"Era
Elvis um Cristão?" as pessoas perguntam. Sim, ele era . Um Cristão é uma pessoa
que caminha nos passos de Cristo, no melhor de sua habilidade. Dizer que você é um
Cristão , não o faz Cristão.
Elvis Presley tinha
profundas convicções cristãs. Sua crença era em Jesus Cristo. Nem tudo que ele fez
estava certo; nem tudo que eu faço está certo. Uma coisa que Elvis queria era por mais
canções gospel em seus shows. Ele se tornou mais vocal e mais aberto com suas crenças.
Quando teve um ataque
de coração, ele sabia que estava morrendo. A Bíblia diz que um daqueles ladrões que
estava na cruz disse, "Senhor, lembre-se de mim quando entrar no seu Reino", e
Jesus disse, "Hoje, estarão comigo no paraíso". Nós servimos a um Deus
bondoso. Mesmo que Elvis não estivesse pronto, ele disse, "Jesus, tenha
misericórdia de mim". Eu sei que ele fez isso. E hoje ele está no céu.
Ele não acreditava
que estava morrendo, mas muitas coisas que aconteceram antes de sua morte demonstravam o
fato de estar se aproximando do fim. Colocou muitas canções gospel em seus shows. Quase
sempre incluía "How Great Thou Art" e "Help Me" no show, e próximo
ao fim de sua vida geralmente cantava a música de Mosie Lister "Where No One Stands
Alone". Muitas vezes parava o show e outros cantavam gospel: Kathy Westmoreland com
"My Heavenly Father Watches Over Me"e algumas vezes ele queria que eu cantasse
"Why Me ,Lord?" Ele sempre me apresentava , cantando-a em seus discos.
Chamava "The
Stamps Quartet" ao seu camarim antes de entrar no palco e cantávamos "Sweet,
Sweet Spirit" e então ele nos dizia: "Obrigado, Stamps, eu precisava
disso".
Qualquer um que tenha
assistido o Especial da CBS, meses antes de sua morte, viu-o curvar sua cabeça e orar
antes de entrar no palco e naquela noite cantou muitas gospel.
Ele sempre foi muito
religioso interiormente e reservadamente, e começou a demonstrar isso em suas
apresentações, o que era um passo ousado, mesmo se tratando de um artista de sua
envergadura.
Elvis e eu tínhamos
convicções semelhantes de que nenhum de nós nos considerávamos um ministro. Mas
sabíamos que havia um sacerdócio em nossas canções gospel. Acho que o que as canções
diziam era um sacerdócio. Elvis também sentia assim.
Não percebi que a
mudança física de Elvis era tão forte até que o vi no Especial da CBS. Foi filmado em
Rapid City, Sul de Dakota e Omaha, Nebraska. Eu o assisti com minha esposa Mary e ele
parecia tão mal que eu não acreditava no que estava vendo.
Chorei, e ela também,
durante todo o show. Mary amava Elvis tanto quanto eu. Ele era como um irmão. Voltei
minha mente para 1971, quando fui a Las Vegas assistir um show de Elvis, antes dos Stamps
se juntar a ele.
Ele estava muito
elegante e em excelente forma física que poderia saltar dez passos do chão. Então eu vi
como se movia lentamente naquele especial e a diferença entre 1971 e este show era muito
mais do que eu podia compreender. A câmara não mentia, mas mostrava como um homem pode
mudar diante de seus olhos e você não perceber. A última vez que o vi foi em
Indianápolis, no último show que fez. Eu tinha o hábito de ir sempre ao seu camarim
depois do fim das apresentações do tour. Eu lhe dizia sempre como foi agradável fazer o
tour com ele e que o veria na próxima vez.

Naquela noite, em
Indianápolis, quando fui ao seu camarim, colocou seus braços em volta de meu pescoço e
abraçou-me. Ele disse: "J.D., quero que vá a Graceland. Quero falar sobre uma coisa
que vai te agradar". Ele não disse o que era e eu não perguntei. Se quisesse que
soubesse naquela hora, teria me dito. Conversamos alguns minutos e eu saí. "Foi uma
grande tour, Elvis" , eu disse. "Nós gostamos muito". Lembre-se de vir a
Graceland", ele disse. E assim que cheguei à porta, ele disse: "J.D., eu te
amo".
Estas foram as
últimas palavras que o ouvi dizer. Naquela noite ,tinha em seu camarim uma placa, que a
RCA o presenteou no palco por ter vendido um bilhão de discos. Ele é a única pessoa que
conseguiu isso. Quando você vende um milhão, ganha um disco de ouro, mas ninguém até
então tinha vendido um bilhão, eles não sabiam o que dar a ele, assim doaram essa placa
para significar alguma coisa mais.
Nas próximas semanas
fui a Graceland duas vezes mas não consegui ver Elvis. Os rapazes disseram-me: "
Está lá em cima no quarto mas não quer ver ninguém. Não está se sentindo bem".
Eu não fiz disso um problema. Eu estava no aeroporto de Nashville e tinha acabado de
embarcar no Jet Star de Elvis para voar a Portland, Maine, para o início de um novo tour
quando Felton Jarvis, que estava encarregado do tour, veio até mim e disse que o tour
estava cancelado.
Felton era um amigo
íntimo. Ele não sabia que Elvis estava morto. Elvis não cancelaria um tour inteiro, a
menos que alguma coisa estivesse muito errada. Achei que Vernon estivesse doente ou
falecido. Seria a única coisa que eu poderia pensar, que faria Elvis cancelar um tour.
Desci do avião e
alcancei Mary antes que saísse do aeroporto. Jason estava com ela porque sempre quis ver
o avião de Elvis. A caminho de casa, tudo se tornou nebuloso e muito escuro. Tínhamos um
rádio e de repente alguém anunciou que o Rei do Rock and Roll estava morto. Nós ficamos
em silêncio. Até mesmo Jason ficou quieto.
Eu não acreditei, mas
sabia que havia alguma coisa muito ruim. Quando chegamos em casa, liguei para Ed Enoch
para se aprontar e dizer ao nosso motorista do ônibus, Glen Tadlock para pegar a
limousine que iríamos a Memphis ver o que estava errado.
Naquele momento eu
pensava que Vernon havia morrido ou isto era um truque do Coronel. Eu não aceitava a
notícia de que Elvis estava morto.
Quando chegamos em
Graceland e entrei, vi então que meu amigo estava morto.
Vernon chamou -me para
outra sala e perguntou-me se eu poderia me encarregar do funeral. " Você sabe bem o
que o Elvis gostaria que fosse feito", ele disse, "as músicas que gostaria que
fossem cantadas, quem poderia cantá-las e orar. Você sabe mais sobre essas coisas que
qualquer outro".
Reuni as músicas que,
pensei, Elvis teria pedido. Kathy cantou e eu trouxe Bill Baize para uma canção com os
Stamps com Ed Enoch, Ed Hill e eu e também um quarteto que se aproximava do velho
Statesmen, que era o favorito de Elvis. Ele sempre gostou do canto de Jake Hess. Eu trouxe
Rosie Rozell, Doy Ott, Jake e James Blackwood. Os reuni no baixo, e Hovie Lister veio de
Atlanta para tocar o piano.
Olhando para trás, é
uma ironia que o quarteto que eu escolhi para cantar no funeral de Elvis tornou-se o
próximo quarteto com o qual eu cantei. - The Masters V.
Honestamente, acredito
que se Elvis tivesse escolhido Os Masters V, teria escolhido as mesmas pessoas que eu.
Cantei poucos anos com os Masters V e então voltei para os Stamps Quartet. Eu finalmente
coordenei o pessoal até que tivéssemos de volta o som que tínhamos quando cantávamos
com Elvis.
Estou falando de 1991,
agora. Finalmente Ed Enoch voltou a cantar a primeira voz. Ed Hill canta como barítono.
Ele era o apresentador dos Shows de Elvis, famoso por dizer estas palavras "Ladies
and Gentlemen, Elvis has left the building. Thank you and good night!" Steve Warren
cantando como primeiro tenor e C.J. Almgren no teclado. Ele é o mais clássico, o melhor
músico que já tive. Quando começamos a ir ao palco e fazer um trabalho profissional, eu
tinha o melhor pessoal que já tive.

Se Elvis Presley
estivesse vivo hoje, estaria muito orgulhoso do Stamps Quartet no seu show. |