<%@ Language=VBScript %> Privatização da CHESF - versos livres

 

OPINIÃO

Vão vender o rio São Francisco também?

 

Leilão da CHESF

 

 

 

 

 

 

Águas bem domadas
e amadas bastante ,

a fornecer energia,

podem ser batidas

e divididas igualmente 

por martelo valente

elaborado de cobre!

Se têm natural energia,

têm uma força postiça

Impura forma líquida

de doença acometida?
Ou seria mera riqueza

batendo em pureza?

 

 

Ondas espumantes

de Paulo Afonso, Xingó,

Sobradinho, Moxotó

e de outras usinas,

de vagas errantes,

a todos proclamem

canduras cristalinas,

ou culpa confessem!

 

 

Correntes interiores,

a processar turbinas,

elevam cursos externos,

mergulhando o real nosso

na maré do mundo externo!

 

 

Em 50 anos vicejou,

59 vezes avançou,

maior firma no ramo

no quadro brasileiro,

produzindo energia,

vai do Piauí à Bahia!

 

  

Dá-la por papel pintado

para cobrir o vermelho
no mundo globalizado

é negócio de bobos

com sagazes lobos,

ou de jogador abatido

a vender o possuído?

 

 

Seriam os compradores

manhosos engenheiros

de belas obras feitas,

ou astutos guerreiros

a lutar batalhas ganhas?

 

 

O destino demolidor

da concreta fantasia,

de linhas de coser

do  desbravador,

seria uma patologia,

e estaria a renascer?

 

A batalha gloriosa

do bravo Apolônio

teria sido ociosa

ou de puro ozônio?

E se esse guerreiro,

tal audaz cavaleiro,

em acesso de cólera,
se levantar da tumba
para acerto de contas 
com vendedores afoitos 

de sua linda quimera
de amores apaixonados?

 

 

Rudimentar casa
ser alienada poderia

sem hábil assinatura

em capaz escritura?

Se o menos é vedado,

o mais está liberado?  

Espantoso sucesso

do princípio inverso!

 

 

Se cada usina conduz

a variado social uso 

do velho Chico amado,

no emocional negócio  

do nacional desligado,

Chico-rio, credo-em-cruz

acabaria privatizado!?

 

 

O velho Chico na mão

não acaba superando

mil controles voando,

e ele em alheia mão?

 

 

Alienar hidrelétrica

entregar não seria,

a troco de metal vil,

vasto ouro energético,

verde-amarelo-azul-anil,

em comércio aético?

 

  

Com martelo em ação,

rios, riachos, cachoeiras,

em caudalosas fileiras,

querem levar a leilão:

“Quem dá mais prata

pela jóia de cascata”(?)

pode gritar o pregão.

 

 

Querem partir a empresa

em três distintas bandas;

é para facilitar sua venda

a cisão assim às carreiras

como quem carne corta?

Ou é só mero remédio

para curar dela a proeza

de ser grande, dar certo

em meio século de vida?

Dividir assim usinas e rio

pode ser idéia de jerico,

exato estudo invertido

ou semancol necessitado.

 

Dividir ou vender podem 
até o mar deslumbrante,

mas modificar não podem

sua suntuosa grandiosidade,

mão de Deus materializada,

síntese pronta e acabada

de toda a água havida,

de todas as bandas da vida,

de todo e qualquer rincão,

privatizada, doada ou não!  

 

 

FIM

Recife, janeiro/2002

 

Apolônio Sales (1904 - 1982), político pernambucano, herói da CHESF .

CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco.

Desbravador - Delmiro Gouveia (1863-1917), empresário empreendedor, muito realizou no Recife no final do século 19. Pioneiro do uso de Paulo Afonso na eletrificação do Nordeste, fundou no começo do século 20 uma indústria de linhas de coser em Pedra/AL, usando energia da cachoeira. Foi  assassinado em 1917 em condições misteriosas. Doze anos depois, as máquinas de sua fábrica foram destruídas e jogadas nos penhascos de Paulo Afonso.  


Nota: este trabalho foi transcrito nos Anais da Assembléia Legislativa de Pernambuco, em 25.05.99, por proposição do Deputado Augustinho Rufino.

 

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Revisada em 14/04/2004