Marky Ramone & The Intruders no Brasil
Só mesmo num país como o Brasil algo como Marky Ramone &
the Intruders poderia ser atração de festival.
Afinal, aqui ainda é um dos únicos lugares do planeta onde
sua banda original, os Ramones, gozam de prestígio.
No mundo civilizado em geral, os Ramones são tratados como um dinossauro
mala cuja data de validade já venceu faz muito tempo.
E, depois de 20 anos de existência dos Ramones lançando discos
que seguem à risca a mesma fórmula simplória, quem
é que tem paciência de aguentar a banda solo do seu ex-baterista?
Ainda mais porque Marky Ramone & the Intruders, na maior parte do tempo,
soa exatamente igual ao Ramones.
O show de sábado comprovou que a imaginação deste
Ramone é mesmo um tanto limitada. Já que sua banda original
acabou, Marky se juntou a um bando de moleques para fazer basicamente o
som de sempre.
A única diferença é que há certas sonoridades
de indie rock, certamente influência dos garotos da banda.
É claro que eles tinham que apelar e tocar duas músicas dos
Ramones: "Outsider" e "I Don't Care", esta contando
com a participação surpresa de João Gordo, do Ratos.
O resto do repertório foi do único disco lançado pela
banda, "Marky Ramone & the Intruders". O CD deve ser lançado
no Brasil em breve pela Paradoxx Records.
Mas, mesmo sem conhecer as músicas, a molecada presente estava animada.
Talvez porque, apesar da falta de criatividade, a energia é bem
alta, a fórmula funciona e o show durou pouco mais de meia hora.
Músicas de dois a três minutos, de poucos acordes, guitarras
altas, tocadas em velocidade acelerada, com quase nada que diferencie uma
da outra.
Rock adolescente ao extremo, comandado por um sujeito passado dos 40. Cada
louco com sua mania.
Marky fala à Folha de S.Paulo:
"Estou ensaiando há um ano com a minha nova banda",
disse Marky em entrevista à Folha, por telefone, de Nova York.
"Podem esperar um show punk energético, mas com mais guitarra
e vocais que Ramones."
Além do repertório do CD "Marky Ramone and The Intruders",
que sai nesta semana no Brasil pela Paradoxx, toca três músicas
dos Ramones.
Para Marky, o Close Up Planet está longe de ser um festival punk.
"Silverchair imita Pearl Jam e Nirvana. O Spacehog faz essa coisa
Bowie, bem glitter. E o Cypress Hill faz hip hop." De punk mesmo,
sobram Bad Religion e Sex Pistols. "Os Pistols são a maior
banda de todos os tempos."
O baterista é a favor da volta do grupo. "Eles se separaram
cedo", diz. "Quantas bandas podem dizer que começaram
um movimento? Nós, Clash e Sex Pistols."
A atual popularidade do punk, acredita, tem explicação. "É
a melhor música que existe. Punk é rápido, é
furioso e é energético."
Entre as bandas de hoje, dá crédito apenas ao Rancid. "É
a mais realista da nova onda punk. Tudo que Green Day e Offspring fazem
é copiar Clash e os Ramones."
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