DISCIPLINA DE EPIDEMIOLOGIA
1998/1999
1. CORPO DOCENTE E RESPECTIVAS FUNÇÕES
Regente da Disciplina:
Prof. Doutor Amílcar Augusto (Professor Auxiliar Convidado)
Coordenador das Aulas Práticas:
Dr. Rui Maio (Assistente)
Outros Docentes
Prof. Doutor João Amado (Professor Auxiliar)
Dr. Fernando Cardoso (Assistente Convidado)
Drª Maria Eduarda Matos (Técnica Superior)
2. OBJECTIVOS PEDAGÓGICOS
2. 1 - Objectivos gerais:
a) explicar os princípios etiológicos dando particular importância aos factores ambientais susceptíveis de modificação;
b) promover a aplicação da epidemiologia na prevenção da doença e promoção da saúde;
c) promover uma prática clínica e de saúde pública de qualidade através da introdução dos conceitos da epidemiologia;
d) demonstrar a importância da aplicação dos métodos epidemiológicos ao diagnóstico da situação de saúde das comunidades e à elaboração de hipóteses alternativas para a resolução dos problemas detectados;
e) estimular um interesse contínuo pela epidemiologia.
2.2 - Objectivos específicos:
2.2.1 - Os alunos devem ser capazes de demonstrar que conhecem:
a) a natureza e os usos da epidemiologia;
b) a abordagem epidemiológica para definir e medir a ocorrência de estados relacionados com a saúde/doença em populações humanas;
c) as possibilidades e limitações dos diversos estudos epidemiológicos;
d) as formas de estudar a causalidade (etiologia);
e) os contributos da epidemiologia na prevenção da doença, promoção da saúde e no desenvolvimento de políticas de saúde;
f) o contributo da epidemiologia na prática clínica incluindo a análise crítica desta;
g) o papel da epidemiologia na avaliação da eficiência e eficácia dos cuidados de saúde.
2.2.2 - Os alunos devem adquirir uma variedade de aptidões que incluem a capacidade de:
a) descrever as principais causas de morte e incapacidade na comunidade;
b) indicar o tipo de estudo adequado a dar resposta a questões específicas relativas à etiologia, história natural, prognóstico, prevenção e avaliação de terapêuticas;
c) analisar, criticamente, a literatura científica.
d) integrar e aplicar os conhecimentos e métodos da epidemiologia com os de bioestatística e tecnologias da informação.
3. PLANO DE AULAS
3.1 - Curso Teórico
I - INTRODUÇÃO AO CURSO
A Epidemiologia e o seu contexto histórico; definição e âmbito; contributos da Epidemiologia. Epidemiologia Clínica.
II - DESCRIÇÃO DA DOENÇA NA COMUNIDADE
1. Diagnóstico Comunitário
Problemas nacionais; problemas regionais; tendências; grupos de alto risco; definição de prioridades.
2. Fontes de Informação: Estatísticas de Rotina
2.1 Estatísticas populacionais (demográficas); estatísticas de mortalidade (geral e ocupacional); estatísticas de morbilidade (hospitalares, da clínica geral, da segurança social, notificações, registos, outras fontes); interligação da informação. Referência às fontes existentes.
2.2 Os registos de cancro. Sistemas de garantia da qualidade. Os registos de cancro e a investigação epidemiológica e clínica.
3. Fontes de Informação: Estudos/Inquéritos
Definição de caso; controlo da qualidade (reprodutibilidade e validade); tipos de estudos (simples descritivos, transversais e estudos populacionais longitudinais).
4. Métodos de Descrição
Números e taxas; prevalência e incidência; distribuições geográficas (incluindo padronização de taxas por idade/sexo); distribuição no tempo (tendências seculares e cíclicas); características dos indivíduos (idade, sexo, nível socio-económico, profissão/ocupação).
III - PREVENÇÃO DA DOENÇA
5. Etiologia
Estudos descritivos (distribuições etárias, temporais e geográficas); estudos analíticos (caso-controlo e de coorte; selecção do grupo testemunha; interpretação dos dados; correlação; testes de significância; interacção de causas). Os três eixos da investigação epidemiológica.
6. Avaliação de medidas preventivas
Necessidade de avaliação objectiva da eficácia; estudos de observação com e sem grupos de controlo; estudos experimentais; experiências para testar hipóteses etiológicas.
IV - EPIDEMIOLOGIA E CUIDADOS MÉDICOS
7. História Natural e Prognóstico
Limitações da experiência clínica (selecção dos casos, seguimento incompleto); estudos clínicos de "follow-up" (selecção dos casos e sua comprovação; estudos piloto; registo dos dados; seguimento dos casos). Métodos de descrição do prognóstico (taxas de letalidade e de sobrevida). Interligação de registos. As fases pré-clínicas da doença.
8. Rastreios
Os rastreios na prática clínica; rastreios de massa; validação dos exames de rastreio; avaliação de um serviço de rastreio.
3.2 - Aulas Práticas
Tipo-A (Exercícios sequenciais tipo "Milton Terris")
01. Epidemiologia e cuidados de saúde: Tétano neonatal
02. Indicadores de saúde
03. Taxas de mortalidade e morbilidade
04. Indicadores demográficos
05. Avaliação dos métodos de diagnóstico
06. Padronização de taxas
07. Saúde Ambiental: O grande nevoeiro de Londres
08. Epidemiologia das doenças transmissíveis: Sarampo
09. Epidemiologia de uma "doença nova": Fibroplasia retrolenticular
10. Epidemiologia das doenças ocupacionais: Cancro do nariz.
11. Epidemiologia das doenças cronico-degenerativas: Tensão arterial e cardiopatia isquémica
12. Epidemiologia Ambiental: A intoxicação pelo chumbo.
Tipo-B (Integração de conhecimentos e métodos da epidemiologia com os de bioestatística e tecnologias da informação)
01. Tipos de estudos epidemiológicos
02. Estatística descritiva em epidemiologia
03. Medidas epidemiológicas
04. Distribuição gaussiana
05. Análise do risco
06. Métodos epidemiológicos e amostragem
07. Investigação epidemiológica
08. Correlação e regressão
09. Razões, taxas e contagens
10. Análise de sobrevivência
11. Estatística inferencial
12. Revisões de epidemiologia e bioestatística
3.3 - Monografia / Preparação dos Trabalhos na Comunidade
No presente ano lectivo os alunos deverão elaborar pequenas monografias de revisão de um tema epidemiológico de interesse para a sua actividade profissional, focando, sempre que possível, temas com interesse a nível nacional. Esta componente visa a valorização curricular e a melhoria da respectiva classificação final e poderá servir de suporte teórico ao trabalho na comunidade a realizar na Disciplina de Saúde Comunitária (3ºano).
Os alunos poderão trabalhar individualmente ou constituir-se em grupos de trabalho, os quais não poderão exceder 4 alunos.
O trabalho elaborado é obrigatoriamente apresentado por escrito, até ao dia 12 de Maio, devendo ser sucinto e claro e não ultrapassar as 2500 palavras (cerca de 5-6 páginas A4 dactilografadas a um espaço).
Nota importante: A indicação dos temas dos trabalhos e a constituição dos respectivos grupos, deve ser feita, por escrito ao regente, até 14 de Abril.
O trabalho consiste, essencialmente, na revisão da bibliografia mais relevante de um dado tema (por exemplo: cancro do pâncreas e consumo de café; a epidemiologia da tuberculose e principais grupos de risco, etc.). Uma boa revisão deverá responder sempre a uma boa questão, a qual deve ser formulada claramente no início do trabalho. Actualmente, uma das bases para uma boa revisão é a utilização criteriosa dos meios automáticos de pesquisa bibliográfica, disponíveis em algumas bibliotecas, em serviços de apoio da indústria farmacêutica ou, ainda, na Internet.
De acordo com os temas seleccionados, são partes fundamentais da monografia - a definição do problema em estudo; os trabalhos mais relevantes, incluindo a literatura científica mais recente; a análise crítica e discussão de metodologias, resultados e conclusões dos estudos seleccionados, bem como, quando disponíveis, os dados de estatísticas nacionais e internacionais.
No final do trabalho os alunos devem demostrar que ficaram a saber "tudo" sobre o problema epidemiológico que estudaram, ao mesmo tempo que são capazes de identificar as principais falhas de informação existentes e apresentar propostas de futura correção das mesmas.
4 - BIBLIOGRAFIA
4.1 - Livros de texto recomendados:
Barker,D.J.P. e Rose,G.: Epidemiology in Medical Practice (4ª edição). Churchill Livingstone, Edinburgh: 1990.
Beaglehole,R., Bonita,R., Kjellstrom,T. Basic Epidemiology. World Health Organization. Geneva: 1993.
Rothman, Kenneth: Modern Epidemiology. Little, Brown and Company. Boston, 1986.
Mausner e Bahn. Introdução à Epidemiologia. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: 1990.
4.2 - Outros livros de texto:
Kramer, Michael S.: Clinical Epidemiology and Biostatistics. A primer for clinical investigators and decision-makers. Springer-Verlag. Berlin: 1988.
Hennekens, Charles and Buring, Julie: Epidemiology in Medicine. Little, Brown and Company. Boston, 1987.
Altman, Douglas: Practical Statistics for Medical Research.Chapman and Hall. London, 1991.
Ahlbom, Anders and Norell, Steffan: Introduction to Modern Epidemiology (2ª edição). Epidemiology Resources Inc. 1990.
4.3 - Outra bibliografia de leitura aconselhada: será indicada conjuntamente com cada sumário.
4.4 - Estatísticas da Saúde disponíveis na biblioteca do ICBAS:
Direcção Geral dos Cuidados de Saúde Primários / Direcção Geral da Saúde
1. Saúde em Números, vários anos.
2. Risco de Morrer em Portugal (vols. I e II), vários anos.
3. Doenças de Notificação Obrigatória, vários anos.
4. Mortalidade Infantil em Portugal, vários anos.
Departamento de Estudos e Planeamento da Saúde (DEPS)
Elementos Estatísticos: Saúde/93 e outros anos.
Portugal Saúde, vários anos.
Inquérito Nacional de Saúde - 1987. Vários volumes e anos.
Atlas do Cancro em Portugal (1980-1982) (Autores: L.Cayolla da Motta e J. Marinho Falcão). 1987.
Registos Oncológicos Regionais (Norte, Centro e Sul)
Notas informativas e relatório anual, vários anos.
Centro de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis (Instituto Nacional de Saúde Dr.Ricardo Jorge/Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA)
1. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, vários anos.
World Health Organization
1. World Health Statistics, vários anos.
2. World Health Statistics Quarterly, vários anos.
4.5 - Outros elementos estatísticos de interesse:
Instituto Nacional de Estatística
1. Estatísticas da Saúde, vários anos.
2. Estatísticas Demográficas, vários anos.
5 - AVALIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS
A avaliação final resulta das classificações obtidas nas seguintes componentes:
1. Prova de avaliação de conhecimentos - exame final (A)
2. Monografia (B)
1. Componente-A
Nos períodos previstos no calendário escolar, realizar-se-á um exame escrito englobando toda a matéria, com secções tipo resposta múltipla e de desenvolvimento de temas. Nesta componente é exigida a nota mínima de dez valores.
2. Monografia (componente-B) (ver secção 3.3)
A monografia será classificada de 0 a 20 valores. Nesta componente é exigida a nota mínima de dez valores.
Classificação final
A classificação final é a média das classificações obtidas nas componentes A e B.
6 - HORÁRIO DE ATENDIMENTO
2ª feira - 12-13.00 horas
4ª feira - 12-13.00 horas
Porto, 22 de Fevereiro de 1999,
O Coordenador
(Prof. Doutor Amílcar Augusto)
Guião da disciplina de epidemiologia - apêndice
I. – A monografia referida no ponto 3.3 do guião da disciplina poderá, no corrente ano lectivo e por sugestão do docente Dr. Rui Maio, ser substituída, para os alunos que o desejarem, por um trabalho de investigação sobre problemas relevantes de saúde / doença.
Cada trabalho será realizado por um conjunto de três alunos que poderão utilizar uma amostra de conveniência constituída pelos elementos das respectivas turmas do 2º ano de Medicina. Na data prevista no guião, cada aluno apresentará individualmente o trabalho, numa das seguintes modalidades:
N.B.: Para cada trabalho de investigação são exigidas as três modalidades. O apoio docente está garantido.
II. Os alunos que o desejarem poderão apresentar (individualmente), na parte final das aulas teóricas, uma breve comunicação de síntese sobre um tema de epidemiologia (exemplos na lista anexa). Esta opção poderá valorizar a classificação final na disciplina. O material resultante desse trabalho poderá ser posteriormente distribuído pelos restantes alunos.
Porto, 1 de Março de 1999,
O responsável pela disciplina
Disciplina de Epidemiologia (ICBAS – 1998/1999)
Temas para os alunos (ver apêndice ao guião)
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