“Existe
um só caminho para a RENOVAÇÃOde nossa vida e da comunidade
cristã:
"a
oração”
Tudo o que vou dizer vale tanto para
a oração pessoal quanto para a oração comunitária. É bom que recordemos, antes
de começarmos, que a verdadeira oração consiste primordialmente
em a pessoa colocar-se diante de Deus. Pelo fato de não realizarem
isso, muitas orações pessoais ou de grupos são
estéreis: as pessoas se encontram diante de idéias;
cada uma as vê diante das outras e o que
quer fazer são belas orações...
Isto não serve para nada! É preciso
primeiramente colocar-se diante de Deus. “Não rezeis como os fariseus,
diz Jesus, que rezam uns diante dos outros, reparando o efeito que isto
produz...” “Fiz uma bela oração!”
Que sentido pode isto ter? “Oh! Foi uma excelente reunião
de oração!”... Com base em que você diz isto? Uma boa oração é
uma oração que transformará a minha vida, porque deixei
que Deus fizesse em mim as mudanças que queria. A oração não
consiste no que eu digo, mas no que Deus realiza em mim quando eu me deixo
conduzir por Ele. Portanto, é necessário,
antes de mais nada, que eu me coloque diante de Deus: “Não oreis como os pagãos,
que oram em função do mundo e baseados em necessidades terrenas”. Esta oração diante
de Deus precisa ser verdadeira. E, para que seja de fato, deve necessariamente
conformar-se a certas exigências que vou descobrindo através
da história da oração na Igreja. Vou apresentar-lhes
isto usando ícones, que nos permitirão fazer um teste sobre
a verdade de nossa oração. Vejo a primeira exigência realizar-se
plenamente na Virgem. Vejo, no ícone da Virgem em oração,
que a primeira exigência relativa à verdadeira oração
é a seguinte: não querer agarrar, segurar a Deus, mas deixar
que Deus tome conta de nós, que nos segure. Pelo fato de não atender a
esta exigência, muitas orações ficam estéreis.
O orante tenta apropriar-se de Deus para se servir Dele. Maria não se serve de Deus!
“Eis a serva do Senhor”. Ela não se apropria de Deus!
Ela deixa Deus apropriar-se dela: “Faze em mim aquilo que tu queres”. A verdadeira oração
consiste em dar a Deus liberdade absoluta em relação a minha
vida, em colocar tudo nas mãos dele. “Pai em tuas mãos entrego
o meu espírito”. Se eu não viver a primeira
exigência da verdadeira oração, não poderei
considerar-me inserido na verdadeira oração do Filho diante
do Pai! COLOQUEM TUDO DIANTE DE DEUS; É
ELE O CRIADOR Ele é que é meu Pai. É Ele quem sabe de tudo: “Pedro,
teus pensamentos não são os pensamentos de Deus, mas são
pensamentos dos homens... Segue as minhas pegadas...”Entra na vida do Filho...
Deixa-te tomar por Ele... Entrega a tua vida... Para de controlar tudo...
Para de agir segundo as tuas idéias. Enquanto não houver aceitado
esta exigência de Deus em relação à minha vida,
deverei perseverar na oração de Jesus que diz: “Pai, faça-se
a tua vontade e não a minha”. A primeira exigência é
uma conversão total à prioridade de Deus: “Faze de mim o
que tu queres”. Coloco tudo em tuas mãos: confio em ti. Aceito teu
domínio e tua soberania sobre mim, sobre a minha vida, e através
de minha vida, tal como ela é. Retiro-me para ceder lugar a ti”. De fato, este clima precisa ser criado
na comunidade carismática que visa ao louvor de Deus: um verdadeiro
louvor, isto é, um louvor que persiste diante de qualquer
acontecimento que possa: ocorrer em minha vida, por mais desconcertante
que seja ele. E isto decorre de um dado importante: levo Deus a sério
e sei que seu Reino não é deste mundo, que seu desígnio
não é o de me instalar neste mundo, mas é o de me
tornar filho à imagem de seu Filho. Sendo assim, eu louvo em meio
a tudo que me acontece porque, mesmo através daquilo que me crucifica,
que me bloqueia, que me mergulha na tristeza, creio que ele pode realizar
seu desígnio; ponho nele a minha confiança. Abandonando minhas
próprias idéias, aprendo a dar-lhe oportunidade para
se apropriar de minha vida. Mas, se se trata de um louvor fácil,
se não é um louvor confiante que nasce de um coração
totalmente desapegado, como era o da Virgem, então o louvor não
é e jamais poderá ser eficaz. “Despede os ricos de mãos
vazias, e eleva os humildes”. Daí a primeira exigência:
Deixar que Deus me conduza, deixar que Deus faça a minha vida dia
após dia. Segunda exigência: Se eu não
aceitar as rupturas indispensáveis à oração,
não conseguirei atingi-la. Tais rupturas referem-se a tudo o
que me mantém escravizado ao mundo. Há uma porção
de coisas que me impedem de rezar: o ritmo das atividades, a coação
e a pressão das relações humanas, a invasão
da matéria em minha vida, os meios de comunicação! Terceira exigência: A terceira
exigência nos vem desta longa oração monástica
que, durante todo um período da história, constitui o coração
da igreja, e de onde jorrou toda a civilização cristã:
A LEITURA DO EVANGELHO. É por isso que devo orar a
Palavra de Deus. Deus nos forma mediante sua Palavra;
com ela nos nutre e nos transfigura. Ele nos reúne por meio de sua
Palavra. Quarta exigência: Devo rezar
até estar entregue, vencido, como Jacó que luta com o anjo
durante a noite inteira. Quinta exigência: Finalmente,
uma última exigência, a quinta: devo orar a minha vida e não
idéias espirituais. Existem pessoas que partem para bem longe, viajam
para as estepes de suas idéias espirituais! Não é
aí, que minha vida será mudada... Devo colocar-me em oração
não através de belas idéias, mas mediante a minha
própria vida. A verdadeira oração
cristã não me leva a fugir de minha vida, mas a vivê-la
segundo os desígnios do Pai sobre mim: “tua vontade, Pai...” (Trecho
extraído do livro: “Conversando sobre a oração” de
Jean Van Den Eynde- Ed.Paulinas)
Para
Aprofundamento
Ler atentamente o texto e
marcar o que pareceu significativo.
Examinar-se: qual das exigências
lhe parece mais difícil de praticar?