A Banda entrevistou os
mineiros do Pato FU !!!!
Por José Ricardo Manini
Ricardo, John e Fernanda, do Pato FU.
Nós precisávamos de uma grande entrevista e fomos atrás dela. Eu duvidava muito no começo de que entrevistássemos alguém. No entanto, resolvi mandar um e-mail para uma das grandes bandas brasileiras, o Pato Fu. Eu conhecia este grupo a algum tempo, a voz da Fernanda, John na guitarra e Ricardo, o baixista. Sabia também que eram de Minas e achava que a bateria deles era elétrica, já que ninguém aparecia dizendo "o baterista do Pato Fu sou eu!". Quando recebi a mensagem deles confirmando a entrevista (manda as perguntas que a gente responde), comecei desesperadamente a procurar vestígios da banda.
A primeira descoberta confirmou as
minhas suspeitas e incorporou mais um membro na banda. No começo
do Pato, a bateria era realmente elétrica mas agora já
tocava nela Xande, o quarto integrante. Isso tirou totalmente
minha concentração, já que pensava em me
oferecer como baterista e começar a tocar com eles (como
se eu soubesse alguma coisa de bateria!!). Agora, caro leitor,
você descobre o resto na entrevista...
Entrevista número 1 da "A Banda" número 0 (vai entender..): Pato Fu.
Data: novembro de 1996
A Banda: O Pato Fu tem
sua origem numa loja, a Guitar Shop, do John, na qual o Ricardo
era funcionário e a Fernanda, cliente. Quando vocês
perceberam que ali havia uma banda? E onde foi que vocês
começaram a ensaiar? Um baterista humano não fazia
falta?
Pato Fu: Na verdade,
ali havia pessoas cujas bandas antigas tinham acabado. O John
estava reestruturando um antigo projeto, "Sustados por um
Gesto", já com a bateria eletrônica. Com a saída
de Bob Faria que fazia parte da formação original
e a entrada do Ricardo e da Fernanda, a banda mudou de nome passando
a se chamar Pato Fu. Começamos a ensaiar na casa dos pais
do John e por isso mesmo a falta de um baterista humano era ótima!
B: Afinal, o que significa
Pato Fu? É verdade que o John elaborou uma lista com mais
de 200 nomes? Vocês devem ter ficado na dúvida entre
uns três ou quatro sugestões...Quais os outros nomes
que a banda poderia ter hoje?
PF: Essa estória
de lista é papo FUrado. A origem do nome é realmente
uma tira do Garfield em que ele luta Gato Fu (em breve em nossa
home page). Além de Pato Fu ser um nome em português+chinês,
que remete aos eletrônicos que usamos e também não
dava pista nenhuma de que tipo de música poderíamos
tocar. Queríamos um nome que nos desse álibi para
fazer qualquer tipo de som.
B: Como vocês definiriam
o estilo de música do grupo? Há, em algumas músicas,
uma espécie de colagem, por exemplo, a música começa
em um rock e termina em outro estilo totalmente diferente. Quais
as influências que levaram vocês a adotar esse estilo?
Vocês concordam com as comparações com os
Mutantes ?
PF: Concordar, concordamos
mas que elas já encheram o saco, isso pode ter certeza!
Nosso estilo de música é humildemente "Rotomusic
de Liquidificapum". Nossas influências são basicamente
da New Wave dos anos 80 e música brasileira em geral.
B: A letra das músicas
de vocês é um pouco irônica, com o ritmo chegando
a ser até mesmo um pouco infantil, mas há críticas
fortes. No que vocês se inspiraram para compor "Pinga"?
O pessoal bebe muito aí em Minas?
PF: Bebe, mas Pinga não
é sobre alcoolismo, é sobre não saber o que
se quer da vida.
B: "A Volta do Boêmio",
do segundo disco, é uma música antiga. "Ob-La-Di-Ob-La-Da",
dos Beatles, também. O que vocês pretendem com essa
volta ao passado, com os ritmos mudados?
PF: Volta ao passado
tá todo mundo fazendo hoje em dia e sempre se fez isso,
até os próprios Beatles e Elvis Presley fizeram
versões de músicas das quais gostavam. "Cover"
pode ser ás vezes um truque sujo, principalmente se a música
regravada for um sucesso recente. Citando Maxwell Smart: "se
você usasse o seu talento para o bem e não para o
mal...".
B: A música mineira
ganhou um novo referencial nesta década, com destaque para
três grandes grupos: Skank, vocês e Virna Lisi. Destes,
o Skank é o mais famoso. Por qual motivo vocês acham
que eles são mais famosos, se a letra de vocês é
mais consistente? Como é a convivência de vocês
com estes grupos? Já chegaram a tocar juntos?
PF: Já tocamos
juntos e somos bastante amigos. Mas você pode notar que
esteticamente os grupos não têm nada a ver, cada
um faz o seu estilo e parecem ter dado certo assim. O fato do
Skank ser ou não famoso não passa por comparações
com a gente ou com o Virna.
B: Os discos de vocês
costumam começar com músicas que parecem saudar
o público. É isso mesmo? De onde vem essa idéia?
O fato de algumas letras serem em outras línguas, como
o inglês, já aproxima vocês do mercado externo?
Já tocaram lá fora?
PF: Já tocamos
nos EUA, ano passado. As letras em idiomas estrangeiros estão
lá por motivo estéticos e formais. Se esses mercados
se abrirem por causa disso, ficaremos muito felizes. Quanto ao
início dos discos, foi inspirado nos discos do Toy Dolls.
B: Como vocês conheceram
o Xande (baterista)? Ele já pode ser considerado um membro
"oficial" da banda? O cara toca muito.... O Pato Fu
é uma banda relativamente jovem, e já tocou em festivais
importantes, como o Hollywood Rock. Até que ponto vocês
acham que é importante tocar nestes festivais?
PF: O Xande tocava numa
banda chamada "Dib Six", aqui de BH mesmo e que continua
na ativa. Hoje o Xande, musicalmente falando, é um membro
oficial, apesar de não ser um dos sócios da banda.
O Pato Fu tem 4 anos e ter tocado em shows maiores como o Hollywood
Rock, acrescentou um currículo ainda mais legal. Muitas
portas são abertas nesses eventos.
B: Video Music Awards
Brasil, 1995, o Pato Fu leva o clip de ouro para casa como banda
revelação pela música "Sobre o Tempo".
Vocês já esperavam receber o prêmio ou foi
uma surpresa? E o clip, como foi a experiência de gravá-lo?
Vocês já fizeram muitos clips, sendo que um dos mais
marcantes é "Qualquer Bobagem". Qual foi o mais
gostoso de gravar e qual é o melhor?
PF: O prêmio foi
uma surpresa sim, pois concorríamos com outros grupos muito
fortes. Sinceramente, achávamos que o Chico Science iria
ganhar. Cada clip tem sua história, são diretores
diferentes, locações diferentes, etc. A gente sempre
acha que o melhor é o último.
A gente sempre
acha que o último clip é o melhor....
B: Fernanda, você
não costuma escrever muitas letras, mas quando escreve
ficam maravilhosas, como em "Nuvens". Você pretende
escrever mais letras? E o fato de ser uma mulher no meio de três
homens, isto ajuda ou atrapalha?
PF: Eu não escrevo
muito para o Pato Fu, mas tenho algumas coisas guardadas que de
vez em quando dá para usar na banda, ou outros intérpretes
me pedem para gravar. Como mulher, isso só me ajuda é
claro, pois não tem concorrência... Na verdade, os
homens sempre prestam atenção nas mulheres, mesmo
que a nossa opinião seja contrária
( Nota da A Banda: Isso ainda vai render muita discussão).
B: Qual o significado
da pasta de dente, da caixinha de fósforo e da lata amassada
no terceiro disco? São objetos do cotidiano já usados...
E aqueles caras no segundo disco?
PF: Ué, a arte
existe para ser decifrada pelo filtro da cabeça de cada
um. Aliás, que caras?
( nota da A Banda: as caras engraçadas que vocês
estão fazendo!)
B: Quem é Luciana
Ventania da música "Little Mother of Sky? Essa música
tem alguma coisa a ver com "Lucy in the Sky with the Diamonds",
dos Beatles? Será que o Ricardo pode me explicar a música
"Dentro/Fora"?
PF: Infelizmente somos
obrigados a mandar um "vide resposta anterior"
(
Nota da A Banda:
o que vem a ser uma pena, já que os fãs querem saber
o que significa tudo dos ídolos...)
B: Quando vocês
perceberam que o Pato Fu ia definitivamente decolar? Foi quando
vocês gravaram o segundo disco? Como surgiu o primeiro contrato?
Foi em um festival underground, não foi?
PF: Essas coisas a gente
não percebe, vamos trabalhando e aos poucos vamos conseguindo
mais espaço. O primeiro contrato foi feito no Hollywood
Rock de 94, quando o Ricardo esteve distribuindo nosso primeiro
disco às pessoas de gravadora que estavam lá. O
acerto final é que foi feito no SuperDemo, quando o Plug
sinalizou definitivamente que nos contrataria.
B: Como foi a experiência
no Hollywood Rock deste ano (96)? O público gostou da apresentação?
Depois de vocês vieram White Zoombie e Smashing Pumpkins.
O que vocês acham destes grupos? Mais algum grupo naquela
noite impressionou vocês?
PF: Foi tudo legal. Acho
que o show de São Paulo teve mais a ver com a gente, além
de ter mais público, na hora em que começamos a
tocar. Assistimos a todos os shows e cada um gostou mais de uma
coisa - é difícil conseguir esse tipo de unanimidade
dentro do Pato Fu.
B: Vocês parecem
melhorar a cada novo disco. Vocês acham que estão
perto do auge ou ainda há muita coisa a ser feita? Quais
são os novos projetos?
PF: Pelo nosso tempo
de carreira, ainda tem muita coisa para acontecer. Nosso plano
é continuar tocando pelo país, estamos no início
da turnê do disco novo que saiu há pouco, e idéias
novas estão sempre aparecendo....
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