-- No banco vi muitos créditos altos. O banco está folgado assim,
Silva?
--
Nem folgado nem quebrado. Em estado normal, diria. Saiba que os créditos
que você viu são débitos do banco.
-- Débitos? Como assim?
-- Débitos, sim, colega!
-- E de quem são os créditos?
--
De clientes e outros credores,
ou seja, de terceiros.
-- São dívidas, então?
--
São mais encargos do banco, grana que o banco recebeu
como depósitos, por exemplo.
-- E os débitos do banco onde estão lançados?
-- De forma clara, em lugar nenhum. Estão ocultos. É o outro lado da
moeda. Estão claros sim, mas na escrita contábil
dos credores.
-- Quer dizer que todo crédito na
escrita do banco é débito dele?
--
Não é bem isso! Mas a gente pode dizer que toda conta com saldo
credor é débito oculto do banco.
-- Entendi, Silva. Do lado dos saldos devedores, a mesma coisa ocorre?
--
Exato! Concluam, pois.
-- Saldos devedores de terceiros são créditos ocultos do banco. Posso dizer assim?
-- Sem dúvida! Mesmo ocultos, não devem ser
perdidos de vista. Vejam estes registros: saldos devedores, débitos de clientes
ao banco. São, pois...
--... créditos do banco.
--
Exato!
-- Entendi! Para todo débito há um crédito
igual e vice-versa. Certo?
-- Isso mesmo! Não há devedor sem credor e vice-versa, em registros ou
saldos.
-- Saldos? Que são saldos?
-- Soma dos débitos menos soma dos créditos. Se o resultado é
maior do que zero (positivo), o saldo é devedor. Se é menor do que zero
(negativo), o saldo é
credor. Se as duas somas são iguais, o saldo é nulo.
-- Mas o total de saldos devedores
não é igual ao total de saldos credores?
--
Sim para todas as contas. A soma de todos os saldos devedores será
sempre igual à soma de todos os saldos credores. É uma conseqüência lógica
do princípio básico: não há débito sem crédito igual; não há devedor sem
credor.
-- Mas pode haver algum caso em que essa igualdade não se mantém?
-- Pode apenas se a escrita estiver errada.
-- E os valores que se igualam no passivo e no ativo?
--
Caso a caso, nem sempre há essa igualdade. Ocorre sempre quanto às
somas totais: o total do ativo será sempre igual ao total do passivo.
-- Por quê?
-- Pelo que já disse. Veja bem, colega: uma empresa pode tomar um empréstimo
a um banco e usar a quantia em seu ativo.
Assim, a fonte dá origem a vários usos. Às vezes, o uso no ativo é
gerado por uma desaplicação no ativo. Exemplo: venda à vista de mercadorias.
Saiu de Mercadorias e entrou no Caixa. Mas sempre haverá uma soma de
usos igual à soma de fontes (ativo igual a passivo). É a equação do patrimônio.
-- Perfeito!
-- Aprendam mais: os depósitos, que têm saldos credores,
são créditos claros de terceiros e débitos ocultos do banco. São fontes ou origens. São
operações passivas porque geram débitos
para o banco. Ficam no passivo, pois.
-- Mas um depósito pode ficar no vermelho se o banco pagar cheque sem
fundo. Aí, o saldo fica devedor. Não é?
-- Perfeito! Se a conta fica devedora, passa a ser crédito do banco. A operação passiva vira ativa. Vai para o ativo.
-- E as aplicações do banco com saldos devedores?
--
São débitos claros de clientes, créditos ocultos do banco. São
operações ativas. Ficam no ativo.
-- Mas se o cliente pagar mais do que deve?
-- Aí, nesse caso, o saldo devedor vira credor, ou seja, débito oculto
do banco. Vai para o passivo. É crédito do cliente,
em geral lançado na conta de depósito dele.
...