interview by Hell and Bobzz
[Finalmente, a entrevista com o ATR. Ela rolou depois de um show, o quarto da tour brasileira. Foi um grande prazer conversas com os quatro do Atari, Alec Empire, Hanin Elias, Carl Crack e Nic, nova na banda. Todos foram muito legais e pacientes, e Alec e Hanin são duas das pessoas mais doces com as quais já conversei. (as fotos do show ainda tem que ser escaneadas... volte em algumas semanas...)
O Atari tem uma ideologia punk bem forte em sua música, vocês têm uma mensagem. Gostaria de saber exatamente o que vocês tentam passar com a banda.
Nic: Eu acho que a mensagem principal é dizer às pessoas que elas devem se revoltar, elas devem se erguer por seus direitos, elas nao devem ser oprimidas pela polícia do estado, e elas devem foder a industria da mídia, como o mainstream e coisas assim.
Ok. Eu sei que vocês nao se vendem, mas, de qualquer forma, estão na MTV, e tem um público muito grande. Como vocês encaram isso?
Carl: Antes de tudo, nós nao nos comprometemos musicalmente, ou com nossas letras. Eu realmente nao nos vejo como no mainstream, porque não assumimos compromissos para estar na MTV ou algo assim.
Alec: A MTV, por exemplo: Nós nunca assumimos compromissos para estar lá. Também nunca assumimos compromissos para vender mais discos. Eu sei que é um perigo você estar na MTV, as pessoas te vêem diferente, elas pensam ""hmmmm - a MTV os mostra...". Por anos, a MTV nao nos mostrou, mas agora temos muito apoio, e nossos discos vendem mais, e entao agora a MTV não pode nos ignorar. Entao a coisa é: Ao invés de não nos dar apoio, a MTV quer nos absorver, para nos transformar numa fatia do bolo. Por mim, que se fodam. Se eles mudarem por nós, eu nao me importo, mas nós nunca mudaremos por eles. Se eles não quiserem mais passar nossos vídeos, que se fodam. Eu não vou fazer algo bonitinho só para passar na MTV.
É. E de qualquer forma, vocês vendem bastante - É melhor passar sua mensagem para um muita gente do que para vinte pessoas...
Carl: Claro... É ótimo poder viajar pelo mundo, e ver tanta gente preparada para nossa música, é uma sensação muito boa.
OK. Eu queria saber um pouco mais sobre a Digital Hardcore . Eu comprei um disco do Shizuo, e é bem estranho. Qual é o conceito por trás da gravadora?
Carl: Nós costumamos dizer que a Digital Hardcore é música extrema. Somos um bando de pessoas indo em direções extremas, mas ainda com rostos diferentes.
Na sua música, existem vários samples de bandas como Slayer, Sex Pistols e Nirvana. Quais são suas influências?
Carl: Minhas influências vêm de um background de hip-hop, hip-hop antigo, como Africa Bambatta e Grandmaster Flash, coisas assim. Minha influência principal foi o Public Enemy, e bandas punk, como o X-Ray Specs e coisas na linha.
O que vocês acham da cena hardcore?
Hanin: Ela ainda está nos anos 80, e isso é muito triste...
Alec: Nós vemos o que fazemos como o próximo passo do hardcore. É bom que estas bandas existam, mas as vezes eu nao sei se elas não são um pouco conservadoras, porque eles estiveram lá por muito tempo, e não houve mudanças, então, talvez, ela não possa mudar.
Hanin: Eu era da cena hardcore/punk, mas depois de um tempo as pessoas vinham e falavam "hey Hanin, você não pode ouvir essa música de computadores...". Eles são na verdade muito conservadores, porque eles também não mudam, e isso é a coisa chata na cena.
E a cena techno?
Hanin: Ela não tem significado. Não há um movimento que queira mudar algo. É um movimento realmente conservador.
Alec: O problema do techno é que as pessoas o usam para escapar - vão a uma rave, tomam algumas drogas (o que talvez seja a única coisa boa em raves), e então, na segunda de manhã, eles voltam ao trabalho, e não há mudança na sociedade. O techno não tem metas, é apenas disco-music de ruim qualidade. Nós ficamos eufóricos quando começou, pensamos que seria muito bom, mas depois virou essa merda, e então o techno virou nosso inimigo.
Nic, você é um novo membro do Atari?
Nic: Sim. Me juntei a eles ano passado, acho que em Abril, e fiz a tour do Beck com o Atari Teenage Riot, porque a Hanin estava grávida. Depois disso, o Alec me chamou, porque antes eu estava apenas no lugar da Hanin, que não poderia ir à tour, então, depois disso que o Alec realmente me chamou para me juntar ao Atari Teenage Riot, porque ele sempre pensou em colocar um quarto membro na banda.
E o que exatamente você faz na banda?
Nic: No palco eu disparo os samples, as barulheiras e as baterias eletrônicas, fora os mixers. E também faço a parte dos gritos, mas hoje não pude pude porque... [aponta para sua garganta].
Ah, você também canta com eles?
Nic: Sim, eu canto. Eu não estive envolvida com o álbum "The Future of War", foi antes de eu me juntar à banda, mas nós vamos gravar um álbum novo, acho que em Maio ou Junho, ou algo assim, e eu estarei nesse álbum, fazendo alguns sons e vocais...
Última pergunta: O que vocês acharam de tocar no Brasil? Vocês imaginariam isso no início?
Hanin: O Brasil é legal! Esse foi o melhor show da tour brasileira!
Carl: Foi ótimo hoje a noite, grande show.
Alec: Nós sempre quisemos tocar em muitos países. Nnos últimos três anos estivemos bastante na América, e na Ásia, como no Japão e no Sudoeste Asiático, e esse ano agora viemos para o Brasil, e Austrália. Eu sempre quis fazer isso, mas as vezes você não pode planejar, porque ninguém te quer, mas desta vez foi a hora certa para vir.
E vocês planejam voltar?
Alec: Claro, porque não? Seria ótimo...
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