabalho duro nesse rumo.
Mas afinal de contas de quem
estou falando?
Da dona Fátima Evangelista
Ferreira, minha esposa.
Obrigado dona Fátima,
por ser a parceira da minha vida. Farei por merecer.
Ribamar Ferreira de Sousa
ribafs@yahoo.com
Todas as manhãs de segunda
à sexta eu levo o Tiago à escola. O Tiago é o meu
filho mais velho, que tem 8 anos e está cursando o terceiro ano.
Acordo aproximadamente às
6 horas e tenho até às 6:30 horas para organizar tudo e então
acordar o Tiago.
Inicio pelas roupas e sapatos,
que deixo sobre o sofá, sendo a minha num braço deste (mais
distante) e a dele no outro braço.
Agora vamos aos livros (caso
ainda não tenham sido organizados no dia anterior). Organizo e deixo
já próximos às roupas.
Os óculos. Limpo e
deixo sobre a bolsa dos livros.
Depois disso tudo, normalmente
são 6:30. Hora de acordar o garotão. Esta é a parte
que acho mais interessante. Chego de mansinho à cabeceira da cama
dele:
"Tiago, tá na hora, amigo!". Normalmente
ele nem se mexe nesta primeira chamada.
"Tiago, levanta meu amigo!". Ele se vira e boceja,
enquanto eu me lembro de minha época, quando a minha mãe
me chamava e eu realmente sem disposição dava muito trabalho
para acordar. Bem, então deixa o Tiago acordar sem pressa. Já
se passaram uns 5 minutos e devemos ir andando. Lembro que tenho umas moedas
para dar a ele e tenho vontade de usar as moedas para que ele acorde mais
rápido. Mas eu reflito um pouco e resisto e resisto à tentação,
pois jamais gostaria de estimulá-lo a ser alguém que faz
algo interessado no que irá ganhar. Darei as moedas apenas somente
após ele levantar.
"Tiagão, temos que
ir amigo!" Isto sempre em voz baixa, em tom amigável, pois sinto
muito, realmente muito amor por este camaradinha. Ele se vira novamente
até que acorda e o ajudo a calçar as sandálias (ainda
meio sonolento).
Ao entrarmos no banheiro eu
acendo a lâmpada para ajudá-lo a despertar. Ele urina e escovamos
os dentes (sua escova e pasta já está ao lado da minha).
Agora vamos merendar. Pego
nossos copos, coloco sobre a mesa. Ele senta e espera. Já cheguei
a querer que ele me ajudasse nesta tarefa mas desisti pois o tempo é
curto (ele faz mais devagar). Merendamos e vamos nos vestir.
Nos primeiros dias do ano
anterior eu sugeri uma disputa: quem se vestia primeiro. Isto foi algo
muito interessante, pois ao invés de estimular uma competição
acirrada entre nós, gerava situações onde eu o percebia
me esperando, para que eu ganhasse, já que ele havia ganhado ontem.
Uma coisa maravilhosa o relacionamento humano. Meu amigo Tiago não
está tão ligado em ganhar, é meu amigo.
Terminamos. Agora vamos à
escola. Descemos e vamos até o colégio. Ao chegar ao colégio,
eu o deixo na porta, o beijo e ele me beija. Algo que sempre me vigiei
foi por fazer coisas automáticas, somente por fazer. Quando eu o
beijo, eu o faço realmente transmitindo carinho e amor. Sinto que
ele também gosta disso. Certo dia, neste ano, desconfiei que ele
não queria mais que eu o beijasse. Caso isso fosse verdade
eu realmente deixaria de fazer, pois não quero constrangê-lo.
Ao perguntar sobre isso ele me diz que não, que gostava ainda que
eu o beijasse. Fico contente, pois ele não sente vergonha disso
frente aos coleguinhas, que normalmente são "machos" e não
beijam o pai.
Ribamar Ferreira de Sousa
ribafs@yahoo.com
Diálogos com o Elias
Neste número gostaria de refletir um pouco sobre o relacionamento entre adultos e crianças na fase antes de falar. Uma crença bem popular é a de que crianças com essa idade não falam e consequentemente não se comunicam conosco. Acredito que esta crença tem como seu grande aliado o desinteresse pela criança. Não sou especialista em nenhuma área relacionada à criança, mas sou um pai que tem um grande interesse pelos filhos e pelo ser humano em geral.
Elias é um grande amiguinho meu, que também é filho e que completou recentemente um ano de vida.
Desde bem cedo, com a intenção de saber o que ele queria me dizer, eu acompanhava seus olhinhos e especialmente quando se concentravam e intensificavam o brilho. Quando percebia que estes paravam fitando algo, eu proporcionava o alcance. Com o tempo fui percebendo que antes mesmo que de sua boca começasse a emitir qualquer som, seus olhos já me falavam.
Passando-se o tempo (que aqui mede-se em dias e meses apenas), ele “percebeu” que quando mira algo eu o levo até o alvo mirado. Então inicia-se outra fase: ele olha para um objeto e em seguida olha para mim, querendo reforçar seu “pedido”.
Então ele começa a soltar algumas palavras que podem ser interpretadas como as nossas e que apenas o papai entende e traduz para os outros. Nesta fase ele também inicia uma outra forma de comunicação, esta bem mais eficiente: estender a maozinha em direção ao que deseja. Esqueci de mencionar que desde cedo ele utilizava uma forma de comunicação muito eficiente, mas apenas quando todas as outras não funcionavam: o choro, que no caso do Elias normalmente é um grito e bem forte.
Não se suponha que eu sou daqueles pais que para não verem o filho chorando fazem qualquer coisa. Não, reconheço a importância do Não para o ser humano. Nessa idade do Elias aprendi um princípio de psicologia infantil que muito tem me ajudado: ao invés de simplesmente dizer não, impedir algo, ofereça algo diferente em troca, pois normalmente a criança somente consegue se concentrar em uma de cada vez. Este pode ser um grande aliado de quem lida com crianças. Isto também deve acontecer quando ele for maior, sempre oferecer pare ele alternativas para que deixe de fazer algo. Isso demonstra respeito pelo filho, estou tirando mas estou te oferecendo algo e algo bom em troca.
Neste momento ele dorme ao lado de sua mãe, após ter dado um de seus gritos “chamando” por ela, para que fique ao seu lado. Dorme meu amigo. Ôpa, aqui do lado também dorme um outro amigo, o Tiago e já está na hora de acordá-lo para irmos à escola. Até a próxima.
Ribamar FS
ribafs@yahoo.com
Esperando o seu ... :)