SATANISMO>> DEMÔNIOS

Retirado do "Dicionário Judáico de Lendas e Tradições", de Alan Uterman
 
 
 

Azazel
Destino do bode expiatório que carregava os  pecados de Israel para o deserto no Iom Kipur (Lev.  16). Dois bodes idênticos eram selecionados para o ritual. Um era escolhido, por sorteio, como oferenda a  Deus, e o outro era enviado para Azazel, no deserto,  para ser lançado de um penhasco. O sumo sacerdote  recitava para o povo uma confissão de pecados sobre a  cabeça do bode expiatório, e uma linha escarlate era  enrolada, parte em volta de seus chifres, parte em  volta de uma rocha no topo do penhasco. Quando o bode  caía, a linha tornava-se branca, indicando que os  pecados do povo haviam sido perdoados. Embora a  palavra Azazel possa se referia a um lugar, ou ao  bode, também foi explicada como sendo o nome de um  demônio. Os pecados de Israel estariam, pois, sendo  devolvidos à sua fonte de impureza. Os cabalistas viam  no bode um soborno as forças do mal, para que Satã não  acusasse Israel e, ao contrário, falasse em sua  defesas. Azazel é também o nome de um anjo caído.
 

Behemoth
Behemot (hebraico "fera", ou mais propriamente, "feras") Animal de proporções gigantescas mencionado  na Bíblia (Jó 40), e o equivalente terrestre ao  monstro marinho chamado Levitã. Behemot é do tamaho de  mil montanhas e bebe tanta água diariamente que um rio  especial emana do Paraíso para saciar sua sede. Ele  ruge uma vez por ano, no mês de Tamuz, para  aterrorizar os animais selvagens do mundo e mantê-los sob controle. Na Idade do Messias, Behemot e Leviatã  matar-se-ão um ao outro e sua carne será comida no  grande banquete messiânico.
 

Samael
Samael. Principe dos Demônios, líder dos anjos que foram expulsos do céu, chefe das forças d Sitra  Achra e marido de Lilith. Samael tem pele escura e  chifres. É identificado com Satã e a Inclinação para o  mal, e é o principal acusador de Israel no céu, onde  se opõe Miguel, o anjo guardião de Israel. Foi Samael  quem enviou a serpente para seduzir Eva no jardim do Éden. Ele é ativo à noite e tenta os homens ao pecado.  Quando pecam, eles aumentam o poder de Samael e permitem-lhe ganhar controle temporário sobre a Sechiná, trazendo calamidade ao mundo. Para mantê-lo  sobre controle, a Cabala recomenda que se ofereçam > certos rituais como suborno a Samael, assim como lhe  eram oferecidos os bíblicos bodes expiatórios,  lançados no deserto em Iom Kipur. Como ele simboliza  tudo que é mau e impuro, seu mero nome, que  significa "veneno de Deus", é evitado, e a ele se  refere eufemisticamente ou de forma abreviada. A  tradição cabalística o associa ao Leviatã. No Shabat e  nas festas ele não tem poder sobre o mundo.
 

Satan
Satã. Promotor celestial, na Bíblia (por exemplo, em > Jó 1 e 2), cujo nome significa "o acusador". Mais tarde Satã veio a ser considerado como o rei dos  demônios, que se rebelara contra Deus e fora expulso  do céu. Ao exilar-se do céu, levou consigo uma hoste  de anjos caídos, e tornou-se seu líder. A rebelião> começou quando Satã, o maior dos anjos, com o dobro de  asas, recusou prestar homenagem a Adão. Este era uma  mera criatura feita de pó, enquanto Satã fora feito do esplêndor do Próprio Deus. Satã ficou com ciúmes do  status de Adão, e desejou Eva para si mesmo. Ele  esteve por trás do pecado de Adão no Jardim do Éden.  Por meio da Serpente, manteve relação sexual com Eva e  foi pai de Caim; ajudou Noé a embriagar-se cm vinho e > tentou persuadir Abraão a não obedecer Deus no  episódio da akedá. Também iludiu os israelitas,  fazendo-os acreditar que Moisés estava morto e  induzindo-os assim a adorar o Bezerro de Ouro. O  Talmud conta como uma vez o grande Akiva despiu todas  as suas roupas e começou a subir numa palmeira, quando  Satã apareceu-lhe na forma de uma mulher nua, sedutoramente reclinada em seus galhos. Um cabalista  do séc. XV, Salomão Della Reina tentou sobrepujar  Satã, mas foi derrotado e tragicamente forçado a se  submeter ao domínio satânico. Satã veio a ser  considerado a personificação da malignidade, e  conhecido por vários nomes diferentes, o mais  importante dos quais é Samael. Como inclinação para o  mal, ele tenta o homem ao pecado, e ninguém, por mais  santo que seja, está livre de seus artifícios, pois  pode aparecer sob muitas formas diferentes. É mais  ativo em tempos de perigo, e diz-se que as pessoas que  falam coisas malignas estão "abrindo suas bocas a  Satã", dando-lhe oportunidade de realizar aquela mesma  malignidade. Alugmas orações da liturgia visam a  manter Satã afastado do homem, e o toque do Shofar em  Rosh ha-Shaná tem o efeito de confundí-lo, para que  não lembre a Deus os pecados de Israel. Ele não tem  poder no Iom Kipur, quando os judeus se dedicam à  oração e ao arrependimento.
 

Sithra Achra
 Sitra Achra (aramaico, significa "outro lado"). Nome genérico para as forças demoníacas, estruturadas na  forma de Sephiroth de impureza, que desempenham um  papel central na Cabala. O sitra achra surgiu como  parte do processo de emanação, devido à necessidade de  auto-limitação dentro da Divindade, para que um mund  de entidades finitas pudesse ter uma existência  separada do divino. É, assim, um produto do Tsim-Tsum  e da justiça constritiva da quinta sefirá (guevurá),  que equilibra o transbordante amor divino. O lugar do  sitra achira é no lado esquerdo, n burado do grande  abismo governado por Samael e Lilith. O sitra achra  não tem energia própria e é parasita da luz divina  para sua atividade. Os pecados do homem suprem o sitra  achra de energia suficiente para separar a Shechná de  seu divino esposo e para força-la a uma relação  adúltera com Samael, trazendo com isso catástrofe  para o mundo. Embora o sitra achra não seja uma  entidade independente oposta a ele frusta, para todos os fins e propósitos, o desenvolvimento espiritual do  mundo de Deus. Na forma de inclinação para o mal ele  leva o homem ao pecado, e cobre a santidade, assim  como uma casca - kelipá - cobre uma fruta. No Shabat  as foorças do mal têm de abandonar todo o controle que  tenham sobre o mundo, e os demônios do sitra achra é  descrito como uma espécie de anti-matéria, que reflete  a realidade sefirótica através de um espeho  deformador, assim como o macaco representa uma imagem  distorcida do homem. Na Idade do Messias o sitra achra  cessará de romper a harmonia da Criação. Segundo  alguns cabalistas, o próprio Samael será capturado  pelo anjo Miguel e trazido ao povo de Israel  acorrentado em cadeias de ferro. Após o diabo ter-lhe  expurgado, ele transforma-se-á num agente de  santidade, e a luz divina iluminará o sitra achra.