<%@ Language=VBScript %> A Contabilidade como instrumento do futuro para distribuir renda

 

OPINIÃO:

 

Amar a humanidade é fácil. Difícil é amar o próximo (Henry Fonda)

VIA PARA O PRIMEIRO MUNDO

 Lucros repartidos,

 renda distribuída

 

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho ( Gandhi)

 

 

                Eis uma forma simples de distribuir renda: a lei fixaria como limite do lucro do capital um percentual sobre os custos apurados. O excedente seria ganho do trabalho, além do salário. A participação no resultado dependeria, assim, de norma legal e não da liberalidade de empresários. Não seria esta uma via ao palco do Primeiro Mundo? A estrutura salarial de cada país deve atuar muito mais como causa que como efeito do desenvolvimento.

              Os assalariados, cientes da origem da vantagem adicional, estariam voltados para o êxito maior da entidade. Vestiriam mesmo a camisa da organização, ao contrário do que ocorre hoje, em geral.

Caixa dois, não!

 

                A intenção de fazer caixa dois  seria barrada pelos empregados que poderiam até denunciar o ilícito. Quem, em regra,  faz ou alimenta essa escrita paralela a não ser eles? Cada assalariado vai vestir mesmo a camisa de sua empresa, sendo um fiscal  escrita real

             Com uma escrita real, muito lucrariam os governos e a sociedade.  O consumo explodirá junto com a receita de impostos, com melhoria para todos. A maioria dos tributos cobrados para fins sociais poderia ser extinta, porque melhoria dessa natureza já estaria obtida sob essa forma de participação nos lucros. 

                .  

Poder de compra

 

            Ganhos relativos menores do capital podem trazer lucros absolutos maiores deste  (exemplo numérico) em face do aumento do poder de compra da coletividade. 

            Para exemplificar, os Estados Unidos, sem tradição futebolística, provaram na Copa do Mundo de 1994 o que pode fazer um poder de compra melhor: estádios cheios em todos os jogos, apesar de ingressos caros sob nosso ponto de vista. Se esse evento fosse realizado aqui no Brasil, a coisa seria bem diferente. Com ingressos ao preço aproximado de metade de nosso salário mínimo, os campos talvez enchessem apenas quando a seleção verde-amarela jogasse. 

             Empresas brasileiras, em geral, têm lucro relativo  elevado em face de o poder de compra da maioria do povo ser baixo? Ou esse poder aquisitivo é baixo porque o lucro relativo do capital é alto? 

Exemplo numérico

 

            Uma empresa, por hipótese, vende mil unidades a 130 reais cada. O apurado é de 130 mil reais e o lucro, de 30% sobre o custo, vai a 30 mil reais. Se as vendas sobem a dez mil unidades ao preço de 106 reais cada, o apurado passa para um milhão e 60 mil reais.  Com lucro de apenas 6%, o ganho absoluto pula para 60 mil reais. 

             A redução de 80% no lucro relativo dobrou o lucro absoluto. O preço unitário baixou em 18,5%. As vendas cresceram dez vezes porque o preço baixou e, naturalmente, o poder de compra subiu na outra ponta. Resultado: todos acabaram lucrando. 

             Isso explica por que confecção em Miami pode ter preço menor que aqui, mesmo com  a alta do dólar e apesar de o salário mínimo lá (700 dólares) ser cerca de nove vezes os mirrados 240 reais daqui. 

 

Caso da sulanca 

 

              A  sulanca de   Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco, de que trata este site entre outras coisas, pode ser bem um exemplo vivo do que podem fazer um lucro relativo baixo e uma equilibrada distribuição de renda onde todos podem trabalhar e progredir.
             Citada atividade, baseada em custos reduzidos mediante, inclusive, a participação de familiares em muitas  unidades produtivas, tem lucros relativos baixos. Com isso, se busca vender mais para, no final, obter  lucros absolutos maiores. 

             Lucros relativos pequenos podem trazer vendas maiores. A equilibrada distribuição de renda, no caso, implica em ganhos melhores para todos. O resultado está no bem-estar geral da população santa-cruzense (pode haver exceções, mas são exceções) e no crescimento rápido da cidade.           
             Assim como só o amor constrói para a eternidade, só uma racional distribuição de renda pode construir o progresso real que é a melhoria de condições vida para todos ou para a grande maioria.

 

Via pessoal

             Cada um pode, dentro de seus limites, fazer sua distribuição de renda. Basta dá um pouco do que tem a quem nada tem, não só no Natal, mas durante todo o ano. Há tantas instituições de caridade, tanta gente a  esperar por ajuda!  Basta sacrificar um pouco a cerveja, o lazer, o saldo bancário, para ajudar o semelhante necessitado. Essa é a distribuição de renda feita entre as pessoas. Se todos que podem a fizessem o tempo todo, não haveria fome, sem dúvida. 

 

Domínio público

 

             Nem capitalismo irracional nem socialismo estatizante. A idéia contábil sugerida teria a livre iniciativa do primeiro sistema e o justo princípio distributivo do segundo. Algo parecido com o capitalismo japonês. Não seria isso uma sabedoria?  Não seria um modo de repartir o pão de modo cristão? 

             Se essa fantasia  vier a ocorrer algum dia, a leitura e a interpretação de peças contábeis passarão a ser de domínio público, sem prejuízo das funções atuais de contadores. A Contabilidade exercerá, então, seu grande destino.  

            Os conflitos entre capital e trabalho diminuirão, com certeza. Os trabalhadores lutarão pelo maior sucesso da empresa que, de certo modo, será sua também. O mundo será mais justo, sem dúvida.

        

 

Intenção das sementes

 

             Há outras vias para eliminar a acentuada pobreza no Brasil, mas o modelo apontado é, certamente, um desses caminhos. Vale a pena buscá-lo.  Muitos poderão ser os obstáculos a vencer. Repartir lucros é distribuir renda. É preciso tentar. Vale a pena, pois como bem disse Henfil,

Se não houver frutos,  
Valeu a beleza das flores!
 
Se não houver flores,
 

Valeu a sombra das folhas!

Se não houver folhas,
 

Valeu a intenção das sementes!

           

Henfil (Henrique de Souza Filho - 1944 - 1988) - Chargista, humorista, com incursões no teatro e no cinema, foi considerado o mais brilhante cartunista brasileiro de sua época. Hemofílico, morreu vitimado pela AIDS, contraída numa transfusão de sangue.

visitas - estatísticas atualizadas desta página (clique ao lado):   See who's visiting this page.

 

Voltar ao início da página

Atualizada em 04/06/2004