DO AVE AO ROSÁRIO
 
 
A Ave-Maria é a oração  preferida de muitos cristãos. Há os que não se sentem com forças para repetir as palavras do Pai-Nosso: "Faça-se tua vontade" nem "Perdoa nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". Mas podem dizer todas as palavras da Ave-Maria e as repetem como um grito de confiança e de esperança. Essa repetição da Ave-Maria é para eles o caminho da oração porque é fonte de meditação.
FONTE DE MEDITAÇÃO

Com efeito, todo o Evangelho está presente quando repetimos as palavras que o anjo e Isabel pronunciaram, porque essa saudação se dirige àquela que traz Jesus ao mundo, educou aquele Menino, viveu com ele durante anos, um dia o viu partir para anunciar a  Boa Nova, escutou, reteve e meditou quanto ele dizia. E logo viu crescer o ódio, presenciou a paixão, esteve de pé junto à cruz, acompanhou-lhe o corpo ao sepulcro. Isto não é tudo: viu a ressurreição, a ascensão, orou com os Apóstolos à espera do Espírito Santo. E viu os primeiros passos da Igreja.
E toda a vez que uma dessas cenas do Evangelho  nos vem à memória, encontramos a emoção alegre ou dolorosa de uma mãe que ama o filho. O Evangelho foi vivido por Maria antes de ser escrito.

 A Ave-Maria é o encontro de nossa vida com o Evangelho. Tudo o que há em nossa vida de alegria e tristeza, de felicidade e dor, de angústia e esperança encontra-se com a vida de Maria e por ela com o Evangelho. A Ave-Maria dá suave acesso, portanto, a meditação muito livre e espontânea que pode unir-se a qualquer página do Evangelho.
AS ETAPAS DA VIDA
 Assim, graças a Ave-maria, nossa vida nos ajuda a compreender o Evangelho e o Evangelho ilumina nossa vida. Este método de oração manifestou-se sobretudo no Rosário. O Rosário é o resumo do Evangelho. Vai sem cessar da terra ao céu. Maria e Jesus conheceram a alegria. O sofrimento e a glória. E nós, pobres cristãos, temos alegrias e sofrimentos, mas, para além de tudo isso, esperamos a glória. Sem cansar-nos, o Rosário nos faz reviver estas grandes etapas da vida: a alegria, a dor, a glória. Jesus e Maria percorreram essas etapas e nós seguimos agora esta rota que nos conduz desde o batismo à glória do céu, passando pelo sofrimento e pela morte.
Os Mistérios do Rosário 
 Faz falta falar de etapas? As alegrias de Maria estão mescladas pela tristeza. 
A espera do filho não é pura alegria: ela sabe que José se inquieta. Mas, como falar-lhe? Que dizer-lhe? Silencia. 
O nascimento em Belém não é para alegria: não há outro abrigo para receber o menino senão um presépio. No momento da apresentação do Templo, o velho Simeão anuncia os sofrimentos futuros; e se José e Maria reencontram o menino Jesus, é depois de três dias de aflição. Mas, não sucede o mesmo a nós? Nossas alegrias e tristezas às vezes não se mesclam?
 Os mistérios gozosos e dolorosos são o tecido comum de nossas existências. São também, e aí está toda a mensagem evangélica, a semente de nossa glória. Quando repetimos as palavras de saudação do anjo e de Isabel, podemos pensar que Maria amou, regozijou-se, sofreu. Jesus proclama bem-aventurados os que sofrem. Nós nos fazemos eco dessas palavras quando dizemos "cheia de graça" àquela que está ao pé da cruz. E nossas palavras como as das bem-aventuranças, revelam a glória que Deus prepara para os que o amam.
 A Ave-Maria nos faz assim contemplar todo o desígnio de Deus a respeito do mundo, da Virgem e de nós mesmos. Essa oração indefinidamente encadeada é menos repetição do que contemplação. (Traduzido de Voz del Santuario pelo Irmão Bento Gomes, Monge de Serra Clara.)