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Teresa de Lisieux soube exprimir no
seu nome de religiosa, “do Menino Jesus e da Sagrada Face”, todo o processo
da sua vida, que a levou à maturidade espiritual através
do aniquilamento da Encarnação (Kenósis) e do sofrimento
de Jesus, que pelo seu mistério pascal nos liberta de toda
escravidão. Teresa soube compreender e viver o projeto da vida de
Jesus, que transforma toda a nossa esfera de relacionamento e dá
uma nova dimensão às nossas relações com Deus,
com os outros e com as coisas. Diante do projeto de morte, que nos domina
e escraviza em todos os setores, encontramos o projeto de vida do Evangelho,
que nos liberta e nos transforma. A missão de Teresa de Lisieux
foi precisamente a de nos recordar estas verdades e concentrar-nos novamente
no essencial.
Santa Teresa de Lisieux nos convida
a “passar do Deus-Juiz para o Deus Pai-Mãe, da desconfiança
para a confiança e abandono a Ele, da procura da perfeição
para a procura da comunhão com Deus, da complicação
para a simplicidade, das leis que escravizam para a lei do amor concreto
e eficaz que liberta, da imaturidade para a maturidade, do ascetismo exterior
para a abnegação evangélica, dos méritos para
as mãos vazias, das considerações puramente espirituais
para a Palavra de Deus, de uma oração complicada para um
olhar simples e contemplativo, da Maria inatingível para a Maria
do Evangelho tão próxima”.
O centenário da morte de Teresa de Lisieux, nossa Irmã, é um convite de Deus para renovar-nos sob a luz da sua experiência e da sua doutrina. Como disse João Paulo II aos consagrados e consagradas, não temos apenas “uma história gloriosa para recordar e contar, mas uma grande história para construir”. Temos que lançar os olhos rumo ao futuro, “até onde o Espírito nos impelir para continuar fazendo conosco grandes coisas”.
A Virgem Maria é para nós modelo da consagração e do seguimento, que nos recorda a primazia da iniciativa de Deus e nos ensina a acolher a sua graça. Ela é mestra de seguimento incondicional e de serviço assíduo”. Na mais pura tradição do Carmelo, Teresa de Lisieux viveu a presença e proximidade da Mãe de Jesus. Antecipando-se ao Vaticano II, descobriu a mulher simples de Nazaré, peregrina da fé e da esperança, Mãe e Modelo. Pode-se dizer que vive pertinho dela.
Teresa, nossa Irmã, indica-nos o caminho do retorno ao Evangelho como a única maneira de tornar realidade a fidelidade criativa ao nosso carisma.