<%@ Language=VBScript %> Privatização da COMPESA -  Pernambuco - Brasil (versos livres)

 

OPINIÃO

Vão vender açudes públicos, feitos com grana do povo?

Pernambuco

Venda da COMPESA 

 

 

 

 

Muita água tem o mundo,
"vasto palco de Raimundo"
e de figurantes incertos,
pois dois terços do mundo
são por água encobertos!

 

 

“Da água aceite a paga
no mercado decretada,
ou tenha sede danada”
diria dura publicidade
da gostosa água doce,
vendida na totalidade
como se cerveja fosse.

 

 

Querer impor ao povão
água doce toda vendida
como pão, arroz e feijão,
de forma toda irrefletida,
é penoso ataque patente
à multidão mais carente.

 

 

COMPESA, bem ou mal,
água leva a muita gente,

saneamento desenvolve,

saúde pública promove,

engenharia sanitária faz;

faz investimento pesado,

com retorno demorado,

na certa, com prejuízo!

E era pra obter ganhos,

infligindo à vida danos,

sem juízo, sem motivo,

a vender o insubstituível

como se fora pescado

que pode ser trocado

por algo comestível?

Seus possíveis prejuízos
não são só meros pedaços
de impostos recolhidos
e com justiça devolvidos?

 

 

Sem da água elevar o preço, 

porventura o setor privado,

dentro da lógica do mercado,

estaria nisso interessado?  

 

 

Vender mananciais
de vários usos sociais
é, por clara analogia,
vender o Alto da Sé
ou a Praça do Jacaré,
o que ninguém faria.

 

 

Se o Estado persistir

em açudes a erguer

e em água a difundir

a desvalidos sem fim,

por que vai vender
a COMPESA, enfim?

É pra deixar relegados,

em inteira insensatez,

milhares na indigência,

postos na dependência

de forças de mercados,

em crises de escassez?  

 

Se tudo ficam a vender,
o Estado, minimizado,
fica de fato privado,
sem ter o que oferecer.

Seria a vez de extinção

a cada venda cometida

da tributação respectiva,

como numa devolução?

 

 

Se mesmo bem público

vai acabar privatizado,

há profecia diferente

da do beato penitente:

sertão não vai ser mar

nem mar vai ser sertão,

mas público será privado,

privado será particular?

 

 

Vendida a COMPESA,
o preço da água virá
de forças de mercado,
ou o que acontecerá?
O serviço procurado
maior que o ofertado,
diz a lei de mercado,
ingressa na carestia;
pobreza sem vintém,
Biu, Lia, zé-ninguém,
que triste sina teria?  

 

 

Vender toda água doce

por fria lei de mercado

como se guaraná fosse

poderia ser apropriado

num mar de felicidade

num estado de riqueza,

irmanado pela caridade,

sem tamanha pobreza,

sem tanta gente excluída

num Pernambuco ideal,

nunca num estado real!

   

 

COMPESA especial

possui duas bandas:

a banda da riqueza,

 a banda da pobreza;

uma é mina de lucros,

outra, fonte de danos;

uma está na capital,

outra fica no interior;

as duas vão levando,

uma mão outra lavando,

as duas regando os pés.

Mas sabido comprador,

de olho apenas em filés,

quer levar só a principal,

na outra ponta deixando

o osso com o vendedor!

Tal enxuta visão global

que o livre mercado tem

pode ser a ventura geral

de milhões sem vintém!

 

FIM

Recife, janeiro/2002

Beato penitente - Antônio Conselheiro ( Guerra de Canudos - 1897);

Alto da Sé e Praça do Jacaré - logradouros de Olinda/PE;

COMPESA - Companhia Pernambucana de Saneamento..

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Revisada em 14/04/2004

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