Medicina e Terapias Alternativas
O PAPEL DA MEDICINA E DAS TERAPIAS ALTERNATIVAS NA BUSCA DO EQUILÍBRIO
"O critério de uma terapia sempre consiste na pergunta: O que a doença está tentando ensinar ao paciente?
O que é que a pessoa ainda tem que aprender?...
Para que uma terapia possa curar, ela deverá substituir o processo do aprendizado objetivado pela doença".
(Thorwald Dethlefsen em "O Desafio do Destino")
Há pouco mais de dois anos, num comercial veiculado por uma conhecida empresa médica que
comercializa planos de saúde, uma voz em "off" anunciava: "Em toda história do homem, poucas coisas
evoluíram tanto quanto a Medicina...", no que era acompanhada por efeitos de computação gráfica, que
buscavam dar uma idéia simbólica desse progresso, partindo de imagens que comparavam a rusticidade do
passado com a moderna tecnologia do presente. Foi, sem dúvida, uma publicidade marcante em função das
imagens contrastantes, mas que encerrava uma afirmação falsa, pois caberia aí perguntarmos, mais uma
vez comparando com o passado: O número proporcional de doentes no mundo diminuiu? As doenças
incuráveis acabaram? O bem estar físico-espiritual do homem moderno aumentou?...
Em todas essas questões a resposta é: "Não!".
Na verdade, este comercial estava fundamentado no pressuposto de que a evolução da Medicina está nas
máquinas, nos equipamentos, nos meios tecnológicos e nas incontáveis drogas com que hoje conta o
homem moderno; no entanto, recentes pesquisas mostram que, a despeito de toda essa parafernália, em
plena véspera do Terceiro Milênio, temos o mesmo número proporcional de doentes que sempre houve no
passado, o mesmo número de doenças incuráveis, o mesmo número de epidemias, com outros nomes e
outros vírus, mas ainda assim incuráveis.
O grande problema da Medicina ortodoxa é que, na busca de uma especialização cada vez mais eficiente,
ela perdeu, há muito tempo, a vista da totalidade do ser humano. O homem, para a Medicina convencional,
é um complexo "quebra-cabeça" composto de partes, cuja interligação global é desconsiderada. Além
disso, a Medicina moderna parte do pressuposto que a doença é algo ou vindo de "fora" do homem, como
conseqüência da ação de bactérias e microorganismos, ou então o resultado de uma imperfeição da
natureza, colocando, em ambos os casos, o doente como uma vítima das circunstâncias. Esta é a principal
falha da abordagem tecnicista da doença.
O doente não é vítima inocente de alguma imperfeição da natureza ou de alguma condição insalubre, mas
sim o autor da sua doença. Um homem não "pega" uma doença: o homem "faz" a sua doença. Se,
porventura, podemos culpar bactérias ou toxinas que impregnam nosso ambiente, podemos dizer também
que todos os seres, de certa forma, estão expostos aos mesmos germens e venenos. Nosso mundo é
inteiramente insalubre ou inteiramente puro: nós atraímos a insalubridade ou a pureza como reflexo do
nosso interior. Iremos recolher de fora aquilo que, conscientes ou não, levamos interiormente. O doente é
inteiramente responsável pelos seus males. Os sintomas são, em última instância, a forma física da
expressão dos conflitos e, através do seu simbolismo, têm a capacidade de mostrar aos pacientes em que
consistem seus problemas.
A Medicina ortodoxa perdeu de vista esta totalidade do ser humano, de que este é um todo composto de
corpo e alma, formando uma unidade. Os procedimentos médicos orientam-se unicamente pela eficácia e
pela funcionalidade, faltando uma "alma interior".
Este é o grande problema que nos faz meditar se a Medicina realmente reflete o inquestionável avanço da
ciência. Quando consideramos a atitude dos cientistas modernos, verificamos que algumas das mentes
mais brilhantes da nossa era estão, já há algum tempo, diante do dilema da transição. Toda ciência está se
voltando para a totalidade cósmica. Como disse Fritjof Capra no seu livro "O Ponto de Mutação", nessa nova
ciência o universo começa a deixar de ser visto como uma máquina composta por peças isoladas, e passa
cada vez mais a ser encarado como uma totalidade, onde as mínimas partes componentes não têm vida
independente do Todo... Mas a Medicina acadêmica teima em desconsiderar a totalidade do ser humano.
OS SINTOMAS: ESPELHOS DA ALMA
Na verdade, uma doença nada mais é do que uma trama simbólica, onde os sintomas mostram o que não
vai bem na alma do paciente. Essa abordagem é bastante cruel, pois os doentes têm nos seus sintomas
uma salvaguarda segura para se justificarem e obterem a compaixão dos demais. No entanto, cada sintoma
mostra de forma nua e crua o que se passa no interior do indivíduo. Refletem aquilo que não pode ser
expresso por outras maneiras, por outras vias disponíveis ao ser. Neste sentido, todos os males são
psicossomáticos - desde a espinha do adolescente ao câncer terminal do moribundo. Poderíamos
enquadrar aí também os males circunstanciais, como as decepções amorosas, as crises financeiras,
acidentes, perdas, etc.
Na vida ou no corpo, cada órgão específico tem uma função peculiar, cujo simbolismo traz mensagens que
nos permitem decodificar a verdadeira doença, que invariavelmente reside na alma. Falar que uma
vermelhidão na pele pode estar indicando a impaciência contra os limites que se impõem cotidianamente
(vermelho=conflito; pele=limites), pode parecer um delírio aos olhos da Medicina, visto que esta alergia deve
ser necessariamente explicada em termos de causa e efeito: vírus, bactérias, reações químicas, etc. No
entanto, enquanto o indivíduo continuar emocionalmente doente - lutando contra moinhos imaginários como
um Dom Quixote alucinado - sua pele continuará avermelhada, como um reflexo da agitação da alma no
corpo. Aqui, a Medicina contemporânea é bastante competente para debelar uma simples alergia como
esta, mas este enfoque localizado não vai "curar" verdadeiramente o paciente. Se o Ser interior continuar
em turbulência, com as vias de expressão bloqueadas por fatores internos ou externos, outros sintomas
específicos virão simbolizar a impaciência contra os limites: os sintomas são muito criativos !
Assim são todas as doenças e males circunstanciais, ou melhor, todos os sintomas. Como seres
humanos, imperfeitos e polarizados, estamos todos doentes. Todos portamos nossos sintomas. Não existe
uma só pessoa completamente sã neste planeta. Estar doente é conseqüência da polarização que já se
estabelece ao nascer, quando o homem deixa o seu abençoado estado de Unidade. A retomada deste
estado unificado é aquilo que as escrituras hindus denominam de Iluminação. Se soubéssemos decodificar
adequadamente todos os sintomas, quem sabe, poderíamos ter a chave da saúde perfeita, da Unificação.
Ironicamente, o único propósito da doença é nos avisar dessas partes desintegradas da alma, refletindo-as
no corpo. A doença é um amigo sincero, que tem por propósito purificar e unificar nossa alma, não se
intimidando em apontar nossos desvios. Mas na prática médica, os sintomas são inimigos aos quais se
deve eliminar.
A INTERPRETAÇÃO DOS SINTOMAS
Uma pessoa que lamenta sua doença e se contenta meramente em suprimir os sintomas através de algum
tratamento médico, jamais poderá se considerar curada verdadeiramente. Os sintomas irão voltar. Muitas
vezes de forma mais cruel e dolorosa, como se gradativamente fossem aumentando o grau da advertência.
Segundo Thorwald Dethlefsen, no seu fabuloso livro "A Doença Como Caminho", existem sete níveis
crescentes de manifestação dos sintomas. Quanto maior a resistência à auto-expressão do indivíduo, maior
a pressão exercida pelos sintomas, que irão tomando formas mais intensas como podemos ver na
seqüência apresentada por Dethlefsen:
1o Nível: Expressão psíquica (idéias, desejos, fantasias).
2o Nível: Distúrbios funcionais.
3o Nível: Distúrbios físicos agudos (sufixo "ite" - apendicite, hepatite, etc); inflamações, ferimentos,
pequenos acidentes.
4o Nível: Distúrbios crônicos (sufixo "ose" - cirrose, osteoporose, etc).
5o Nível: Processos incuráveis, modificação de órgãos, Câncer, Aids.
6o Nível: Morte (por doença ou acidente).
7o Nível: Deformações congênitas e perturbações de nascença (karma).
É interessante notar que, antes que um problema se manifeste no corpo como sintoma, ele se apresenta na
psique como um tema, idéia, desejo ou fantasia. Isso nos mostra como a repressão dos nossos anseios
pode levar à manifestação física dos sintomas. Enquanto não se curar verdadeiramente a doença da alma,
os sintomas voltarão de diversas formas, algumas bastante criativas, e nesse processo não irá ser de muita
valia culpar o vírus HIV ou um grupo de células que, a despeito de toda sinergia corporal, resolvem
desobedecer a ordem coletiva e passam a se reproduzir por conta própria, gerando um Câncer. Nosso corpo
sempre estará nos mostrando, através dos sintomas e de nossas circunstâncias de vida, aonde reside
verdadeiramente o mal. Só podemos chegar ao âmago do nosso mal interpretando detidamente os nossos
sintomas, o que significam, o que querem nos informar. E esse caminho não é fácil.
A DOENÇA É UM MESTRE
À luz do que foi dito, os procedimentos médicos são de enorme eficiência e baixíssima eficácia. A Medicina
moderna adquiriu uma enorme competência em eliminar a maioria dos sintomas e, neste sentido, dá uma
falsa noção de cura. O grande problema é que o corpo não fica doente por si. A supressão dos sintomas
não significa cura. Esta só virá com o restabelecimento da alma, das funções interiores. O ser humano é
um todo perfeitamente integrado: corpo, mente, alma e espírito. Todos os sintomas vêm revestidos de um
profundo simbolismo. Saber analisá-los e dar um sentido à sua mensagem, pode ser a chave da a
verdadeira cura, da saúde perfeita.
Talvez seja por isso que, a despeito de todo avanço, tecnologias modernas e conquistas científicas, o
número de doentes não diminuiu proporcionalmente em relação ao passado. Quando se descobrem novos
métodos de curar sintomas e doenças antigas, novos tipos de germens, bactérias e vírus surgem: a
capacidade da Natureza em criar novos males é infinitamente maior do que a capacidade da Medicina em
lidar e suprimir os que já existem. E esta luta permanente, que tem o corpo do doente como arena, parece
não ter fim. A cada vitória sobre um mal se seguem outros tantos, renovados, mais poderosos, mais
desafiadores. Cura-se a sífilis e surge a AIDS. Elimina-se um gérmen e surge uma super bactéria.
A cura, a verdadeira cura, nunca virá de fora. Estamos permanentemente diante do desafio da nossa própria
regeneração. Neste sentido, a única evolução possível que pode proporcionar a cura do Homem não é a da
Medicina, mas, sim, a da Alma... E nesse processo, a doença com seus sintomas é apenas um sinal, que
aponta ao Homem os percalços do caminho, mostrando onde a auto-expressão está bloqueada. Saber
interpretá-la no seu simbolismo pode ser a chave da verdadeira cura interior. Livrar-se dos sintomas sem que
se entenda nem se assimile a natureza da mensagem trazida, torna vão o sofrimento.
Antes de mais nada, a doença é uma chamada de consciência. Estamos permanentemente "entorpecidos",
viciados nos nossos automatismos físicos e emocionais que embaçam nossa percepção. Quando essa
nossa "dormência" torna-se perigosa à evolução da Alma, surge a doença que, através dos seus sintomas,
pretende apenas nos "acordar". A doença é um mestre que faz do corpo um quadro-negro, onde escreve as
mais significativas mensagens da vida.
Neste sentido, as Terapias Alternativas em suas mais variadas formas têm a importante função de voltar os
olhos do Homem à sua totalidade fragmentada. Ao utilizar-se de símbolos, padrões arquetípicos, imagens e
outros processos que em última instância têm por objetivo alcançar a Alma e não apenas a parte afetada,
as Terapias Alternativas vão assumindo seu lugar complementar ao enfoque localizado da Medicina.
É possível que ambas se complementem. Talvez o homem se encontre num estágio onde necessite aliviar o
sintoma que tanto lhe aflige, recompor a parte atingida, e nisto a Medicina é mestre. Mas também é
chegada a hora de se olhar para algumas coisas tão intrinsecamente interligadas, como a vida, o corpo e a
alma, e tentar alcançar esta totalidade através de uma prática holística, como só as Terapias Alternativas
podem proporcionar.
Na informática do corpo, a Medicina é tem a função do programador que trabalha nas partes, e as Terapias
Alternativas são o analista do sistema que atuam sobre a totalidade. A parte e o todo devem funcionar
integradas para que o equilíbrio final seja alcançado. Ao se negar um destes dois processos na busca do
equilíbrio corre-se o risco de cair na polarização, e a fragmentação é, sem dúvida, o caminho da doença.
Por Otávio Azevedo
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