As Virgens Suicidas

Título Original The Virgin Suicides
Direção: Sofia Coppola
Produção: Sofia Coppola
Elenco: James Woods, Kathleen Turner, Kirsten Dunst, Josh Hartnett, Hanna R. Hall, Chelse Swain, A.J. Cook, Leslie Hayman, Danny DeVito
  EUA, 2000
Genêro: Drama
Duração: Cor. 35mm. 96 Minutos


Durante a década de 70, o filme enfoca os Lisbon, uma família saudável e próspera que vive num bairro de classe média de Michigan. O sr. Lisbon (James Woods) é um professor de matemática e sua esposa é uma rigorosa religiosa, mãe de cinco atraentes adolescentes, que atraem a atenção dos rapazes da região. Porém, quando Cecília (Hanna R. Hall), de apenas 13 anos, comete suicídio, as relações familiares se decompõem rumo a um crescente isolamento e superproteção das demais filhas, que não podem mais ter qualquer tipo de interação social com rapazes. Mas a proibição apenas atiça ainda mais as garotas a arranjarem meios de burlar as rígidas regras de sua mãe, elas estão dispostas a tudo para experimentarem o fruto proibido.


Sofia Coppola resgata clima da adolescência em "As Virgens Suicidas"

Depois de agradar ao público do Festival do Rio BR, Virgens Suicidas, de Sofia Coppola, estréia no circuito carioca nesta sexta-feira. O primeiro longa-metragem da filha de Francis Ford Coppola - que produziu o filme - é baseado no romance The Virgin Suicides, de Jeffrey Eugenides, e faz uma crítica à família tradicional americana. Cinco irmãs vivem sob o rígido controle dos pais, uma dona de casa e um professor de matemática. Depois do suicídio da caçula, as outras passam a agir estranhamente.

Sofia Coppola ficou conhecida pela sua questionável atuação em O Poderoso Chefão 3, dirigido por Coppola e em Guerra Nas Estrelas - Episódio I. Mas na direção, muito segura para uma iniciante, ela prova que seguiu direitinho os passos do pai. As Virgens Suicidas foi sucesso no festival de Roterdã do ano passado e em Sundance, em 2000. No Rio BR, que terminou ontem, mais de 1.500 pessoas assistiram ao filme, que ficou em 11.º no rol dos campeões de bilheteria.

Nos anos 70, uma família suburbana tem cinco bonitas filhas que passam a despertar o imaginário da comunidade local, depois que Cecília, a mais nova, pula da janela e morre cravada na cerca, no dia de sua festa de aniversário. Um grupo de meninos da vizinhança fica obcecado pelo mistério que envolve as irmãs e começa a colecionar objetos pessoais, cartas e o diário da irmã morta, a partir do qual eles viajam pelos fatos relatados por Cecilia. Eles as observam por telescópios e binóculos. E são esses voyeurs mirins que narram a história. Sofia procura simbolizar em fatos do cotidiano a agonia que paira sobre a família. Logo no começo, a árvore em frente à casa é condenada pela prefeitura, como se o aviso pregado no tronco profetizasse o destino daquelas pessoas.

Com a morte de Cecilia, o controle passa a ser ainda maior por parte da mãe, Kathleen Turner, quase irreconhecível, no papel de uma mulher envelhecida e amargurada. O pai é omisso e aliena-se dos problemas da casa assistindo basebol na TV. Sofia lida de forma radical com os valores morais americanos. A filha mais velha, depois de ser punida por chegar de manhã cedo após uma festa, perde a ingenuidade e resolve ter experiências sexuais com vários rapazes.

A direção dos atores também é precisa e James Woods, de O Especialista, tem sem dúvida uma de suas melhores atuações, vivendo a típica figura do pai alheio aos desejos dos filhos e da esposa.

Assim como o pai, Sofia Coppola valoriza a trilha sonora, escolhida a dedo entre os clássicos dos anos 70, como How Can You Mend a Broken Heart?, de Al Green. O primeiro contato das irmãs com os meninos vizinhos se dá por telefone. Mas niguém fala nada, as canções da época, tocadas na vitrola, dão o recado que cada um deseja dar ao outro. Essa seqüência ,que antecede o encerramento da história, é a mais bela do filme, e talvez a mais forte, apesar da singeleza.