Os dois jogos mais tradicionais do folclore gaúcho são os da tava (ou do osso) e o da chaira (barra de ferro em que se enfia o facão).
O jogo da tava é proibido por lei, mas liberado em centros de tradições gaúchas, como preservação folclórica.
A tava é o osso da junta dianteira da "mão" do boi. Assim, existe a direita e a esquerda, chamada "canhota". Para jogar é necessário fazer uma cancha de terra separada por nove passos e com duas cabeceiras, onde ficarão os participantes. Um risco marcado no chão, divide a raia. O osso tem de cair depois desta linha.
No jogo contam apenas os lados planos do osso. O que tem um formato lembrando a letra "esse" é chamado sorte, ou suerte. O lado oposto a este é o culo ou azar. Se a tava cair deitada, com qualquer dos outros lados para cima, não conta ponto. Nesta jogada, se diz que "caiu de banda".
O osso deve ser "ferrado", com uma chapa no lado do culo e outra no da sorte, para entrar num jogo oficial. Na parte do culo, haverá uma sobra da chapa de ferro de aproximadamente um centímetro, que cravará no chão ao ser lançada a tava. Podem ser usados outros tipos de tava: "meio ferro", metal apenas nas extremidades, "trabalhada", com desenhos em alto relevo, "osso queimado" e a de osso sem nenhuma preparação.
Antes de jogar são feitas apostas. Quando é feito um lance e alguém aceita deve ser dita a palavra "copado". O dinheiro é sempre casado. Nunca fica dívida em aberto.
O osso tem uma maneira especial de ser lançado. É colocado com o culo para cima sobre os quatro dedos longos da mão unidos. A extremidade com a sobra da chapa de metal fica para dentro e o dedo polegar a pressiona levemente, para controlar o lançamento. A tava deve fazer uma volta e meia no ar, cravando a extremidade no chão. As cabeceiras da raia são afofadas com água, fazendo barro, para facilitar a penetração.
Se a trava ficar cravada com a sorte para cima, o jogador ganha o dinheiro da aposta dobrado. Se o culo fica para cima, paga dobrado. Caindo de banda não ganha nada. Dando culo, o jogador pode perder o lugar se alguém colocar o pé em cima da tava. Assim, o jogo poderá continuar com um novo participante. Pode haver fraudes, colocando chumbos que alteram o arremesso, outra trapaça é enterrar um pelego na cabeceira da raia, quando o osso bate ali não crava, pula e cai fora. Quando descobrem tais coisas dá até morte.
Bem mais simples é o jogo da chaira. Numa distancia de nove metros se faz um risco em linha reta. Depois, se pega a chaira pelo cabo, apoiando a base no dedo mínimo e colocando o polegar no "esse" (parte que separa o cabo da ponta de ferro). Quando se arremessa, ela sai como um dardo.
Ganha quem consegue cravar a chaira mais perto do risco. É um jogo muito praticado em Uruguaiana, Itaqui, Livramento e outras cidades da fronteira.
Na zona colonial italiana é muito comum. Exige que os participantes tenham movimentação rápida dos dedos e mãos, num alternar de encolhe, abre, fecha e bate, enquanto se ouve veloz discussão, aos gritos de: due(2), sette(7), tre(3), cinque(5). Duas pessoas, jogando a mora, abrem a mão ao mesmo tempo e cantam cada uma um número de um a dez. A soma dará o ponto a quem tiver feito a chamada certa.
O jogo imprime um ritmo violento, devido ao fato de que para ser bom jogador, deve chamar sempre antes do adversário. A batida dos dedos na mesa ocasiona eventuais sangramentos.
O juiz, sempre atento aos dedos dos competidores, não pode vacilar na contagem dos pontos, mas pode beber vinho para estimular o senso crítico.
De origem rio-platense tem como implementos a faca(palo) e discos metálicos. jogo os participantes jogam moedas de cobre sobre uma faca fincada no chão dentro de um quadrado grande, subdividido em duas partes. Uma variante deste jogo tem o seguinte desenvolvimento: risca-se um quadrado no chão. Ao centro faz-se um "boco"(buraco).Atrás de uma raia, os jogadores atiram discos de ferro. Quando o jogador acerta a faca faz "palo" que vale dois pontos. Buraco vale quatro pontos. Risco, dois pontos. Caindo o disco em um dos retângulos, vale um ponto.
Na região das missões, tejo é pronunciado quase como "tefo".
A partir de 1824, os colonizadores teutos trouxeram este jogo. Localizando-se em São Leopoldo e São Lourenço do Sul e adjacências. jogo é praticado principalmente aos domingos após os atos religiosos da igreja.
Para uma rodada de schafskopf o número ideal de parceiros é quatro, jogando dois contar dois. Existe variantes de três e cinco.
De um baralho comum retiram-se 20 cartas, as Damas, os Valetes, os Ases, os Reis e os 10 e se jogam com elas. As Damas valem, na contagem, três pontos; os Valetes, dois pontos; os Ases, onze pontos; os 10, dez pontos e os Reis, quatro, perfazendo 120 pontos.
O jogo é feito da esquerda para a direita e os parceiros que estão com as Damas pretas jogam juntos. O jogador que possuir as duas Damas pretas, terá como parceiro o colega que possuir a Dama de copas. O jogador, que estiver com três Damas será obrigado a jogar Solo.
Terminada a partida, na contagem dos pontos, o perdedor que atingir acima de 30 pontos, "jang", pagará o mínimo. Se não alcançou 30 pontos - "Schnira", pagará em dobro e, se não fez nenhuma vaza, contribuirá com o triplo.
O jogo requer grande habilidade, rapidez de raciocínio e seus participantes jogam suas vazas, gritando, num tom "entreverado" de alemão clássico e um pomerano abrasileirado.