Retrato do Suicídio de um Filho - Bill's Story

por Gabi Clayton (mãe do Bill)
Com assistência editorial e inspiração de meu amigo, Steve Schalchlin
tradução: Mariana P. Maia "marymaia@gold.com.br"

Bill Clayton

Revelação

Bill se revelou bissexual quando tinha 14 anos. Ele tinha medo de nos contar, porque ele sabia que outros garotos na mesma situação haviam contado para os seus pais, e os pais haviam rejeitado esses garotos ou reagido de outras formas que os amedrontavam. Ele tinha lido o livro que eu havia emprestado chamado "Changing Bodies, Changing Lives," e o livro falava de estórias reveladoras. Finalmente ele arrumou coragem pra nos contar e nós afirmamos a ele que nós o amávamos e que o aceitávamos. Ele estava tão feliz que nós queríamos contar ao mundo todo. Nós o recomendamos um grupo de apoio na faculdade onde eu me formei. Bill foi ao grupo três vezes e parou - ele falou que gostava muito mas que ele estava bem e não precisava mais frequentar as reuniões.

O Garoto que eu Conheci e Amei

The Claytons Bill foi a criança que veio pra casa da escola na primeira semana no primeiro ano tão entusiasmado, porque a sua professora havia deixado ele ir pra uma sala especial! Aconteceu que ele acabou um trabalho mais cedo e decidiu imitar animais para divertir outras crianças. como era disciplinado ele foi mandado ao armário de casacos fora da sala de aula. Ele adorava tanto balançar na barra (onde se pendura os cabides) que ele ficava imaginando se a professora iria deixá-lo fazer isso de novo no dia seguinte.

Ele era um aluno bem dotado que nem sempre tirava as melhores notas porque ele sempre estava fazendo 20 coisas ao mesmo tempo - e o dever de casa nem sempre estava no topo da lista.

Tímido? Bem, ele me falou que era tímido, mas era difícil dizer. Seus amigos sempre o adoravam - quando ele não estava os enlouquecendo.

Ele queria ser escultor, professor, arquiteto, advogado...

Uma Agressão

Então, ele nos contou que foi ao grupo de apoio três vezes, e nós não questionamos isso. Durante o outro ano ele teve dificuldades na escola, mas pareceu que estava tudo bem -- às vezes um tanto reservado ou temperamental. Nós estávamos preocupados, mas pensamos ser apenas altos e baixos típicos de adolescentes. Nós estávamos enganados.

No caminho pra terceira reunião do grupo de apoio, ele encontrou um homem do grupo que tinha 20 anos, e que falou ao Bill que ele era membro de outro grupo de apoio para jovens gays/lesbicas/bissexuais/transexuais. Ele convenceu Bill a sair do ônibus para ir à sua casa "para pegar um livro emprestado". Quando eles chegaram lá, ele forçou o Bill a ter relação sexual com ele. Bill só tinha 14 anos e não esperava isso, não sabia o que fazer, e ele não podia evitar isso. Ele chegou em casa aquele dia e fingiu ter ido para a reunião porque ele não queria admitir pra ninguém - principalmente pra ele mesmo - o que havia acontecido. Ironicamente, naquela época eu estava fazendo um estágio de pós-graduação em um centro de terapia que se especializa em abuso sexual.

Bill Bill finalmente contou a Sam, seu melhor amigo. Ele contou a Sam que as memórias daquela agressão sexual estavam o esmagando e que ele estava suicida. Ele pediu ao Sam pra não contar isso a ninguém, mas o Sam colocou a amizade de lado e me contou, porque ele não queria perder o seu amigo. Bill ficou aliviado depois que soubemos, e nós prestamos queixa à polícia a colocamos Bill na terapia.

Demorou muito tempo pra polícia achar o homem. Quando eles fizeram o interrogatório, ele confessou exatamente o que Bill havia dito. Aí ele arrumou um advogado, negou a acusação, e tentou evitar a prisão até um mês depois que Bill morreu. (Ele finalmente ficou preso por 13 meses.) Então, Bill podia vê-lo pela cidade -- o que agravou seu estresse pós-traumático, motivo pelo qual ele estava na terapia. Tinham vezes que Bill se enfiava de repente em depressão profunda sem razão aparente. Mais tarde a gente descobria que era porque ele tinha visto esse homem no ônibus ou no cinema. Bill estava tão deprimido e suicida que chegou a passar um tempo no hospital.

Ele continuou na terapia, e finalmente ele estava voltando a ser aquele garoto travesso. Sua saúde mental melhorou tremendamente. Ele tinha um trabalho de verão fazendo coisas de computador e escritório, e ele adorava. Ele ansiava pela volta à escola (depois de dois anos difíceis), ele sentiu que tinha um futuro. Sim, ele estava de volta! Ele e sua terapeuta concordaram que ele poderia parar com a terapia, e ela fechou seu caso com Compensação de Vítimas de Crimes -- em 5 de Abril, 1995.

O Começo do Fim

O Clube Ativista na Olympia High School convidou a Coronel Margarethe Cammermeyer para falar numa assembléia em honra ao Mês da História da Mulher. (Ela é a pessoa de posto mais alto que desafiou a exclusão militar de gays, e foi o assunto do filme de TV "Serving in Silence".)

Houve uma explosão de controvérsias quando um grupo de pais homofóbicos e membros da comunidade - a maioria das pessoas que tratam a homossexualidade no "patamar religioso" - descobriram que ela havia aceitado o convite e que a assembléia havia sido marcada. Nós (apoiadores) descobrimos que haveria uma gritaria no próximo encontro do conselho da escola, e que muitas dessas pessoas iriam comparecer para reclamar e pedir à escola para cancelar a assembléia. Bill estava fora na escola com um grupo de garotos distribuindo panfletos sobre a assembléia e falando pras pessoas que iriam no encontro do conselho da escola para apoiarem o discurso.

Catherine (divide a casa conosco e é a segunda mãe de nossos filhos), eu, Bill e muitos outros compareceram. No total haviam mais ou menos 300 pessoas lá e a assembléia durou mais ou menos 2 horas e meia. Eu acho que haviam um pouco mais de colaboradores do que opositores que falaram - eu era um deles. O conselho escolar decidiu continuar firme em sua decisão de deixá-la fazer o discurso, e ela o fez -- em 21 de Março, 1995. Mas o clima na comunidade não estava bom naquele tempo. Haviam algumas cartas horríveis, cheias de ódio mandadas para o editor de nosso jornal diário, e em geral muitas reações anti-gays foram remexidas.

6 de Abril, 1995

No dia 6 de Abril de 1995, Sam e sua namorada, Jenny, estavam andando com Bill perto da escola, indo pra casa da Jenny assistir à um video que eles tinham alugado. Quatro garotos -- um que conhecia Bill e Sam porque estudava na mesma escola (e havia estudado na mesma escola antes dessa) -- os seguiram num carro e gritaram coisas que eu não vou repetir, relacionadas à orientação sexual. Bill e seus amigos os ignoraram e decidiram andar por dentro da área da escola, pensando que podia ser mais seguro porque o portão estava fechado. Os quatro garotos foram embora, mas eles pararam o carro por perto, porque a próxima coisa que Bill e seus amigos sabiam era que eles vieram à pé e os rodearam. Eles perguntaram "Você quer brigar?" Bill, Sam e Jenny tentaram escapar -- eles não queriam brigar de jeito nenhum.

Bill um dia depois da agressão! Os quatro então agrediram Bill e Sam brutalmente, chutando e batendo neles até que ficassem inconscientes enquanto Jenny gritava para eles pararem. Era pleno dia durante o feriado de Primavera.

Quando eles retomaram a consciência um minuto depois que os agressores tinha ido embora; Bill, Sam e Jenny correram para o escritório de guarda da escola e ligaram pra polícia e depois pra suas famílias. Eles foram levados para a sala de emergência onde nós os encontramos. Bill tinha esfolados e hematomas. Eles pensaram que ele poderia ter machucado o rim, mas ele não tinha. Sam estava todo machucado também, com o nariz quebrado e muitos hematomas.

Bill um dia depois da agressão!


Enquanto estávamos na sala de emergência, um dos garotos que cometeu a agressão chegou casualmente andando com dois outros amigos, para visitar uma amiga que tinha acabado de ter um bebê. Sam o viu e os pais do Sam chamaram a polícia. Quando eles o acharam ele confessou e falou pra polícia quem eram os outros garotos - todos eram menores de 18 anos. A polícia tratou isso como um crime hediondo desde o começo.




Uma Convenção Contra o Ódio

Muitas pessoas maravilhosas em Olympia reagiram rapidamente e apoiaram Bill (e todos nós) e apoiaram uma incrível convenção contra o ódio em 14 de Abril, poucos dias depois da agressão. Várias pessoas falaram lá, incluindo a Coronel Cammermeyer, que voltou para apoiar os garotos.

Na convenção, Bill falou de coração. Ele disse:

Bill esperando para falar na convenção!

"Provavelmente, meus amigos Sam e Jenny nunca terão que tolerar isso - ou nunca ter que aguentar esse tipo de crime ou qualquer outro tipo em suas vidas - e eu espero que isso seja verdade. Mas como um bissexual assumido em Olympia, Eu sou provavelmente - ou serei - a vítima desse tipo de coisa de novo. Crimes hediondos - especialmente aqueles contra homossexuais, bissexuais e transexuais estão crescendo nessa área. E é por isso que agora - mais que nunca - nós, gays precisamos nos revelar, nos ajuntar e lutar por nossos direitos civis e nosso direito de estarmos seguros em nossas casas e nas ruas. Obrigado pela presença."

Eu falei pro Bill - e para todas as pessoas que estavam lá no Sylvester Park naquele dia. Eu fiquei de pé em frente ao microfone (voz e mãos tremendo - eu não me sinto confortável fazendo discursos) e falei:

"Primeiro de tudo, como a mãe do Bill eu senti que seria importante eu vir aqui dizer pra ele o quanto eu o amo e o quanto estou incrivelmente orgulhosa dele. E eu estou incrivelmente orgulhosa dele não somente pela coragem que ele está mostrando hoje à noite e desde que isso aconteceu, mas por causa da pessoa que ele é - e isso significa cada pedacinho dele incluindo o fato dele ser bissexual. Eu acho que é importante para os pais fazerem isso..."

"Meu pai foi um refugiado judeu alemão, e o ódio que ele encarou quando criança na Alemanha é o mesmo ódio que o meu filho e os outros garotos encararam naquela rua, perto daquela escola. E o ódio não cresce no vácuo. Ele não pode crescer ao menos que a gente permita isso. Ele cresce no medo e cresce no silêncio."

Alec (meu marido e o pai de Bill, que sempre foi o que lidava com discursos públicos com mais facilidade) subiu ao microfone e falou:

"Eu tinha um discurso planejado - mas essa forte demonstração de compaixão e apoio me deixou engasgado. Eu não posso falar - obrigado por terem vindo."

Alec chorava enquanto saía do tablado.

O irmão mais velho de Bill, Noel, estava na faculdade e não podia vir pra casa a tempo para a convenção no Sylvester Park. Mas ele mandou esta carta para o editor do Olympian (nosso jornal diário). Foi publicado dia 22 de Abril.

Bill e seu irmão, Noel!
Meu nome é Noel Clayton. No dia 6 de Abril minha mãe, Bill, e seus amigos foram agredidos na Olympia High School.

Eu só queria escrever para agradecer a todas as pessoas que deram um apoio incalculável nessa crise.

Dentre todos estes está o corpo administrativo do The Olympian que trataram as vítimas com dignidade e respeito apesar daqueles na região que preferiram silenciar-se ou ignorar e não considerar ataques à gays como um problema.

Eu gostaria de agradecer ao Departamento de Polícia de Olympia e o escritório de promotoria que trabalhou duro e cuidadosamente para ter certeza de que aqueles garotos eram os responsáveis, e que fossem tragos à justiça.

Eu também gostaria de agradecer às 200 a 300 pessoas que compareceram à convenção para apoiar Bill e Sam, assim como todos que, como eu mesmo, não puderam comparecer, mas estavam lá em espírito.

Finalmente eu gostaria de lembrar à todos que isto ainda não terminou.

Nossas famílias estarão lidando com os efeitos dessa agressão por anos, se não para o resto de nossas vidas.

Eu nunca esquecerei os acontecimentos dessas semanas que se passaram. Eu pretendo lutar, e eu peço a vocês que se juntem a mim, até que ninguém precise andar nas ruas com medo, até que ninguém tenha que viver com medo de perseguição ou agressão não importa qual a raça, religião ou opção sexual.

As Consequências do Ódio

Uma das últimas pinturas de Bill, feita enquanto ele estava hospitalizado devido à depressão, depois do crime. Nós pensamos que ele fosse conseguir sair dessa - ele pareceu lidar com as coisas muito bem até depois da convenção, e depois ele caiu novamente em depressão. Ele estava suicida de novo - foi demais desta vez. A agressão o mandou de volta para o lugar que ele tinha lutado tanto para sair dele. De repente ele se tornou depressivo e suicida, e tivemos que colocá-lo no hospital de novo. Enquanto ele estava no hospital ele ouviu falar que um amigo gay dele havia sido surrado numa escola numa cidade próxima.

Depois de mais ou menos 10 dias ele veio pra casa. Nós e seus médicos no hospital pensamos que havia passado a sua fase suicida. Mas Bill tomou uma overdose massiva no dia 8 de Maio. Alec o achou inconsciente no chão da cozinha e correu com ele pro hospital, mas eles não puderam salvá-lo.

Ele não deixou nenhuma mensagem, mas antes dele ser hospitalizado ele me falou que estava cansado de lidar com aquilo. Era o pensamento constante de que ele poderia ser agredido de novo simplesmente pelo que ele era, de que qualquer um de seus amigos poderiam ser agredidos pela mesma razão, que apesar de todo o amor de sua família e amigos tudo o que ele via pela frente era uma vida inteira cheia de ódio e violência, indo de uma agressão a outra. Ele tinha 17 anos - uma idade na qual garotos normalmente estão empolgados com a mudança para o mundo dos adultos. O único lugar onde ele se sentia seguro era em casa. Ele não via esperança, então ele escolheu pôr fim à sua vida.

A homenagem que fizemos ao Bill foi uma parte incrível do nosso processo de cicatrização. Foi um grande trabalho arrumar tudo. Nós sentimos que teria que ser algo que Bill queria - e ele se considerou um pagão. Nós nos sentimos tão fortes que tivemos que respeitá-lo nisso, finalmente.
Foi uma cerimônia incrível - tantas pessoas ajudaram e tantos amigos e desconhecidos vieram - nós fizemos questão de mostrar que todos da comunidade que quisessem participar estavam convidados. Havia música, tambores, a cerimônia, e as pessoas que queriam tiveram a chance de falar...

Todos levaram uma vela como pedido, foi dado um pequeno graveto de oração para segurar durante a homenagem e pedimos que desejassem coisas boas ao Bill. Depois da cerimônia nós ficamos de pé na porta e acendemos as velas de cada um. Cada pessoa levou a sua vela para o Sylvester Park (que era do outro lado da rua) em vigília silenciosa, e lá nós recolhemos os gravetos. Mais tarde, naquela noite, a família e poucos amigos íntimos pegaram as cestas com os gravetos para o terreno atrás da casa do Sam, e colocaram cada graveto numa linda fogueira para liberar os desejos ao Bill, para que eles viajassem com ele. Foi maravilhoso. Não foi nada "tradicional" - mas nós nunca fomos conhecidos como sendo tradicionais.

Colocando Sal na Ferida

Logo depois que Bill morreu, uma investigadora de mortes suspeitas conversou conosco -- e nos perguntou se nós permitiríamos que Bill fosse um doador de órgãos. Nós falamos que sim, e ela conversou conosco por um bom tempo e fez algumas perguntas. Ela já sabia sobre o crime. Quando ela falou que poderia haver um problema e que ela voltaria a nos procurar, nós pensamos ser por causa da oversose.

Depois -- não consigo lembrar quanto tempo depois, datas eram um problema naqueles dias -- nós recebemos um telefonema dela. Bill não poderia ser um doador de órgãos -- o Lions Eye Bank (banco de olhos) havia recusado a doação por causa de sua orientação sexual -- ele fazia parte do grupo de risco!!!! Eu não podia acreditar. Eu falei pra investigadora o quanto essa situação tinha me deixado com raiva e chateada.

Depois daquilo eu recebi uma carta do Lions, explicando que eles não "poderiam honrar a doação da córnea de qualquer membro do grupo de risco por causa da possibilidade de transmitir HIV ao recebedor." e "Embora Bill fosse provavelmente soro-negativo, a possibilidade dele ter sido exposto ao vírus e ter resultado soro-negativo existe. Espero que vocês entendam que tal risco é muito grande pra tomarmos."

E eu respondi no dia 12 de Junho, 1995:

Me levou algum tempo para responder a sua carta. Nela você explicou que o Lions Eye Bank não aceitaria o meu filho como um doador porque ele era abertamente bissexual, e portanto um membro da população de alto risco. O irônico é que Bill teve uma operação no olho quando ele era mais jovem, que foi paga pelo Lions Club no Mississippi.

Bill cometeu suicídio aos 17 anos, depois de ser agredido num crime hediondo por ele ser bissexual. Francamente, lendo a sua rejeição e justificativa foi uma das coisas mais difíceis que eu tive que encarar desde a sua morte. Nas suas palavras eu vi o que o meu filho decidiu que ele não poderia encarar no mundo todos os dias - toda a homofobia, ódio e medo do que ele era como pessoa.

Quem são esses que vocês acreditam serem seguros? Heterossexuais? Pessoas casadas? Crianças? Em meu trabalho como terapeuta, eu trabalho com crianças que correm o risco de ter HIV devido a abuso sexual. QUEM É SEGURO? Abra os seus olhos. Vocês estão totalmente enganados se pensam que estão protegendo pessoas com esse procedimento.

Se a razão pela qual vocês rejeitaram a córnea de Bill foi por causa da agressão sexual que eu havia discutido com a investigadora de mortes suspeitas, isso aconteceu quando ele tinha 14 anos. Ele fez teste de HIV mais de um ano depois - bem depois do período de seis meses que você mencionou. Mas ninguém se interessou em descobrir os detalhes - apenas uma simples recusa baseado no fato dele ser bissexual.

Eu estou chocada com o fato de um grupo que está usando as instalações de um hospital do estado seja capaz de fazer tal coisa com tamanhos procedimentos discriminatórios e descarados.
Eu estou presumindo que vocês não estão expondo sua opinião pessoal na carta, mas o procedimento do Lions Eye Bank. Isso não faz as coisas mais fáceis. Intolerância institucional e discriminação são MUITO pessoais. E instituições são formadas por pessoas. Se vocês não concordam com esse procedimento, eu imploro que ajudem a mudar isso.

Silêncio é onde o ódio cresce que matou o meu filho.

No final de Julho eu recebi outra carta deles, explicando que como um autêntico membro da EBAA eles precisam aderir a padrões médicos estabelecidos por um comitê de conselho médico nacional, com recomendações do Centers for Disease Control (CDC). Eles esperavam que eu fosse entender que eles não tinham escolha, e tinham que recusar a doação porque a decisão era baseada em regulamentação nacional...

Houve um telefonema mais tarde para checar se eu ainda estava amolada. Eles tentaram me fazer "entender" mas eu simplesmente não podia. Errado é errado.

Os garotos que agrediram Bill e Sam foram finalmente condenados a 20-30 dias em detenção juvenil seguida de liberdade condicional, serviço comunitário e 4 horas de preparo diversificado com foco em orientação sexual.

Sentiremos Sua Falta, Mas Ele Não Será Esquecido...

A vida e morte de Bill emocionou talvez milhares de pessoas. Havia uma forte demonstração de apoio para nós -- de ambos amigos e pessoas que nunca havíamos visto antes. Durante toda a época do crime e do suicídio de Bill eu nunca me senti tão apoiada e tão ligada à comunidade.

Na homenagem ao Bill me foi dada uma carta de Gery Gerst - o professor de História do Bill em Olympia High School naquele ano, que não pôde comparecer. Em sua carta ele falou:

"Bill era uma pessoa tão cuidadosa, um compartilhador. Ele me mostrou tanto durante o almoço ou antes da escola. Em aula ele dividia idéias que ninguém mais dividia; que grande coração, homem dócil, mente exploradora... no tempo que era pra ele ter estado na terra ele tocou as vidas de tantas pessoas em tantas maneiras positivas, especialmente a minha. Eu quero dizer a vocês pais, que ambos os seus filhos têm sido amáveis, generosos, cuidadosos, e me tratando com consideração, e eu valorizo isso demais. Nesse mundo isso é um tremendo patrimônio.

Claramente, como vocês podem ver pela demonstração de apoio no Sylvester Park e agora, Bill era e é amado. Não tenha medo dele ser esquecido. Sentiremos sua falta, mas ele não será esquecido...

Eu gostaria de escrever para o Bill, agora, o que eu teria escrito no seu boletim:

Bill, você me impressionou com suas intensas idéias sobre história, governo, e pessoas. Suas idéias vêm de profunda preocupação e sentimento, o resultado da aprovação de caráter e perseverança. O mundo tem sorte de ter você porque sua conduta é suave e sua dedicação à verdade e aprendizado é exemplar. Minhas aulas não serão as mesmas sem sua colaboração original nas discussões em classe, e sem o que você compartilhava comigo depois da aula. Seu cérebro estava sempre funcionando, e também o seu coração. Obrigado pela ajuda com "a" convenção e por acreditar e confiar em mim, sem mencionar o seu sorriso que nos mostrou que você se importava.
Sentiremos sua falta, mas a porta está sempre aberta... apareça a qualquer hora e saiba que o seu tempo na escola esse ano foi de muito valor."

Bill Clayton

Nada vai trazer o Bill de volta. Eu estou compartilhando esta estória na esperança de que vá ajudar de alguma forma a colocar um fim ao ódio e à homofobia. Esse mundo não pode continuar tão difícil de ser vivido e de se ter esperança -- não para todos os "Bills" que estão por aí agora, e todos os que estão por vir.

Alec leu a "Bill's Story" e me pediu pra incluir isto:

Depois da morte de Bill eu achei em um de seus cadernos o desenho do símbolo gay feito por ele, um triângulo rosa. Do outro lado ele escreveu, "Isto não é minha escolha. Isto não é forçado sobre mim. Isto apenas é."

Nós queríamos criar algum tipo de homenagem para o Bill, e como não chegamos a uma decisão consciente, nós percebemos que a melhor homenagem que podíamos criar seria as nossas próprias vidas - trabalhando para a eliminação do ódio destrutivo sem sentido que prevalece em nossa sociedade. Para aqueles que estão tocados pela estória do Bill nós pedimos uma coisa: juntem-se a nós.

© 1996 por Gabi Clayton