-Maggie! - Diana exclamou me abraçando.
-Tudo bem, tia Diana? - eu perguntei ainda abraçada a ela.
-Eu estou ótima, e vc, querida?
-É... to bem.
Tia Diana se afastou um pouco, colocou um sorriso meigo no rosto e uma parte do meu cabelo atrás da minha orelha. Eu sabia o que ela queria dizer com aquele sorriso: "Tudo vai ficar bem querida. Vc vai ver." Para mostrar que tinha entendido o recado, levemente fiz q sim com a cabeça.
-Cadê todo mundo? - eu perguntei.
Nesse momento, Mackie entrou na parte do quarto em q eu e tia Diana estávamos.
-Oi, Maggie!
-Oi, Mackie. Tudo bem?
-Ahã. A mamãe falou q vc vai pra casa com a gente. É verdade?
-Yep!
-Cool!
-A Jessie, a Avery e a Zoë estão no quarto ao lado terminando de arrumar as coisas delas. Quer dizer, a Zoë tá mais atrapalhando q qualquer coisa, mas...
Eu sorri e me sentei no sofá mais próximo.
-Q horas os meninos chegam?
-Daqui uma hora e meia mais ou menos. Na verdade nós vamos nos encontrar no aeroporto. Daqui meia hora nós estamos saindo daqui e assim q acabar o show eles vão direto pro aeroporto tb.
-Oh...
-Maggie, eu vou descer ver se a conta já foi fechada. Vc poderia tomar conta do Mac pra mim enquanto isso?
-Claro.
-Obrigada, querida. Fique a vontade.
Com isso a tia Diana saiu.
Aquela meia hora passou rápido. Em pouco tempo estávamos no aeroporto. Meia hora a mais e os meninos chegaram. Assim q os vi, um sorriso brotou em meu rosto. Me levantei e coloquei a Zoë no chão.
-Vai com a mamãe um pouquinho. - eu disse a ela.
Zoë correu pros braços de tia Diana.
Com as mãos no bolso e um sorriso no rosto, esperei tio Walker e os meninos se aproximarem. Tio Walker foi o primeiro a me cumprimentar com uma forte abraço e um beijo na testa. Depois foram Isaac e Zac. Então eu senti os braços de Taylor ao redor da minha cintura.
-Hey, Maggie. - ele sussurrou em meu ouvido.
-Hey, Tay... - minha voz saiu quase inaudível.
-É bom te ver.
-Vc nem imagina o quanto eu esperei por esse momento.
Nós nos livramos um dos braços do outro e Taylor me deu um leve beijo no rosto.
-Pq vc não veio ver a gente no hotel antes? - Taylor me perguntou.
Eles tinham chegado a New York há três dias, mas eu não os tinha ido visitar nenhuma vez.
-Eu tava em época de prova, Tay. Lembra? Eu te falei isso pelo telefone.
-Mas não sobrou nem um tempinho livre?
-Nope! E tb, agora nós vamos ter duas semanas só pra gente.
-Eu estou precisando de umas férias.
-Somos dois.
-Eu não aguento mais ficar viajando de um lado pro outro o tempo todo.
-E eu não aguento mais ficar no meu quarto chorando o tempo todo.
Pelo alto falante, ouvimos a chamada do nosso vôo. Taylor colocou o braço ao redor do meu ombro e disse:
-Eu não vou deixar vc chorar nem uma lágrima enquanto vc estiver com a gente.
-É tudo q eu quero, Tay.
Nós embarcamos. Eu e Taylor sentamos juntos. Como de costume, imediatamente tiramos os sapatos e casacos. Eu me sentei de lado, abraçando minhas pernas e fiquei olhando para Taylor. Ele tb olhou pra mim e perguntou:
-Q foi?
-Parece q eu to fazendo uma viagem no tempo. Voltando pra casa, pro tempo em q nós éramos crianças, morávamos um ao lado do outro, andávamos de patins no parque, fazíamos guerrinha d'água... Eu gostaria de morar em Tulsa ainda.
-Eu pensei q vc gostasse de morar em New York.
-Eu gosto... mas eu tb gosto de Tulsa.
-Maggie, vc não quer voltar a morar em Tulsa. Vc quer q sua vida seja tão simples quanto era como quando vc morava em Tulsa.
-E isso é querer demais?
-A gente cresceu, Maggie. Nada mais é tão simples.
-Eu queria q fosse...
-As vezes, eu também quero.
Uma aeromoça veio servir bebidas.
-Coca Diet. Duas. - Taylor pediu pra mim e pra ele.
Logo outra aeromoça veio servindo o jantar. Nós dois recusamos.
-Tay...
-Hã?
-Pq vc nunca teve nenhuma namorada?
-Pq ainda não achei ninguém q valesse a pena. Tirando vc, claro, mas vc nunca quis nada comigo. - Taylor disse sorrindo.
-Tay, a gente tinha 8 anos quando vc me pediu em namoro.
-E vc me deu o maior fora.
-Sorry...
-Vcs não vão comer nada? - Tia Diana surgiu do nada perguntando.
-Nah. Eu to sem fome. - Taylor disse.
-Eu tb não estou com fome, tia. - eu disse.
-Se eu fosse vcs eu comeria alguma coisa. Em casa não tem nada pra comer, já q faz 3 meses q a gente não aparece lá.
-Quando eu chegar em casa eu vou tomar em banho e ir direto pra cama. - Taylor disse.
-Seremos dois. - eu concordei com ele mais uma vez.
-Se vcs estão bem assim... Ok, então. - Tia Diana disse voltando pra poltrona dela.
Eu coloquei minhas pernas sobre as de Taylor. Ele começou a brincar com a minha calça.
-Vc já parou pra pensar no q teria acontecido se eu tivesse aceitado namorar com vc?
-Nah... vc parou?
-Tb não... Mas como teria sido? Como é um namoro de duas crianças de 8 anos?
-Acho q a gente teria andado de mãos dadas, daria uns beijinhos no rosto de vez em quando e contaria pros nossos amigos q a gente estava namorando.
-É... bom, mas eu não precisei aceitar ser sua namorada pra gente fazer isso.
-É, mas eu precisei esperar uns 5 anos até chegarmos a esse ponto.
-Bom, tinha q ter um lado positivo deixar de ser criança. Hj a gente anda sempre de mão dada e a gente se beija no rosto direto. - eu disse, me aproximei de Taylor e beijei-lhe suavemente o rosto.
Taylor virou o rosto e beijou a ponta do meu nariz. Então ficamos nos olhando, com os rostos a poucos centímetros de distância. Num segundo qualquer, eu me aproximei e o beijei suavemente nos lábios. Quando eu me afastei, Taylor sorriu, mas estava com uma cara confusa.
-Pq vc fez isso? - ele perguntou.
-Não sei... Deu vontade... e me pareceu uma boa idéia... Desculpa.
-Nah... Sem problema... Eu gostei.
Nós dois ficamos em silêncio por um instante e então Taylor me chamou.
-Maggie.
-Hã?
-Como é namorar quando se tem 17 anos?
-Como assim? Vc quer saber o q se faz ou como a gente se sente?
-Como a gente se sente, claro. Eu posso nunca ter namorado, mas eu já fiquei com algumas meninas. Eu sei o q se faz.
-Eu imaginei q sim, por isso perguntei o q especificamente vc queria saber.
-E como é?
-É maravilhoso, Tay. Quando vc encontra alguém q vc realmente ama e essa pessoa tb ama vc de verdade, é maravilhoso. Vc se sente mais confiante, mais forte. Mas ao mesmo tempo vc se dá o direito de ser mais frágil, pq vc sabe q tem alguém com quem pode contar. Vc passa a se sentir menos sozinho, mas quando vc se sente, basta ligar pra esse alguém e a solidão vai embora.
-Então é como se o amor fosse um quebra cabeça no qual as pessoas se encaixariam e se completariam?
-É... Isso... um grande quebra cabeça... com a diferença de que as vezes algumas peças não se encaixam.
-E isso é um problema?
-Depende. Se for uma peça grande sim, se for pequena, não.
-Todas as peças entre vc e o Jerry se encaixavam, né?
Eu olhei pra baixo e fiquei quieta por alguns instantes.
-Desculpa. Não precisa responder. - Taylor disse.
Eu peguei uma das mãos de Taylor e comecei a acariciá-la, a brincar com os dedos dele.
-Se encaixavam, Tay. Pelo menos a maioria delas. E a peça q menos encaixava foi a q causou nossa separação.
-Ele gostava de se arriscar, né?
-Mais do q devia. Por isso se meteu naquele acidente.
-Como foi o acidente, Maggie?
-Foi num racha.
-Isso eu sei, mas como aconteceu?
-Ele e uns amigos saíram pra tirar racha numa estrada perto de NYC. Eles corriam muito, o pneu do carro do Jerry estourou, ele não conseguiu controlar o carro. O carro saiu da pista, capotou um monte de vezes e acabou pegando fogo com o Jerry lá dentro.
-Oh...
Eu continuei brincando com a mão do Tay e o Tay continuou brincando com a barra da minha calça, em silêncio.
-Tay?
-Hum.
-Me promete uma coisa?
-O q?
-Q vc nunca, NUNCA vai fazer racha com ninguém.
-Claro q eu nunca vou tirar racha com ninguém. Nem precisa pedir isso. Vc sabe q isso não é meu estilo.
-Mesmo assim, Tay, me prometa q vc nunca vai fazer isso. Eu perdi o Jerry assim. Está sendo duro, mas eu sei q eu vou conseguir superar essa perda. Eu posso perder um milhão de namorados q eu sei q eu vou conseguir superar. Mas eu não sei se eu suportaria te perder, Tay. Vc é muito especial pra mim... vc é meu melhor amigo. Eu não posso te perder. - eu disse com lágrimas nos olhos, olhando dentro daquele imenso azul do olhar do Tay.
Taylor me abraçou forte e sussurrou no meu ouvido:
-Eu prometo nunca entrar num racha, Maggie. Vc nunca vai me perder, Maggie. Eu nunca vou te deixar. Além de ser seu melhor amigo, eu te amo, lembra? Isso significa q vc está presa no meu coração pra sempre. E eu não vou conseguir viver longe de alguém q está tão presa dentro de mim.
O Taylor me soltou, mas nós ainda continuamos bem próximos um do outro. Eu fiquei acariciando o rosto do Tay com uma mão enquanto a outra estava entrelaçada com as deles.
-Vc sabe q no meu coração tem um lugar imenso e muito especial q é ocupado inteiramente por vc, né?
-Eu sei...
Eu dei um beijinho na ponta do nariz dele. Ele me deu um beijo suave nos lábios. Nós dois sorrimos. Nesse momento eu descobri q eu era a pessoa mais sortuda do mundo. Embora meu mundo parecesse desmoronado naquele momento, pela mudança de cidade, pela morte do meu namorado, por todos os problemas q alguém possa passar quando se tem 17 anos, ainda assim eu era a pessoa mais sortuda do mundo. Eu era sortuda pq eu tinha o Taylor. Eu tinha alguém q me amava incondicionalmente. Alguém q me amava independente de eu amá-lo ou não. Alguém q amava minhas qualidades e amava os meus defeitos. Alguém q me amava o bastante pra ser sincero e revelar seu amor, mesmo eu não o amando do mesmo jeito. Alguém q respeitava meu amor por outras pessoas. Alguém q me amava livremente. Alguém q simplesmente me amava: Margareth Hudson. Não importando quantas vezes meu mundo desabasse, ou quantas vezes seu próprio mundo desabasse, ainda sim Taylor me amava e me amaria. Dentro daquele avião, acariciando o rosto de Taylor, sentindo-o acariciar minha mão e sua respiração em meu rosto, eu rezei para amá-lo, assim como ele me amava e ama. Agora eu tenho q esperar e torcer pra que eu aprenda a amá-lo assim com ele me ama.
Tulsa, 20de Dezembro de 2000.
Dia da chegada à casa dos Hanson, onde passarei o Natal e Reveillon.
Margareth Hudson