INFERNAL DOMINATION zine #1, c/o
Luiz Carlos Golgotha, Rua Dr. Lino Machado, 222, João
Paulo, São Luís / MA, 65040-040, Brasil
Abril'99
1.
Para iniciarmos, gostaria de saber da história do
Morcrof.
PAULLUS: No final do ano de 92, após
várias tentativas de por em prática nossas filosofias,
Caecus Magice (nosso ex-guitar) e eu conseguimos
estruturar nossos ideais dentro de uma ordem que
denominou-se Morcrof. Compomos doze sons em nossa
primeira formação na qual registramos em uma demo
reh'94. Em 95, Caecus Magice e Admissum (ex-batera)
deixam a banda e em seu lugar entraria R.Matheus na
guitarra e B.Gênes Hajj-Ahriman na bateria no mesmo ano.
No início de 96 Pétros Nilo entra no lugar de
R.Matheus. Ludwick, Bontus, Bressan, Nilo, Paullus e B.
Gênes gravaria a debut DT'96 "Scientia Ab
Mortuus" com dois sons e um cover e realizaram
alguns shows em São Paulo juntamente com profanas
bandas. Em 97 iniciou-se alguns desentendimentos da banda
para com atitudes de B.Gênes na qual propiciou sua
saída em março de 98. Em Abril do mesmo ano Slaughter
(ex-Necroneiser) somou-se à banda mas não obteve
êxito, saindo em junho. Diante desses problemas, a banda
se uniu em prol de um único objetivo que foi justamente
a gravação de uma nova Tape com registros de músicas
compostas entre os anos de 95 à 98, para tanto,
decidimos que Eu deveria suportar a bateria até a
entrada de um novo músico. Em novembro de 98 entramos em
estúdio e gravamos 9 sons dos quais 7 foram editados
para divulgação do novo material já disponível. Em
janeiro de 99 conseguimos contato com um novo batera que
se mostrou pronto a servir os objetivos da Morcrof
fazendo-se assim com que voltássemos a ensaiar novamente
completos em março de 99.
2. Com uma Demo-Tape lançada a
nível nacional, defina o que realmente quiseram passar
ao público.
PAULLUS: Mensagens de quanto somos
vulneráveis diante da vida e da morte. Perturbados
pensamentos quanto ao sentido vivente relacionados a
todos os caminhos que percorremos sobre um hedonismo
inconsciente dentro do ciclo da lei natural: nascer,
crescer, procriar e morrer.
3. Fale de suas composições. Quais
as inspirações que obteve para concluir suas músicas?
PAULLUS: As inspirações me vêm a
noite quando medito com meus próprios pensamentos o que
vi e vivi depois de um dia comum, da qual reparo a cada
ato involuntário das pessoas em seus modos de se vestir,
comer, trabalhar, falar, pensar, crer... Observar os
valores que cada pessoa tem consigo mesma como correta e
verdadeira quando na verdade não há ilusão maior que
essa, pois essas convicções trazem as discórdias que
nos abituamos a relevar ou a enfrentar com cada
semelhante e consigo próprio em todos os dias em que
vivemos... tão evoluídos está o homem; como podemos
nos permitir cultuar tradições tão insignificantes
fazendo-nos parar no tempo? Crescemos e evoluímos a cada
instante mas não conseguimos nascer ainda de uma
placenta arcaica, mostrando-nos em muitos aspectos que,
somos tão semelhantes quanto um homem primata. Esses
pensamentos sobre nosso existencialismo fazem parte de
nossas inspirações e isso faz parte de nossas verdades
na qual poderá trazer a discórdia ou não de quem ler
esta minha resposta.
4. Explique-nos deste período que
passaram sem gravar algo, o que rolou neste intervalo?
PAULLUS: Depois que gravamos
"Scientia(...)", saímos para divulga-la em
shows e entre reais cultuadores da música extrema no
Brasil e no exterior. Recolhemos bons frutos disso. Entre
esse meio tempo, compomos mais algumas músicas e letras
até a saída de B.Gênes no início de 98, que foi
quando passamos por momentos conturbados. Porém, o
objetivo da Morcrof esteve sempre voltado para nossas
vontades, fazemos o que gostamos, compomos o que
sentimos, somos o que somos realmente e não devemos nada
pra ninguém. Buscamos contornar todas as dificuldades
com muita dignidade para concluímos uma nova tape.
5. Como estão os shows? Quais os
coveres imposto neste aspectos?
PAULLUS: Estamos parados em shows desde
dezembro de 97, quando foi a última apresentação da
Morcrof ao vivo, após esse último festival, seguimos na
horda sem baterista, e, sendo assim não poderíamos
tocar em festivais do qual tocávamos alguns coveres do
poderoso Celtic Frost (old), Rotting Christ (old),
Bathory (old)... Gostamos de tocar velharia quando se
trata de coveres.
6. Gostaria de transmitir o que
estão preparando? Quais as inovações e rumos que
estão tomando?
PAULLUS: Dentro da proposta inicial da
Morcrof que é cultuar a música extrema juntamente com
os estudos do existencialismo humano, deixamos que nossos
próprios espíritos nos guiem para o que deva ser
inovador; e, a cada rumo que tomamos é verdadeiramente
frutos de nossos pensamentos e filosofias atuais. No
momento, o que preparamos é a nossa volta aos palcos
para lançar nossa nova tape e apresentar nossa nova
formação... lamentavelmente ainda não tenho uma
previsão para isso pois nosso batera ainda esta
assimilando os sons.
7. Comente sobre o lado Ocultismo /
Satanismo assim como a questão ideológica da Morcrof.
PAULLUS: Trabalhamos em dois tipo de
consciência que são exatamente nossas constituições
espirituais destrutivas e construtivas. O ocultismo nos
ajuda a entender e a enxergar uma estrutura universal de
conhecimentos mantidos inconsciente aos profanos na
escuridão do saber. Para mim o homem não descobre, mas
sim redescobre o que conhecia em outrora. É como
música; as melodias estão no ar, basta você ter a
sensibilidade de captar sua vibração e reproduzi-la...
Nesse caso, a melodia sempre esteve ali, sempre existiu,
o músico somente a reproduziu... Quanto ao satanismo em
si, nunca me deu uma resposta convincente quanto a nada,
só ofereceu-me os excessos prazerosos que a vida mundana
pode nos proporcionar inclusive na apreciação da beleza
de atrocidades, porém isso para minha busca espiritual
é muito pouco e limitado,... O poder de sedução do
demônio é tão forte quanto a do homem desejar. O que
busco realmente é um caminho que me esclareça o sentido
existencial de viver e morrer, o encontro com uma verdade
única e não conceptual de cada pessoa, uma resposta que
está dentro de mim e de todos no lugar mais escuro de
nossa inconsciência na qual é impossível de se chegar
sem se enlouquecer. Acredito que esse ponto é exatamente
o bulbo, perto do cérebro, a clausura de nosso
espírito, o big bang de nosso universo... O lugar onde
realmente eu procuro para entrar, alheio à qualquer
dogma. A redescoberta da compreensão da verdadeira
concepção do elixir da vida.
8. Em sua visão, quais as bandas
que manterá real neste aspecto e quais irão desmontar,
acabar e abandonar o lado negro?
PAULLUS: Essa resposta é impossível de
se afirmar; ninguém sabe nem de seu próprio futuro,
quanto mais dos outros. "Um mesmo corpo nunca entra
em um mesmo rio duas vezes". Mesmo que uma banda se
desmanche ou deixe o lado negro, suas mensagens vão
ficar para quem quiser segui-las... O que foi escrito nem
a morte apaga. Veja o grande Venom; assumiu publicamente
que tudo que fazia era brincadeira e por dinheiro;
porém, quem discorda que banda seja o pai do Black
Metal? Quem discorda que o Venom, mesmo com toda sua
máscara caída não deixou seguidores pelo mundo que
levaram a sério suas letras e atitudes que para o
"Cronos" não passava de ficção? Acredito que
ao pactuar com o lado negro você nunca mais volte a ser
o mesmo, quanto mais se você escreve ou compões,
transformando suas fantasias em realidades para outros
que estão por vir.
9. Morcrof: Dê o significado para
os leitores que ousam ler esta entrevista.
PAULLUS: Morcrof é radical da palavra
MORCROFilis no qual era uma palavra usada pelos povos
arcaicos para todas as definições de mortes
inexplicáveis. Em síntese significa mortes misteriosas.
10. Q que podemos esperar de seu
novo trabalho? É tudo que queriam expressar? Estão
satisfeitos quanto a isto?
PAULLUS: O trabalho saiu como
pensávamos, ou seja, com uma negra atmosfera mística.
Gravamos no total de nove sons mas deixamos dois sons
fora da mixagem e da edição por não acharmos que tenha
ficado bom para ser divulgado; sendo assim divulgamos um
total de sete sons registrados em formatos de DT e CD-R
demo. Estamos particularmente satisfeitos independentes
do que essa tape pode nos proporcionar.
11. Diga-nos quais os planos para o
futuro.
PAULLUS: De imediato almejamos divulgar
nosso novo trabalho e ensaiarmos bastante almejando
voltar aos palcos com a nova formação. Desejamos isso
ainda para esse ano de 99.
12. Nós do Infernal Domination Zine
agradecemos por esta honrosa entrevista e o espaço é
seu por agora; deixe-nos suas palavras finais para os
leitores desde debut fanzine.
PAULLUS: Eu que me sinto honrado por ter
participado de tão profano trabalho como este, que,
acima de tudo apresenta o interesse de suportar as
verdadeiras hordas que lutam por um cenário metal mais
digno e real. Hail!
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