Maturidade
QUESTÃO DE MATURIDADE
Imediatismo - Os imaturos são imediatistas. Querem que tudo aconteça aqui e agora, sem se interessarem pelas relações entre meio e fim.
Caráter mitológico - apresentam pensamentos fantásticos, sem uma percepção da realidade. Acreditam nas realizações miraculosas, por "varinhas mágicas" e outros encantamentos.
Onipotência - São mandões e bastante exigentes. Acreditam em suas capacidades sem percepção das limitações mais óbvias.
Inveja - São bastante invejosos. Com freqüência depreciam ou idealizam as coisas alheias.
Incapacidade de julgamento - Não se julgam bem e nem aos outros. Apresentam-se com o comportamento infeorizado ou com aparente superioridade. Não conseguem a sobriedade de um julgamento imparcial.
Fixação de modelos - Elegem seus ídolos e não os perdem de vista. Seguem-nos inexoravelmente.
Caráter dependente - São presos à família e aos padrões sociais, não tendo uma autonomia funcional. São mais ou menos robotizados.
Submissão - Tais indivíduos podem submeter os outros do meio ambiente, com menos experiências de domínio, quando na realidade são presos a esquemas tradicionais. Ser também muito submisso enquadra-se no mesmo esquema.
Ingratidão - São ingratos e freqüentemente procedem com uma reação negativa ou contra aqueles que os ajudam.
Incapacidade de bons e duradouros relacionamentos - Ou são amigos ou inimigos de todo mundo. São dos extremos e quaisquer relacionamentos são muito fugazes.
Necessidade de admiração e valorização constantes - Freqüentemente vivem cobrando das pessoas suas ações por mais irrisórias e ridículas que posam ser. O pagamento constante também acaba dando na mesma.
Incapacidade de amar - Só querem ser amados, e muito. Não conseguem a reciprocidade. Freqüentemente são fixados em determinadas pessoas e não conseguem se libertar.
Não aceitação do seu "eu" e o das outras passoas - Estão permanentemente insatisfeitos com suas propriedades, o mesmo acontecendo com relação às outras pessoas.
Ambição desenfreada ou o extremo oposto - Ou querem tudo ou não querem nada.
Sexualmente egodistônicos - Neste aspecto Freud faz uma brilhante descoberta que precisa ser relembrada. A personalidade, embora tenha lados, não tem formas e nem sexo definidos. É uma amálgama de bissexualidade. Os indivíduos bem estruturados, egossintônicos têm a sexualidade equilibrada entre o "masculino" e o "feminino". Os imaturos freqüentemente situam-se nos extremos. Tanto os extremos de heterossexualidade quanto os de homossexualidade não conseguem relacionamentos satisfatórios sexuais ou de amizade com ambos os sexos.
Egoísmo- Nada têm a dar aos outros, nem mesmo os próprios sentimentos.
Ausência de uma filosofia de vida - Está aí um caráter que nos convida a pensar muito. Naturalmente que no cenário da mente novas crenças podem surgir a quaisquer momentos. Mas isto só, não explica a transformação da personalidade que pode deixar de ser imatura e a qualquer momento amadurecer. O imaturo não tem uma coerência interior imediatamente relacionada com as transformações do meio que taxativamente não cessam. Poderíamos dizer que o mundo continua e ele fica parado. Não há uma unificação dos processos mentais. A filosofia de vida não é uma meta estabelecida para a existência, é antes de tudo um "modus vivendi".
Falta de condição de abstração (ab-trahere = trazer de fora) - Isto decorre da falta do caráter precendente. O mundo do imaturo é o das coisas palpáveis. Ele é movido por interesses simples e imediatistas. Não sabe usar "Se" (se eu, se você, se isto, etc.) de modo compatível com a sua realidade e com a do mundo.
Sem abstração não posso posicionar as pessoas e as coisas dentro de mim. Não posso conjugar o verbo integralmente utilizando as formas pronominais "Eu" - "Tu" - "Ele", numa interconversão dinâmica como é o mundo. O imaturo é dividido - Não é capaz de considerar, compadecer, conformar e enfim, compreender (atentemos para o prefixo "com").
Medo de sofrer ou de crescer - As expressões, maturidade e imaturidade também se relacionam com o que ordinariamente se conhece como comportamento da criança e do adulto respectivamente. Por isto se admite que os motivos amadurecem com as pessoas. Amadurecendo ou não os motivos, substituindo velhas crenças por crenças novas, de qualquer forma o comportamento da criança é um e o do adulto é outro. Interessante e de relevo é que embora a cultura possa ter influência nesse comportamento não é um fator decisivo. O mesmo pode se dizer com relação à idade. Há velhos cultos e imaturos, podendo haver jovens de baixo teor cultural e com acentuados traços de maturidade. Fatores constitucionais e experiências vividas parecem ser os determinantes. Embora eu questione a necessidade de sofrimento para atingir um certo grau de maturidade, penso que dificilmente sem algum sofrimento, alguém possa deixar de ser criança.
Caráter tendente à racionalização e à mentira - São freqüentemente enganadores e auto-enganadores.
Esses caracteres estão interrelacionados. Os extremos opostos, são frequentemente aquivalentes. A personalidade madura nem sempre ocupa uma posição de meio, ajustada ou equilibrada. Naturalmente os caracteres primários nunca devem desaparecer, contudo são ativamente suprimidos, e não espontaneamente como acreditam muitos moralistas e otimistas. Na personalidade madura o que mais se evidencia é a coerência dos propósitos.
Texto de David Willis, apontando e considerando os critérios das pesquisas de Maslow, G.W. Alport, Bertrand Russell, Adler, Jung, Melanie Klein e Sigmund Freud.
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