HIP HOP
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Movimento Hip Hop

"Os movimentos juvenis dos anos 80, 90 marcam uma diferença bastante grande do que a gente chamava de movimentos juvenis até o final da década de 70. Em primeiro lugar, pela origem social dos jovens – os anteriores eram principalmente estudantes de classe média, enquanto que, a partir do final de 70, os protagonistas são jovens dos setores populares que não se definem pela condição estudantil. Outra coisa nova é que os movimentos passam a ser mais ligados ao lazer, cultura, comportamento, atitude – como eles mesmos dizem -, o que, para mim, foi detonado pelo movimento punk, que, como o hip hop, surgiu principalmente nas periferias dos grandes centros urbanos. Ambos também são muito atravessados pela indústria cultural. Ainda que combatendo essa indústria, eles se alimentam dela, é uma das fontes importantes de informação. Os dois movimentos também tentam responder duas questõe principais: como articular um projeto de futuro para os jovens em sociedades que, ao mesmo tempo que amplia suas promessas, cria também a exclusão? E como construir uma identidade própria nessa tendência de massificação? Nesse sentido, o hip hop faz parte desse conjunto. Mas há também diferenças importantes no caso do hip hop.
A primeira, mais óbvia, é a condição de jovens negros que têm como um de seus problemas centrais a questão da violência policial, ainda mais agravada para eles, alvos preferenciais dessa violência cotidiana. Outra particularidade é que os hip hoppers têm uma localização territorial mais forte,a área, e isso traz um laço maior com a comunidade, é a cultura de rua no bairro, o que encerra um grande poder de transformação para a própria comunidade". Socióloga Helena Abramo, participa da ONG Ação Educativa, estudiosa dos movimentos juvenis dos anos 80 e 90, principalmente o movimento punk.
Movimento revolucionário ? Movimento social ? Ou apenas um movimento juvenil ? Creio que o Hip-Hop é tudo isso e muito mais. O termo Hip-Hop foi estabelecido, por volta de 1968, pelo negro Afrika Banbaataa, inspirado em duas movimentações ciclicas. A primeira delas estava na forma cíclica pela qual se transmitia a cultura dos guettos norte-americanos. A segunda estava justamente na forma de dançar mais popular da época, ou seja, saltar (hop) movimentando os quadris (hip). Era um convite à festa.
Nesta época (década de 60) proliferou-se uma grande discursão sobre direitos humanos e, nesta ordem dos fatos, os marginalizados da sociedade de Nova Iorque se articularam para fazer valer suas propostas na eliminação das suas enquietações. Assim surgiram grandes líderes negros, como Martin Luther King e Malcom X, e grupos que lutavam pelos direitos humanos com os Panteras Negras. E esse ambiente influenciou, bastante, os primeiros praticantes do Hip-Hop, principalmente artistas como Isaac Hayes que faziam os habitantes do guetto dançarem que músicas que eles mesmo intitulavam de "Raps", a exemplo dos "Ike's Raps" contidos nos LP's de Hayes, que eram compostos por uma base musical dançante acompanhado de rimas faladas que seguiam o ritmo. Além disso, a mensagem contida nas letras era informatica de alto teor político-social. Portanto, juntando a música (Rap), a dança (Break) e a arte plástica (Grafite) você têm todos os elementos que deram origem ao Hip-Hop.
A origem do Rap remonta à Jamaica, mais ou menos na década de 60 quando surjiram os "Sound Systems", que eram colocados nas ruas dos guettos jamaicanos para animar bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos 'toasters', autênticos mestres de cerimônia que comentavam, nas suas intervenções, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a situação política da Ilha, sem deixar de falar, é claro, de temas mais prosaicos, como sexo e drogas.
No início da década de 70 muitos jovens jamaicanos foram obrigados a emigrar para os EUA, devido a uma crise econômica e social que se abateu sobre a ilha. E um em especial, o DJ jamaicano Kool Herc, introduziu em Nova Iorque a tradição dos "Sound Systems" e do canto falado, que se sofisticou com a invenção do scratch, um discipulo de Herc.
O primeito disco de Rap que se tem notícia, foi registrado em vinil e dirigido ao grande mercado (as gravações anteriores eram piratas) por volta de 1978, contendo a célebre "King Tim III" da banda Fatback. O Break é uma dança inventada pelos porto-riquenhos, através da qual expressavam sua insatisfação com a política e a guerra do vietnam, apresentavam em performance que imitavam os helicópteros da guerro, ou mesmo os soldados que voltavam mutilados da guerra.
Ela se elastrou junto com as guangues novaiorquinas, que por volta da década de 70, respondia à opressão social com violência brutal. Além das depredações dos prédios do bairro, era comum o confronto armado. Por tradição norte-americana os grupos étnicos não se misturavam, daí tínhamos gangues de hispânicos e gangues de negros. Cada um tinha seu código do grupo, o chamado TAG (assinatura dos grafiteiros), que demarcavam o território. Contudo nos momentos de descontração, daçavam o Break
Entre as mais famosas gangues de break posso citar Rock Steady Crew, Electric Boogie, Zulu Nation e Dynamic Breaks. No Brasil as gangues que fizeram história foram Crazy Crew, Street Warriors, Nação Zulu, Fantastic Face, Jabaquara Breakers e Back Spin Kings.
O Grafite com forma de arte se espalhou por todo o mundo, tornando impossível rastrá-lo no sentindo histórico. Apenas sendo possível fazer referência as pinturas das cavernas, das quais não se tem sequer uma noção de tempo em que forma feitas.
Se buscarmos as principais fontes de informação ficará evidenciada uma forte influência latina, afinal os maiores artitas do gênero são de países como Porto Rico, Colômbia, Bolívia e Costa Rica. Isso nnão desmerece os artistas naturais de outros países europeus e de outros continentes. Dos inúmeros nomes do Grafite mundial, contam nomes como Ramon Herrera, Futura, Lee Quiñones, Sandra "Lady Pink" Fabara, Miguel "Paco Paco" Ramirez e pelo francês Nadty Can.
No Brasil, o Hip-Hop chegou no início da década de 80 por intermédio das equipes de baile, das revistas e dos discos vendidos na 24 de Maio (São Paulo). Os pioneiros do movimento, que inicialmente dançavam o Break, foram Nelson Triunfo, depois Thaíde & DJ Hum, MC/DJ Jack, Os Metralhas, Racionais MC's, Os Jabaquara Breakers, Os Gêmeos e muitos outros.
Eles dançavam na Rua 24 de Maio, mas foram perseguidos por lojistas e policiais; depois foram para a São Bento e lá se fixaram. Houve um período de divisão entre os breakers e os rappers, os primeiros continuaram na São Bento, os outros foram para a Praça Roosevelt. O Rap, a principio chamado de "tagarela", ascende e os breakers formam grupos de Rap. Em 1988 foi lançado o primeiro registro fonográfico de Rap Nacional, a coletânea "Hip-Hop Cultura de Rua" pela gravadora Eldorado. Desta coletânea participaram Thaide & DJ Hum, MC/DJ Jack, Código 13 e outros grupos iniciantes.
Nesse período de ascensão do Rap, a capital paulista passou a ser governada por uma prefeitura petista, o que muito auxiliou na divulgação do movimento Hip-Hop e na organização dos grupos. Por esse motivo foi criado em agosto de 89 o MH2O - Movimento Hip-Hop Organizado, por iniciativa e sugestão de Milton Salles, produtor do grupo Racionais MC's até 1995. O MH2O organizou e dividiu o movimento no Brasil.
Ele definiu as posses, gangues e suas respectivas funções. Nesse trabalho de divulgação do Hip-Hop e organização de oficinas culturais para profissionalização dos novos integrantes, não podemos esquecer de citar a participação do músico de reggae Toninho Crespo. Este trabalho teve sua continuidade no município de Diadema com o profissionalismo de Sueli Chan (membro do MNU - Movimento Negro Unficado).
Outra pessoa que foi muito importante na divulgação do Hip-Hop no Brasil, foi Armando Martins com o seu programa Projeto Rap Brasil, que lançou vários grupos de Rap durante os anos em que esteve no ar
Movimentos Juvenis (Trecho da reportagem – Mais de 50.000 manos - de Marina Amaral )






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