Clássicos e modernos            

17/11/2000
Pedro              Guerra
pguerra@mail.soci.pt



O Ministério Público está a investigar a              Câmara Municipal de Lisboa, o seu presidente, João Soares, e a              Dinensino, a cooperativa proprietária da Universidade Moderna. Tudo              por indícios da prática de eventuais crimes de corrupção e/ou              tráfico de influências. Esta investigação surgiu no âmbito do              chamado ?caso da Universidade Moderna?. O              Ministério Público (MP) resolveu separar os processos tendo extraído              uma certidão do processo principal. O procurador-adjunto que dirige              a investigação deste caso acusa a CML de dificultar as              investigações. No despacho em que ordenou a separação dos processos,              o procurador Manuel das Dores não podia ser mais claro: ?Foram              igualmente investigados nestes autos alguns factos que têm a ver com              as relações entre a Dinensino e a CML e os seus responsáveis.? Mais              adiante, o procurador da 9.ª secção do DIAP (Departamento de              Investigação e Acção Penal) de Lisboa explica que tais factos              investigados ?indiciam por ora a prática de eventuais crimes de              corrupção e/ou tráfico de influências?. O magistrado do MP, conforme              fez constar do seu despacho, decidiu, quanto a esta matéria,              ?continuar a recolha de indícios em processo penal autónomo?. O              procurador avança com uma justificação que compromete a Câmara              Municipal de Lisboa e o seu presidente: ?A autarquia não tem              colaborado minimamente às solicitações que lhe são feitas.? Em causa              poderão estar, de acordo com as mesmas fontes, documentos relativos              a obras realizadas na UM e que foram autorizadas pela CML.
João Soares ainda não              foi interrogado pelo MP. Só o presidente da CML poderá esclarecer              quais os motivos que levaram os responsáveis da Dinensino a realizar              as referidas obras em terrenos municipais. Um dos aspectos mais              complexos da investigação tem a ver com o facto de eventualmente não              existir nenhuma autorização camarária para a realização das obras.              Contactado por O Independente, João Soares, acerca              da falta de colaboração com a investigação, afirmou: ?Isso não pode              ter sido dito porque não faz qualquer sentido. A Câmara colabora              completamente.?
O prazo para requerer a abertura de instrução              pelos acusados no caso Moderna já              terminou. O último a fazê-lo foi José Braga Gonçalves, um dos filhos              do reitor .
Os seus advogados solicitam ao juiz do Tribunal de              Instrução Criminal (TIC) de Lisboa que declare nulos todos os autos              de apreensão efectuados sem indicação discriminada pelo menos do              número de documentos apreendidos. Além disso, a defesa alega que              faltam documentos comprovativos de despesas efectuadas pela              Dinensino.
Braga acusa ainda a investigação de ter usado métodos              proibidos de prova. Em causa estão os dois crimes de falsificação              com base em provas recolhidas graças à quebra do segredo bancário de              todas as suas contas. Acontece que a quebra do segredo bancário foi              autorizada pelo juiz apenas para investigação de um indiciado crime              de corrupção e de branqueamento de capitais. Na opinião dos              advogados, as provas obtidas não podem ser utilizadas para imputação              de um qualquer outro crime ou de crime diferente daqueles que              consentem a quebra de sigilo. Por tudo isto, a defesa requereu ao              juiz do TIC que estas provas sejam declaradas nulas.