O grunge, enquanto movimento musical, nasceu
em Seattle (cidade que viu nascer Jimi Hendrix) nos finais dos anos 80 com bandas como Nirvana,
Soundgarden, Green River (banda que deu origem aos Pearl Jam) e Alice In Chains.
Desde o seu aparecimento até chegar aos "playlists" da maior parte das rádios mundiais
passaram menos de três anos. Efectivamente, 1991 e 1992 foram os anos dourados
para o grunge com a edição de clássicos como "Nevermind" dos Nirvana, "Ten" dos
Pearl Jam, "Badmotorfinger" dos Soundgarden, "Dirt" dos Alice In Chains, "Core"
dos Stone Temple Pilots, "Gish" dos Smashing Pumpkins, "Dirty" dos Sonic Youth
entre tantos outros que fizeram aquilo que é a música dos anos 90.
Musicalmente
o grunge define-se por um sentimento de revolta que se traduz numa mistura
explosiva do Punk com o Metal, adornada por um sentimento melancólico de melodia
intrínseco e muitas guitarras em distorção. As bases estão no Rock e em bandas
como Led Zeppelin, Black Sabbath, Sonic Youth e até mesmo Pixies.
Durante meia
dúzia de anos alimentou-se a ideia de revolta e do impacto cultural causado pela
música que movimentava a juventude como uma força de assalto em direcção ao
quebrar de velhas ideologias e ao renascer do sentimento Rock. No entanto a
revolta sairia frustrada com o desaparecimento do principal porta-estandarte do
grunge. Kurt Cobain suicidou-se em Abril de 1994 vítima da sua própria revolta
contra a fama insustentável de que era alvo constante. De facto, nos últimos
anos da sua vida, o líder dos Nirvana foi considerado um herói de quem todos
tudo esperavam enquanto ele próprio era, na verdade, o protótipo de um
anti-herói que, por isso mesmo, identificava a chamada "geração rasca".
Após
a forçada morte do grunge, o fenómeno da revolta desapareceu e novas
direcções surgiram. Bandas como os Bush ou Silverchair tentaram, num último
fôlego, reanimar o ainda moribundo grunge. De certa forma conseguiram fazê-lo
mas somente a nível individual, pois o anúncio do desaparecimento do grunge
estava feito e nada se podia fazer contra isso. Entretanto, as outras bandas que
viviam do grunge seguiram caminhos separados, uns mais facilitados e com mais
sucesso, outros nem por isso.
Já nos finais do milénio, duas surpresas surgiram
fazendo lembrar o som que caracterizou Seattle: Days Of The New por um lado, e
Creed por outro, trouxeram de volta parte do sentimento grunge sem, no entanto,
tentarem copiá-lo. Desta forma apresentam-se como promessas a serem
atenciosamente seguidas por todos aqueles que de algum modo se identificavam com
o movimento grunge.
A revolta, essa desapareceu tão depressa como surgiu dando
origem a outra, caracterizada precisamente pela necessidade humana (da juventude em particular)
de se insurgir contra algo. Neste caso, a revolta é a necessidade e a razão da
própria revolta. Mas o grunge, esse morreu em 1994.
Ivo Louro