Sábado,
22 de abril de 2000
- Finalmente,
depois de tanto tempo, voltamos à velha e boa Ponte MetallicA, que
costumava ser um verdadeiro lar para nós, quando éramos jovens
e olhávamos juntos na mesma direção. E o melhor de
tudo é que o passeio não broxou, ou seja, foi como nos velhos
tempos! Já nem lembrávamos mais de como é boa a sensação
de estar lá sentado naquele chão, tocando violão e
contando episódios a noite toda. Foi mesmo uma volta e tanto! O
único ponto fraco da noite é que não foi todo mundo,
nem mesmo a Deiane e o Duílio, que iam sempre, mas que também
já prometeram que vão estar de volta muito em breve. Mesmo
assim, compareceram o Igör, o Rafael, o nosso amigo Odorico Leal,
o Jax, a Carol, o Victor, a Micheline, a Cecília, o Davi, o Gabriel,
a Geórgia (ééé, a Marília Geórgia,
lá do #Fuleros!), além de três convidados especiais,
vindos lá de natal: o Fábio (isso mesmo, aquele do "T pousava
aqui em Fortaleza (antes de existir o Langobar, ele ia a essas nossas reuniões,
mas, em 1997, foi morar em Natal-Rn), e o Clóvis, amigo deles. Quando
chegamos lá, havia um grupo de evangélicos tocando músicas
de temática religiosa. Pareciam bastante empolgados, tanto que o
Igor e o Odorico nem conseguiram executar as músicas do AC/DC que
pretendiam. Depois de um tempinho, um dos crentes chegou para nós
pedindo os violões para tocar "só uma música". Não
iríamos negar, não é mesmo? O problema é que
não foi apenas uma música que eles tocaram. Foram milhares!
Piorou quando chegaram uns caras com umas camisas estilizadas, nas quais
se podia ler "Oficina G3". Devia tratar-se de algum grupo evangélico
ou coisa parecida. Quando estávamos de saco cheio daquilo tudo,
resolvemos pedir os instrumentos de volta, mas um dos mecânicos da
tal oficina do Senhor havia acabado de trazer outra viola, meio azul, que
foi essencial para que eles tocass . O refrão dizia mais ou menos
assim: "OoH Aleluuuia! OoH Aleluuuuia! Uououou!". Depois de passado o pior,
pudemos tocar algo de nossa predileção. AC/DC, Guns N' Roses,
Iron Maiden, Led Zeppelin, Black Sabbath e Raul Seixas se pronunciaram
através das seis cordas . Vale ressaltar que foi nessa hora que
o Igor percebeu que o tal crente mão-leve havia ficado com a sua
palheta e ido embora lhe me dar satisfações. Papai Noel (o
apelido do Davi de Natal-Rn) tocou um pouco de Ramones, Nirvana e Legião
Urbana, assim como o fizeram os joblens Rafael e Odorico. Quando passou
da meia-noite, resolvemos ensaiar a música que em breve lançaremos
em CD, K7 e LP: "Esdras, The King". Pelo que deu para perceber, o pessoal
está com o gogó bem afinadinho, então vai ser só
chegar no estúdio de gravação e mandar bala! Cantamos
a tal música até a paciência estourar, só então
o repertório tomou outro rumo, com uma interpretação
bem bacana de "Que País É Esse", sob o público, que
inclusive pediu "mais um" quando tivemos que deixar a ponte. Nesta hora
surgiu o nosso grande amigo Ernesto, exímio guitarrista, diga-se
de passagem. Gostaria de frisar também que nosso velho conhecido
Tássio,
como de costume,
estava lá, com aquelas calças boca-de-sino bem legais que
ajudam a compor seu figurino. Retomando nossa saída da ponte: fizemos
o percurso pela rua do Bodegón, terminando-o no posto de gasolina,
onde ficamos a esperar o Sr. Davi Cabeludo, que havia ido comprar uma garrafa
de vinho, para que celebrássemos o Sábado de Hallelujah do
modo como manda a tradição. Pedimos uns copos descartáveis
ao funcionário do freeshop do posto e fomos degustar o mais puro
suco de uva do outro lado da rua. Acabou. Mas ainda queríamos mais.
O Sr. Davi tratou de providenciar outra, melhor do que a primeira. Começamos
a jogar conversa fora sobre diversos assuntos, aí os caras de Natal-Rn
resolveram dar uma volta. Pouco dep á bem conhecida dos tempos mais
remotos. O mais curioso aconteceu aí: o vigia do prédio viu
nossa garrafa, perguntou de quem era, aí amarelamos e dissemos que
não sabíamos de nada. Raciocinem aí: se disséssemos
que sabíamos, provavelmente ele nos deduraria aos oficiais de polícia,
que não estavam muito longe dali. O velhote se aproveitou de nossa
falta de coragem momentânea e catou a garrafa para beber lá
dentro de sua cabine de serviço. Mas, mesmo assim, já estávamos
bem felizes pelo simples ato de estarmos ali, vivendo aquele momento lindo,
como costumávamos viver antigamente, na época em que a vida
era simples, não tínhamos nada com que nos preocupar, e a
amizade vencia tudo. Inclusive o tempo, como pudemos comprovar nesta data,
que equivale a mais uma página escrita para o livro de nossos dias.