Rock Brigade - Você voltou a tocar baixo após um tempo tocando guitarra. Como tem sido?
Dirk Schächter - Muito mais legal. Eu levei muito tempo para tomar a decisão de voltar a tocar baixo, e foi uma decisão acertada. Para mim, é muito mais divertido tocar baixo.Rock Brigade - Você já tinha tocado baixo em alguma outra banda?
Dirk Schächter - Quando eu conheci o Kai [Hansen], há uns sete ou oito anos, eu era baixista. Eu troquei o baixo pela guitarra apenas para o Gamma Ray, assim, já tinha experiência de ter tocado baixo em bandas.Rock Brigade - E quanto aos vocais? Quando Ralf Scheepers deixou o grupo você decidiu imediatamente retornar aos vocais?
Kai Hansen - Em princípio, nós pensamos em trazer outro vocalista, mas todos na banda já tinham se acostumado novamente com meus vocais. No período em que estivemos sem vocalista, eu comecei a cantar nos ensios e minha volta foi um processo natural. Mesmo enquanto Ralf esteve na banda, eu cantava. Todos moramos em Hamburgo e Ralf em Stuttgart, a setecentos quilômetros de distância, por isso, eu cantava em alguns ensaios e demos. Portanto, foi meio óbvio. Quer dizer, pensamos em trazer alguém, mas não encontramos ninguém que fosse legal.Rock Brigade - Vocês chegaram a testar alguns vocalistas?
Kai Hansen - Não, não fizemos nenhum teste. Teve um cara, que tem os vocais meio parecidos com de Michael Kiske [ex-Helloween], que queria entrar no Gamma Ray, mas, no final das contas, decidimos continuar com os meus vocais.Rock Brigade - O que deu para vocês sentirem sobre o Brasil?
Kai Hansen - Deu pra perceber que temos alguns fãs bastante fiéis aqui, pessoas que parecem gostar bastante da nossa música e que, com isso, passam um sentimento muito legal para nós. As pessoas me dizem: "Pô, esperei dez anos pra ver você tocando aqui." E isso é muito legal, é bom ver que o Gamma Ray não é encarado como um simples projeto que eu iniciei após o Helloween, e sim como uma banda de verdade, que é respeitada.Rock Brigade - O que você pode dizer a respeito de seu projeto-paralelo, o Iron Savior?
Kai Hansen - Na verdade, este é mais um projeto do Piet [Sielck], eu atuo mais ou menos como um convidado. Eu sou um amigo de longa data de Piet, por isso, aceitei fazê-lo. Mas o Gamma Ray é o grupo pricipal.Rock Brigade - Você pretende tocar ao vivo com o Iron Savior?
Kai Hansen - Sim, assim que tivermos algum tempo livre, queremos tocar ao vivo. Vai ser difícil arrumar um intervalo para isso acontecer, mas estamos planejando algumas apresentações.Rock Brigade - Em Time to Break Free, faixa de Land of the Free, Michael Kiske participou como vocalista. Você continuou tendo contato com ele após a saída do Helloween?
Kai Hansen - Demorou um pouco para voltarmos a ter contato, pois estavam rolando muitas merdas em relação ao Helloween, em todos os sentidos. Eu estava mais preocupado com o Gamma Ray, por isso, então, passamos um tempo sem ter muito contato. Só sabíamos a respeito um do outro através da imprensa, e o que líamos nem sempre eram coisas boas. À medida que a situação no Helloween tornava-se insustentável, Michael me ligou um dia e disse: "Eu estou cheio disso tudo, quero me livrar desta merda toda." Foi legal, porque foi na época do lance como Ingo [Schwichtenberg, ex-batera do Helloween, que acabou cometendo suicídio]. O que acabou nos reaproximando foi isso, pois nós dois estávamos muito preocupados com Ingo. Tivemos uma conversa longa, falamos do passado, de muitas coisas que aconteceram e vimos que podíamos nos dar bem muito facilmente. Quando ele ouviu a música, ele gostou tanto que pediu para nós se posia cantar. Foi o que rolou.Rock Brigade - Vocês chegaram a pensar em trazê-lo para ser membro da banda?
Kai Hansen - Não, não. As pessoas chegaram a comentar que eu estava querendo trazê-lo para a banda, e nós mesmos brincamos com isso, mas nunca cogitamos seriamente a possibilidade. O Michael mudou muito o direcionamento de seu estilo musical e, já na época do Helloween, tínhamos muitas discusões a respeito do direcionamento musical. Eu queria as coisas bem metal, Michael [Weikath] queria de outro jeito e Michael [Kiske] de outro também. Então não teria sido bom trazer essas coisas para o Gamma Ray. É legal trabalhar junto com ele de vez em quando, como amigos, mas é só isso.Rock Brigade - Você tem um estúdio na Alemanha, é promotor de shows, empresário e canta na sua própria banda. Como você arruma tempo prea tudo isso?
Kai Hansen - Não sei. Ás vezes é demais mesmo. Eu sou um músico, mas não quero me envolver com esses empresários-estrelas que gastam todo o nosso dinheiro, por isso, somos nossos próprios empresários. Fora isso, quebramos um galho para outras bandas de vez em quando, produzindo-as. Assim, estamos sempre ocupados, nunca descansamos.Rock Brigade - Vocês participaram do Tributo ao Judas Priest. O que vocês acham desses tributos?
Kai Hansen - Eu acho que é um lance legal de se fazer, é como uma homenagem. Sei que alguns desses tributos são uma porcaria, mas, por exemplo, o tributo ao Judas é muito legal, pois todas as bandas são boas e fizeram um ótimo trabalho.
Dirk Schächter Acho que todas as bandas de heavy metal devem muito às raízes do gênero. Por isso, acho que a maioria dos tributos, mesmo os ruins, foram feitos com a melhor das intenções.Rock Brigade - Se houvesse um tributo ao Gamma Ray, que bandas vocês gostariam que participassem?
Kai Hansen - Acho que se isso acontecer, todas as bandas a participar serão bandas que ainda são novas, ainda desconhecidas. Caso aconteça, esse tributo só será feito daqui a uns cinco anos, por isso, os grupos a participarem, que serão conhecidos então, ainda não são.Rock Brigade - Os Estados Unidos são um mercado bastante difícil para bandas do estilo do Gamma Ray. Vocês têm interesse de conquistar os EUA ou já desistiram de tentar?
Dirk Schächter É claro que temos interesse de conseguir uma fatia desse mercado, mas as modas que assolam os EUA tornam isso muito difícil.
Kai Hansen - De qualquer forma, o underground metálico lá está forte como sempre foi. Existe interesse por bandas como o Gamma Ray, mas no underground. Há muito tempo, nos anos 80, o metal atingiu seu pico nos EUA e era mais fácil perceber o interesse das pessoas pelo estilo. Como isso não ocorre mais, as pessoas dizem que o estilo está morto. Mas ainda existem bandas como Metallica e Megadeth, que mudaram, mas ainda são bandas de metal. Por isso, não dá pra dizer que o metal morreu nos EUA, apenas mudou. E existem muitas pessoas no underground interessadas pelo estilo. Assim que esse underground aumentar outra vez, uma grande companhia se interessará por lancá-lo no mercado. Uma vez no mercado, se tornará moda de novo e todo círculo se completará, A Inglaterra é uma merda assim também.Rock Brigade - Como você compararia os diversos públicos para os quais os vocês já tocaram?
Kai Hansen - Dá pra traçar um paralelo de semelhança entre os públicos da Espanha, da Itália e da Grécia, por exemplo, com o da América do Sul. As pessoas cantam alto, se divertem mesmo. Já no Japão, eles gostam muito da música também, mas não é aquela coisa exagerada.
Rock Brigade - Muita gente tem dito que Power Plant é o melhor disco que o Gamma Ray já fez. Você tem a mesma opinião?
Kai Hansen - Bem, todo músico sempre diz que seu último álbum é o melhor que ele já fez, mas, no nosso caso, eu realmente acho que Power Plant é a melhor coisa que fizemos em nossa carreira. Nunca estivemos tão coesos, nossa música nunca soou tão forte. Você pode ouvir o CD do começo ao fim e não há pontos baixos, pelo menos na minha opinião. Pra mim, o disco é perfeito, pois ainda consigo ouvi-lo sem reclamar, sem dizer: "Droga, deveria ter feito essa parte de algum outro jeito". E o resto da banda sente o mesmo, todos estamos muito sastisfeitos com o disco. Nós sabíamos desde o início que tínhamos um álbum forte nas mãos, mas, após as gravações, vimos que ele ficou ainda mais forte do que pensávamos.Rock Brigade - Apesar disso, três de suas faixas têm gerado certa controvérsia: Short as Hell, por ser um pouco moderna demais segundo os fãs; It's a Sin, por ser um cover pop; e Heavy Metal Universe, devido ao seu feeling Manowar.
Kai Hansen - Na verdade, em relação a Short as Hell, eu não vejo nenhuma conexão com Rammstein, como muita gente tem dito, a não ser em seu ritmo. Pra mim, trata-se de uma música mais ou menos na linha de Space Eater, só que mais moderna. Nós escrevemos essa música durante um ensaio, foi aí que o riff apareceu. Porém, como era apenas uma jam nossa, acabamos esquecendo o riff depois. Só que nós temos um amigo que de vez em quando aparece em nossos ensaios e, por coincidência, ele estava presente nesse aí. Então, alguns dias depois, ele me disse que aquele riff que a gente tinha feito era demais e que deveríamos fazer uma música em cima dele. O problema é que eu não me lembrava mais do riff e pedi para o cara cantarolar mais ou menos como ele era. Aí, me lembrei, e falei para ele que faria alguma coisa - o resultado é Short as Hell. Claro, não se trata de uma típica música nossa, cheia de pedal duplo e bem melódica, mas acho importante termos algumas variedades em nosso material. Mesmo porque existem muitas outras bandas fazendo a mesma coisa que nós e isso pode acabar ficando meio sacal. Fora isso, Short as Hell funciona muito bem ao vivo, o público todo fica pulando feito louco. E eu gosto de cantá-la, pois é uma música agressiva. Quanto a It's a Sin, eu não me importo com o fato de ela ser uma música pop. O problema é que a gente semplesmente não queria fazer mais cover de heavy metal oitentista, pois todo mundo está fazendo isso atualmente. Eu sempre gostei de Diamonds and Rust, do Judas Priest, que é uma música da Joan Baez que eles transformaram em Heavy Metal. Quando ouvia essa música, nem sabia que se tratava de um cover, gostava da canção e só isso.Rock Brigade - Mas It's a Sin foi um hit, todo mundo conhece essa música.
Kai Hansen - OK, é uma história um pouco diferente, mas, mesmo assim já encontrei pessoas que nessa turnê que não conheciam a versão original. Claro que eram moleques, pessoas que não viveram os anos 80, mas, de qualquer modo, isso prova que existe gente que não conhece a música. Porém, gravamos nossa versão apenas porque gostamos da canção original. E, sinceramente, acho que conseguimos transformá-la numa bela faixa de heavy metal. Já em relação a Heavy Metal Universe, esse é o meu hino de amor ao metal. Antes, era Heavy Metal is the Law, agora é Heavy Metal Universe. E você está certo quando diz que há alguma coisa de Manowar nessa música, mas ela tinha que ser desse jeito. A primeira coisa que escrevi foi o refrão e ele tinha que ser daquele jeito. Quando fomos gravar, tinha que ser daquele jeito, tocada e cantada daquele jeito. Se tivéssemos tentando fazer algo diferente, não teria funcionado, pois todos os elementos dessa música se encaixam de maneira perfeita do modo como estão.Rock Brigade - Outro ponto interessante nessa música é a letra, que definitivamente não é o tipo usual do Gamma Ray.
Kai Hansen - Certamente, tudo quanto é clichê que as pessoas utilizam para falar de heavy metal esta na letra dessa música. Entretanto, ser clichê faz parte do universo heavy metal. É óbvio que eu tinha escolha. Poderia ter chamado essa música de Masters of the Universe e feito uma letra diferente, mais sofisticada e intrincada. Mas foda-se, Heavy Metal Universe foi o primeiro título que me veio a cabeça, gostei dele e escrevi uma letra baseada nele. Isso é heavy metal e essa mensagem, direta e simples.Rock Brigade - Armageddon é a melhor música que você já escreveu?
Kai Hansen - [surpreso] Você acha isso? Legal, pois eu tenho quase a mesma opinião. O problema é que eu também escrevi Helloween, que é uma música especial. Acho que as duas são minhas melhores composições.Rock Brigade - Trata-se de uma canção repleta de variações, tanto de tempos quanto de atmosfera...
Kai Hansen - E é justamente isso que eu acho itneressante, ela de fato tem um monte de altos e baixos. É como se fosse um resumo de todas as visões que as pessoas têm a respeito do fim do mundo - ainda mais agora, que o ano 2000 está se aproximando e temos todas essas profecias malucas proliferando por aí. Pra mim, essa música é um compêndio dos sentimentos que eu mesmo tenho em relação ao futuro, já que há muita raiva e desencanto na canção, mas, ao mesmo tempo, muita beleza e esperança. É uma música cheia de contradições. Com certeza, trata-se de um dos meus melhores momentos, talvez o melhor mesmo. Só não digo que seja por causa do significado que Helloween tem pra mim.Rock Brigade - E quanto à capa do disco? O próprio Dirk falou para nós que todos estão comparando-a à de PowerSlave, do Iron Maiden.
Kai Hansen - Pois é. E o próprio título do álbum ajuda, pois Power Plant e Powerslave soam parecidos. Além disso, o artista é o Derek, temos pirâmedes no desenho e um personagem, que no caso do Iron Maiden era o Eddie e, no nosso, o Fangface. Nós trabalhamos junto com o Derek no conceito da capa. Em princípio, dissemos a ele que qeríamos algo grandioso, cheio de pompa. Alguns elementos seriam essenciais na arte, como os alienígenas, as pirâmides, os símbolos que sempre usamos em nossas capas e o Fangface, que deveria ser o mais marcante. Antes do Derek, tínhamos tentado outros artistas, mas suas idéias não foram legais. Já com o Derek, ele começou com os esboços e mandava pra gente via e-mail. Íamos fazendo nossas modificações e ele prosseguia com as correções. Até que chegamos a esse resultado, que nos deixou extremamente satisfeitos.Rock Brigade - Pela primeira vez, o Gamma Ray lançou um álbum com a mesma formação que gravou a anterior. Isso contribuiu para fazer o Power Plant um disco tão poderoso?
Kai Hansen - Lógico. Hoje, temos uma união muito grande na banda e isso faz com que nós nos sintamos mais fortes também. Pessoalmente, isso me traz muito mais confiança, pois aquelas dúvidas que pairavam sobre minha cabeça foram embora. Eu ficava sempre pensando: "Será que estou com os caras certos na banda?". Porém, agora tenho comigo pessoas que gostam mesmo do estilo de música do Gamma Ray, que tem que ser seguido, e que conseguem escrever canções que obedecem a esse estilo. Isso nos faz mais fortes, nos faz ser capazes de gostarmos de estarmos na mesma banda e de aprendermos uns com os outros. Isso torna os processos de produção e composição muito mais fáceis, pois não há discussões nem sentimentos negativos em relação ao álbum a ser lançado. Se fosse no passado, estou certo de que teríamos muito mais dúvidas em relação à inclusão de uma música como Short as Hell num disco nosso. Só que, hoje, sabemos que somos o Gamma Ray e que podemos fazer o qeu quisermos, pois sempre soaremos como o Gamma Ray. E isso ocorre graças a termos uma formação sólida e estabilizada.Rock Brigade - Além do novo álbum do Gamma Ray, você toca no último disco do Iron Savior, que também acaba de ser lançado. Como é estar no Iron Savior em comparação com o Gamma Ray?
Kai Hansen - É uma história completamente diferente. No Iron Savior, não sou eu o principal integrante, e sim o Piet. Desta vez, ainda escrevi duas músicas para o disco. Aliás, mabas poderiam ser muito bem músicas do Gamma Ray, por sinal. É lógico que ela teriam ficado um pouco diferentes, pois as formações das duas bandas são distintas, mas não seria exagero dizer que ambas foram parar no Unification simplesmente porque eu quis assim.Rock Brigade - Principalmente Deadly Sleep, que é Gamma Ray puro.
Kai Hansen - É mesmo. Quando voltei das minhas férias e comecei a compor, em janeiro do ano passado. Deadly Sleep foi a primeira música que eu terminei. Eu queria fazer uma música do Iron Savior, juro, mas quando a vi pronta, pensei: "Merda, isso aqui é Gamma Ray" [Risos]. Assim, em princípio, eu achava que não daria para usá-la no disco do Iron Savior. Além disso, o refrão era meio diferente e não tão legal, o que me deixava ainda mais receoso. Continuei escrevendo outras músicas ao mesmo tempo, deixando esta de lado para ver se tinha alguma idéia. No fim das contas, levei a demo que eu tinha feito para o Piet e trabalhamos juntos em cima dela. Mudamos o refrão e demos uma cara de Iron Savior para os arranjos, mas mesmo assim, ainda daria para ter sido uma música do Gamma Ray. E não só por causa da música em si, mas também porque sou quem a canta. Talvez se o Piet tivesse feito os vocais nela, as semelhanças fossem menos evidentes. Pra mim o Iron Savior é mais um projeto paralelo. Claro, é uma banda e estou em sua formação, mas eu tenho que ter uma prioridade, que é o Gamma Ray. Eu aproveito ao máximo o fato de estar no Iron Savior e, inclusive, durante as gravações do Unification fiz algumas músicas para o Gamma Ray. E as coisas funcionam, pois, ao menos até agora, uma banda não atrapalhou a outra.Rock Brigade - O Dan vai continuar no Iron Savior também?
Kai Hansen - Acho que não. No momento, ele ainda é da banda, mas o Piet está procurando um baterista que possa dedicar-se totalmente ao Iron Savior. A idéia dele é ter músicos que possam construir uma formação sólida e definitiva. O Dan foi mais ou menos um músico contratado, mesmo, porque ele tem um outra banda agora, que é o Freedom Call.Rock Brigade - Todos esses projetos não acabam atrapalhando o Gamma Ray?
Kai Hansen - Talvez no futuro eles possam interferir, mas eu acho muito difícil isso acontecer. A gente tem a preoculpação de dividir bem o nosso tempo e, além disso, todos sabem que o Gamma Ray é a prioridade.Rock Brigade - Nesta turnê sul-americana, o Gamma Ray toca ao lado da banda de Roland Grapow. Você gosta do trabalho solo dele?
Kai Hansen - Eu estou mais familiarizado com o primeiro disco, do qual eu gosto bastante. É um trabalho bem conciso, com boas músicas, mas eu só acho que ele não deveria ter sido o responsável pelos vocais. Aliás, ele mesmo possui a mesma opinião. Mas, sei lá, talvez ele não tenha tido escolha, embora não tenha sido uma decisão das mais sábias. Já o segundo disco, que eu ouvi algumas vezes lá na Alemanha, é muito bom. Gosto muito dele.Rock Brigade - Ele foi um bom substituto seu no Helloween?
Kai Hansen - [Irônico] Ninguém consegue me substituir bem [Risos]. Claro que foi, é lógico. Aliás, eu nem o vejo mais como o meu substituto, e sim como um ótimo guitarrista e excelente compositor que, por sinal, já deixou sua marca no Helloween.Rock Brigade - O fato de as pessoas ainda te perguntarem sobre o Helloween incomoda?
Kai Hansen - [Pensativo] Não muito. É lógico que se o cara vem me entrevistar e faz duas perguntas sobre o Gamma Ray e dez sobre o Helloween, aí a coisa fica complicada. Mas, em geral, isso por sorte não acontece. O Helloween faz parte do meu passado, da minha história, é algo que eu fiz, gostei de fazer e nunca irei negar. Tive ótimos momentos no grupo até certo ponto e, por isso mesmo, por que não deveria ser perguntado sobre eles?Rock Brigade - Qual a sua opinião sobre a formação atual do Helloween?
Kai Hansen - Trata-se de uma banda totalemten diferente. Se alguém for analizar friamente, vai perceber que o que eles fazem hoje tem muito pouco a ver com aquilo que fizemos na época dos Keeper... O estilo ainda lembra um pouco. Dos discos que fizeram ultimamente, gosto bastante do Better than Raw.Rock Brigade - Você concorda que eles se tornaram uma banda de hard rock?
Kai Hansen - Bem, eu diria que não é mais assim tão metal, mas depende bastante de que música você queira analizar. Faixas como Push ou Revelations são bem heavy metal, não podem ser consideradas hard rock.Rock Brigade - Qual sua opinião sincera sobre todos os álbums que eles gravaram após sua saída?
Kai Hansen - Ah, por favor, não me pergunte isso [Risos]. Tudo que vou dizer é que eles algumas coisas que são muito boas e outras que são pura merda. É lógico que eu tenho um opinião muito mais bem formada e bastante embaseada sobre cada um dos discos, mas prefiro manter somente essa resposta.Rock Brigade - Você teve problemas na garganta na parte européia da turnê atual, chegando inclusive a ser ajudado nos vocais por cantores de outras bandas. O que aconteceu?
Kai Hansen - Foi apenas uma inflamação na garganta. Nós começamos a turnê e eu já estava com gripe. Com o passar dos dias, fuipiorando e a minha garganta deu uma pifada. Tivemos que canelar um show e, na apresentação seguintes, tocamos com alguns vocais convidados.Rock Brigade - Como foi?
Kai Hansen - Foi divertido. Para algumas pessoas da platéia, foi desapontador eu não poder ter cantado algumas partes. Para outras foi legal, pois elas tiveram a oportunidade de presenciar algo diferente. Mas no final, ocorreu tudo OK.Rock Brigade - Você também teve problemas na garganta quando esteve no Brasil pela primeira vez. É algo crônico?
Kai Hansen - Eu fui ao médico assim que terminamos a primeira parte da turnê européia e, para minha surpresa, o diagnóstico indicou que eu sofro de bronquite crônica. Eu nunca soube disso. O doutor me deu um monte de sprays para eu borrifar na garganta e uns outros remédios para evitar inflamações. Na maior parte das vezes, minha garganta acaba sofrendo as conseqüências de uma gripe. No meu caso, é muito mais fácil pegar um, pois você está no palco com aquele puta calor e logo que acaba o show vai para outro lugar, que é bem mais frio. Mas eu também posso sofrer os efeitos do excesso das farras [Risos] ou de forçar muito as cordas vocais em shows com equipamento ruim. Por isso, preciso ser cuidadoso.
Planet Metal - Qual é a diferença entre Power Plant e os outros álbums do Gamma Ray?         Entrevista feito por Cláudio Vicentin, correspondete da revista Roadie Crew, na edição de Setembro / Outubro de 1999.
Kai Hansen - A maior diferença é que Power Plant não é um álbum conceitual, então as letras são livres. Há algumas partes que lembram o Somewhere Out in Space, como Anywhere in the Galaxy ou Strangers in the Night, que falam de UFOs e coisas do tipo, mas em geral há uma grande variedade de temas nas letras deste álbum. Musicalmente, este é um passo à frente para o Gamma Ray porque este é o segundo trabalho que fazemos com o mesmo line up e nós já estamos tocando juntos ao vivo há algum tempo, por isso o entendimento entre os integrantes é total e o processo de gravação foi fácil, trabalhamos como um time.Planet Metal - Com tantos projetos rolando, como é que você divide seu tempo entre o Gamma Ray e o Iron Savior?
Kai Hansen - Para falar a verdade, eu nunca medi o tempo que gasto com estas duas bandas. Posso dizer que, dos dez meses que trabalho por ano, oito ou mais dedico ao Gamma Ray e um ou dois meses ficam para o Iron Savior. Como você pode ver no álbum do Iron Savior, a maioria das músicas é escrita por Piet, sendo que eu escrevi só duas. Mas eu sempre compareço na hora da gravação, da mixagem e da produação, ouço tudo, dou minhas opiniões, conselhos e faço comentários, além de tocar guitarra. Pode não ser muito tempo, mas quando eu trabalho com eles, faço tudo com o meu coração.Planet Metal - Há possibilidades de vocês fazerem uma turnê com o Gamma Ray e o Iron Savior, juntos?
Kai Hansen - Com certeza! Isso já aconteceu uma vez, nós fizemos um show juntos na Suécia e eu toquei guitarra nos dois shows, o que é muito pesado. O que aconteceu é que quando o Iron Savior toca primeiro e eu estou no palco com eles, tenho que me segurar um pouco para não gastar toda a energia, se não, não sobra nada para o Gamma Ray. É meio estranho tocar assim. Acho que se fizermos uma turnê juntos o Iron Savior vai tocar sem mim no início e depois eu me junto à eles só no final, pouco antes de entrar o Gamma Ray.Planet Metal - O que faz com que você chegue a níveis tão altos e puros do verdaderio metal, enquanto tanto outras bandas ótimas traíram ou abandonaram o estilo, mudando para outros horizontes musicais?
Kai Hansen - Acho que são vários os fatores, mas o principal é o meu amor por esse estilo de música. Eu cresci com este estilo e o metal é uma parte muito importante da minha vida, junto da qual passei muito tempo. Eu sei do que se trata e sei como é que deve ser e tenho uma expectativa muito grande em relação aos outros músicos e a mim mesmo. E isso faz com que eu não me satisfaça com qualquer coisa, com o que é mais fácil de fazer. Tem que ser especial e eu tenho que gostar.Planet Metal - Qual o conselho que você daria para uma banda nova de heavy metal?
Kai Hansen - Faça somente aquilo em que acreditar. Não siga as modas e não se incomode com nada. Procure o que realmente gosta, e você pode gostar de muitas coisas, mas tente criar um estilo próprio dentro de suas influências. Não saia por aí pensando "Queremos ser igual ao Poison" e no outro dia você diz "Queremos ser igual ao Nirvana"... Isso é foda!! Esse não é o caminho.Planet Metal - Você esteva recentemente em estúdio com o Hammerfall, quando eles regravaram o clássico I Want Out do Helloween?
Kai Hansen - É verdade, eles gravaram a música no meu estúdio. O Hammerfall esteve no meu estúdio gravando três covers: I Want Out, Head OverHeels (do Accept) e Man of the Silver Mountain (do DIO/Rainbow). Eu toquei algumas partes de guitarra e cantei em I Want Out. Foi bem divertido.Planet Metal - Você se arrepende de alguma forma por ter deixado o Helloween?
Kai Hansen - Absolutamente não, porque eu tinha certeza que as coisas não continuariam daquela maneira. A banda teria "morrido" com ou sem a minha presença. Não estava mais sendo bom e eu comecei ter a idéia de sair. Levou um ano desde a primeira vez que eu pensei em sair até as vias de fato. Eu pensei muito bem à respeito. Antes, se alguém viesse me falar que eu ia deixar o Helloween, eu respondia dizendo que a pessoa era louca ou qualquer coisa parecida, porque a banda era o meu xodó. Mas, por outro lado, as coisas não estavam boas por várias razões e eu não podia mudar isso na banda juntamente com os outros, então tive que mudar sozinho e isso significou deixar o Helloween. A única coisa que me faz sentir arrependido é o fato de eu não ter podido manter o nome Helloween, porque com ela eu teria vendido muito mais álbums.Planet Metal - Você crê na possibilidade de trabalhar com Michael Kiske novamente, em algo do tipo convidado especial ou coisa parecida?
Kai Hansen - Pode ser. No momento, eu não vejo essa possibilidade porque o Kiske tomou um caminho musical completamente diferente e ele não está tão interado no metal ultimamente. Por essa razão, não vejo nenhuma união nossa em um futuro próximo. Mas se ele, de alguma forma, voltar às suas raízes e começar a dizer, de novo, que heavy metal é legal, com certeza eu faria alguam coisa com ele.Planet Metal - Nos três primeiros trabalhos do Helloween, era você quem fazia os vocais. Eu li que, nesta época, você achava muito difícil cantar e tocar guitarra ao mesmo tempo. É verdade ou houve outra razão para você ter deixado os vocais?
Kai Hansen - O que você leu é a mais pura verdade, porque nós queríamos fazer músicas muito mais intrincadas e mais técnicas nas partes de guitarra. Por isso, foi ficando mais difícil para mim, principalmente por eu não ter grandes experiências nos vocais. Eu nunca fiz aulas e tampouco estava enraizado na guitarra e por isso estava ficando difícil. Por outro lado, pensamos que seria bem legal ter um front man de verdade, um vocalista. Ouvimos o primeiro álbum que o Queensryche fez e achamos que seria muito bom ter um vocalista como o deles, estável nas notas mais altas e que tivesse muita expressão.Planet Metal - Eu presumo que você ultrapassou a dificuldade de cantar e tocar ao mesmo tempo...
Kai Hansen - Ah, claro que sim [Risos]. Às vezes, quando você está preso ao microfone perde a parte legal de pular pelo palco. Fora isso, tenho que ser mais cuidadoso nas turnês, com a bebida, o cigarro, as festas...coisas desse tipo...mas isso realmente não funciona [Risos]. Por outro lado é muito bom ser vocalista, eu me divirto muito e adoro me comunicar com o público.Planet Metal - Fale algo sobre sua participação no último álbum do Primal Fear.
Kai Hansen - Ralf me ligou e perguntou se eu gostaria de fazer uma participação como convidado neste álbum. Eu disse "É claro", porque é sempre bom depois de uma separação poder mostrar que ainda somos amigos. Isso prova a qualquer um que pense diferente, como são as coisas na verdade.Planet Metal - Por que o Ralf saiu do Gamma Ray?
Kai Hansen - Depois do lançamento do primeiro álbum do Gamm Ray, nós decidimos que queríamos fazer um disco muito bom, realmente matador, e Ralf não estava morando em Hamburgo e sim em uma cidade a mais de 700 quilômetros daqui. Por esta razão, ele vinha somente para ensaiar e para as gravações. E para fazer um álbum muito bom, precisávamos dele constantemente. Anos antes já falávamos dele se mudar para Hamburgo, mas nesta época ele tinha um emprego que, aliás, ele ainda tem e não vai largar. Ele não quis mudar e isso era um problema porque, quando eu compunha as músicas sempre tinha que pensar em sua voz. Seria bem melhor se ele compusesse suas próprias linhas vocais, melodias e letras. Quando ele vinha pra Hamburgo, na maioria das vezes eu já estava cantando na sala de ensaios e cantando em minhas demos o que fazia com que as músicas já estivessem mais ou menos fixas e não houvesse muito para mudar ou criar. Então, colocamos ele contra o muro. Mas ele tinha aquela coisa toda do Judas Priest acontecendo, e eu fui o idiota que disse a ele para tentar, quando estava bem claro que o Judas estava procurando por um vocalista, porque esta era a banda favorita dele. Pensei que ele ia fazer o álbum do Gamma Ray e depois ir para o Judas Priest, e acabou acontecendo que preferimos nos separar do que continuar naquela situação, o que não fazia o menor sentido.Planet Metal - Quando ficou claro que Ralf estava fora, foi natural que você assumisse os vocais ou houve momentos em que vocês pensaram em encontrar um outro vocalista?
Kai Hansen - Com certeza estávamos pensando nisso, mas não de forma desesperada, porque já estávamos acotumados comigo nos vocais, tanto nos ensaios quanto nas demos. Eu também estava mais confiante em fazê-lo. Pensamos em ter um outro vocalista, mas quem? Não havia um nome no qual conseguíamos pensar e nenhum de nós tínhamos idéia de quem poderia entrar. Aí os outros perguntaram para mim se eu faria e eu respondi que sim.Planet Metal - Quanto à música Heavy Metal Universe, acho que lembra algo do Manowar...
Kai Hansen - E tem mesmo...A primeira coisa que eu tinha em mente antes de escrever a música intera era o refrão e tinha que ser daquele jeito. É um clichê, mas é ótimo e eu adoro. Costumava banguear pela minha casa com músicas assim quando era mais novo e ainda adoro isso! Primeiro, eu pensei que não podemos fazer isso nos dias de hoje, quando todos precisam de coisas mais sofisticadas e tal, mas depois pensei "Foda-se. Isso é que é o metal e se você não gosta, vá se foder!".Planet Metal - Outra coisa que me surpreendeu no álbum foi o caover de It's a Sin. Não sei como você conseguiu transformá-la em metal, mas o fez.
Kai Hansen - É, nós fizemos. Foi algo como Priest de novo. Lembra de Diamond & Rust, a música de Joan Baez? Se você ouve a original, não pode imaginar que alguém pudesse pegá-la e transformá-la em metal. Demorei três anos desde a primeira vez que ouvi esta música até descobrir que ela era originalmente de Joan Baez. Eu tive a mesma idéia com It's a Sin.Planet Metal - Fale sobre a pintura que vocês fizeram no corpo para as fotos internas de Power Plant. De quem foi a idéia?
Kai Hansen - Nós sabíamos que o álbum ia se chamar Power Plant e queríamos fotos que fossem bem diferentes do que as bandas fazem normalmente, nas quais quatro pessoas ficam em frente a um cenário. Este é o tipo de foto que sempre temos que fazer, mas queríamos algo inovador. Ficou perfeito juntar a idéia da foto com a do álbum, por causa do tipo de energia que há nele. Pensei em azul com flashes brancos, achei que ficaria legal e que pareceríamos com os Deuses do Trovão. Foi divertido fazê-lo. Precisamos de três ou quatro dias de banhos intensos, para ficarmos livres da pintura [Risos].Planet Metal - Farão isso novamente?
Kai Hansen - Devemos fazer, vai ter um festival especial aqui na Alemanha...Um dos organiszadores do festival disse que tínhamos que entrar em palco pintados de azul e eu respondi que talvez, que pensaríamos a respeito.
Roadie Crew - Como você compara o Power Plant com os álbuns anteriores, pois essa é a primeira vez que a banda mantém a mesma formação?
Kai Hansen - Nesse novo trabalho apenas escrevemos as músicas e não ficamos compondo de maneira que saísse uma álbum conceitual e, por isso, não existiu uma pressão em cima das letras. Trabalhando assim, ficamos com mais liberdade de expressão e também acho que esse álbum mostrou que quando trabalhamos com as mesmas pessoas o entrosamento acontece de forma natural. Quando estávamos em estúdio deu pra perceber que um estava produzindo o outro. Quando eu estava gravando eles ficavam observando e colocando idéias. E foi assim com todos os integrantes. Uma comparação que gosto de fazer é que no álbum Somewhere Out in Space nós, várias vezes durante a produção, perdemos o rumo e não sabíamos para onde caminhar, fato que não aconteceu com Power Plant, que fluiu com naturalidade.Roadie Crew - Suas idéias prevalecem na hora de compor as músicas do Gamma Ray?
Kai Hansen - Não, principalmente agora que acho a banda um verdadeiro time unido. Na hora de compor eu ainda trabalho sozinho, pois gosto de escrever as letras e pensar nas melodias. O Dirk constuma trabalhar da mesma maneira, ele gosta de compor sozinho, apesar que nesse álbum ele quase não compôs nada [Risos]. Quando estamos juntos no estúdio, o Henjo sempre aparece com suas músicas já praticamente prontas e o Daniel, como não toca guitarra, canta para mim e eu começo a tocar até ele falar que está correto. Aconteceu assim na música Strangers in the Night e Gardens of the Sinner. Todos na banda têm liberdade para compor novas músicas e se o álbum tem mais músicas minhas é pelo fato de eu escrever quase todas as letras e já estar com a linha vocal na cabeça.Roadie Crew - O Gamma Ray praticamente não usa teclados, fazendo um Heavy Metal direto e sem frescuras. Você acha que os fãs da banda são os mesmos das bandas que primam por arranjos mais complexos como o Angra e o Blind Guardian?
Kai Hansen - Eu acho que sim, porque bandas como o Rhapsody, Blind Guardian, Angra e outroas apresentam a mesma formação básica do Heavy Metal, com guitarras, baixo e bateria. Quando a música começa a tocar, pode até contar com vários arranjos e mais teclados, mas se a atitude é Heavy Metal ninguém deixa de apreciar. Não me importo muito, pois todos podem tocar e compor essas músicas mais arranjadas, mas, particularmente, estou caminhando cada vez mais no sentido contrário. Ainda quero gravar um álbum de estúdio, mas ao vivo, com todos tocando a música como se fosse um show. Para as bandas citadas acima isso seria praticamente impossível. Minhas raízes são muito voltadas para o Heavy Metal dos anos 80, bandas como Judas Priest e Iron Maiden, que fizeram o Heavy Metal simples, apenas com guitarras, baixo e bateria.Roadie Crew - Você sente muita diferença na reação da platéia quando vocês tocam músicas mais cadenciadas como Razorblade Sigh, Send me a Sign, Short as Hell, em relação às mais rápidas?
Kai Hansen - Com certeza! Cada música faz com que a platéia tenha reações diferentes e uma música como Short as Hell você consegue fazer com que todos os presentes pulem feitos loucos [Risos]. Agora existem músicas que a platéia apenas fica observando a atuação da banda como em Man on a Mission, pois ela é mais complicada e não tem passagens que permitam bangear. Outras, todos ficam apenas levantando os braços e agitando sem parar, como em Anywhere in the Galaxy ou Somewhere Out in Space. Então, podemos concluir que existem músicas para todos os tipos de reação.Roadie Crew - E qual a reação a reação da platéia que você mais gosta quando está tocando?
Kai Hansen - Eu gostaria de ver a platéia pulando o show inteiro, bangueando, todos loucos, mas isso é praticamente impossível. Então, acho que a banda tem que montar um set list com músicas de todos os tipos. Às vezes a platéia está muito quieta e então você coloca uma música mais rápida e todos irão corresponder. Gosto muito quando tocamos músicas como No Stranger (Another Day in Life), Short as Hell, Rebellion in Dreamland, que são mais cadenciadas e fazem todos se agitarem muito. O tempo inteiro no 1, 2, 3 e 4 e os dois bumbos em alta velocidade não é muito bom. Tem que variar bastante.Roadie Crew - Me fale sobre a música Heavy Metal Universe. Você não acha que é uma música típica para o Manowar gravar?
Kai Hansen - Acho que a linha do baixo poderia ter sido feita pelo Joe e a linha vocal para o Eric Adams [Risos]. Acontece que quando comecei a escrever essa música a letra, senti que tinha que soar dessa maneira e não existiria outra escolha. É uma música bem Heavy Metal e realmente é bem parecida com o estilo do Manowar, mas eles merecem [Risos] e não podemos tocar o que eles fazem também.Roadie Crew - Alguns fãs têm falado que a parte instrumental para o cover It's a Sin do Pet Shop Boys é legal, mas a linha vocal continua muito chata. O que você acha disso?
Kai Hansen - Na música nós acrescentamos o estilo Gamma Ray e eu até que tentei, em estúdio, mudar a linha vocal e tentar soar mais Heavy, mas não ficou legal e soou forçado mesmo. Um dia comecei a cantá-la igual a original e não existia outro caminho a não ser gravar o vocal igual ao original. Posso até entender que os fãs tenham problemas com essa música, mas, ao mesmo tempo, me permito gravar algo que estou afim. Alguns vão adorar e outros odiar, o que eu posso fazer? [Risos] Sempre gostei da cover de Diamonds and Rust do Judas Priest, que acabou se tornando um clássico para a banda, o jeito que Rob Halford canta a música é fácil e essa era a intenção na música It's a Sin.Roadie Crew - Ultimamente todas as suas letras tem falado sobre temas fictícios e sobre o universo. Você procurou achar um vazio, temas que ninguém falou antes para escrever suas letras?
Kai Hansen - É muito mais divertido e agora nós misturamos a fantasia com a realidade e ficção científica. É mais legal do que ficar apenas escrevendo sobre realidade, a vida, os problemas diários que todo ser humano tem. Já existem muitas bandas falando sobre isso.Roadie Crew - O Gamma Ray tem mais de dez anos de carreira. Como você vê a banda na cena Heavy mundial?
Kai Hansen - Acho que o Gamma Ray tem uma excelente aceitação em toda a cena mundial. É lógico que não somos nenhum Metallica, mas isso não importa mesmo porque todos dizem que eles não são mais verdadeiros [Risos]. Não achamos necessário também sermos uma banda enorme, pois estou muito feliz com a banda atualmente. E talvez eu nem queira estar no topo pois, se você alcança o topo, para onde você vai depois? [Risos] Acho que bandas como Stratovarius, Helloween, Hammerfall (que alcançou o sucesso bem rápido) e Gamma Ray estão todas no mesmo nível. Estou muito feliz pelos dez anos de Gamma Ray e acho que estamos deixando nosso nome marcado para sempre. O importante é a banda ter uma regularidade e um objetivo, que no momento não é alcançar o topo e, sim, manter a banda em evidência.Roadie Crew - Qual é o álbum mais importante que você gravou desde os tempos de Helloween?
Kai Hansen - Essa é bem difícl [Risos]. Acho que todos os álbums tem uma história por trás, um lado forte, algo único e passos importantes. Acho que Walls of Jericho com o Helloween foi um álbum muito importante para a continuidade de minha carreira. O Keeper of the Seven Keys I é o melhor álbum para mim. Acho ele sensasional. Já o Heading for Tomorrow com o Gamma Ray foi algo especial e também o Land of the Free que eu considero ótimo por inteiro e agora, o mais recente, Power Plant. Sei lá [Risos], é muito difícil falar apenas um. Power Plant é meu melhor trabalho e posso colocá-lo lado a lado com Land of the Free.Roadie Crew - Você trabalhou um tempo com Ralf Scheepers nos vocais do Gamma Ray. Você acha que o sucesso do Primal Fear se deve a voz de Ralf?
Kai Hansen - Não, eu não acho que o sucesso que a banda vem alcançando na Europa seja por causa da voz de Ralf. Acho que a fera ali é o Mat Sinner, que é um grande músico e também um ótimo produtor e sabe exatamente o que está fazendo. não que a voz do Ralf não seja um destaque também. Acho que é a mistura dos vocais de Ralf com a grande presença de Matt.Roadie Crew - Como tem sido tocar em duas bandas, no Gamma Ray e no Iron Savior?
Kai Hansen - Sem problemas, mas a prioridade é o Gamma Ray e o Piet [N.R.: seu parceiro no Iron Savior] sabe disso. Sempre digo também que se ele sentir que estou atrapalhando ou prendendo a banda por não poder tocar muito ao vivo, eu saio sem problemas. Mas isso não vem acontecendo, pois estamos agendando as coisas de uma maneira correta e somos amigos de longa data.Roadie Crew - E quando podemos assistir um show do Iron Savior no Brasil?
Kai Hansen - Estamos pensando nisso e existem planos, mas nada de concreto ainda que eu possa dizer. Acredito muito que isso vá acontecer em breve!
![]()
Voltar