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Neste
icone de autoria de um pintor russo do século XVI, vemos o corpo
de Cristo curvado para a direita, com a cabeça inclinada e os olhos
fechados. Isso é para mostrar que o Senhor crucificado está
morto. Mas tem a face voltada para sua mãe e há uma expressão
de majestade no sofrimento. O corpo do homem-Deus permanece incorruptível
na morte para mostrar a perfeita harmonia entre a natureza divina e a humana
na pessoa única de Cristo.
A vitória sobre a morte e os infernos é simbolizada por uma caverna aos pés da cruz, abaixo do Gólgota, a rocha que se fendeu no momento da morte de Cristo, para permitir que um crânio aparecesse. É o crânio de Adão, que, segundo a tradição, foi enterrado ali, "o lugar do crânio". Essa narrativa apócrifa tem um nítido ponto dogmático que o ícone da Crucifixão exemplifica: o primeiro Adão foi redimido pelo sangue de Cristo, o novo Adão. Essa redenção estende-se a todo o universo e encontra seu simbolismo mais completo nas três dimensões da cruz descritas no ícone. O madeiro transversal e o suporte para os pés representam a extensão quádrupla do espaço terrestre; o eixo vertical aponta para o encontro vivificante entre o céu e a terra. A cruz de Cristo abraça o mundo todo e produz uma nova criação |