Uma professora de rígido colégio protestante resolve largar tudo, inclusive o companheiro de alguns anos e professor de teologia do mesmo colégio. No filme de Rozema os problemas do amor e da fé são abordados de maneira radical, pois sua temática é toda radicalismo.
Sabemos que os extremos são prejudiciais. E com muita liberdade, mas também com repressão, Cupido sorrateiro passa a infernizar atravez de Petra, uma ilusionista de circo, aparecendo intermitentemente a Camille nos mais inesperados momentos. Não há dúvida que, por parte dessa mulher, há desencanto e desilusões com os homens e com sua vida, inclusive espiritual. E não é à toa que Camille e Petra se encontram numa lavanderia, sendo que o cachorro morto, pelo qual Camille ali chora e está na geladeira de sua casa, é uma metáfora da prisão em que se encontra a mulher e sua incapacidade de fazer algo por ela própria.
Vazia é a vida que ela leva com o companheiro, num lar sem filhos e sem a presença constante dele. Longe dos problemas do mundo, ela passeia pela mitologia grega e dá aula para alunos desinteressados. É significativo que seu companheiro e professor de teologia, lhe chame atenção, embora vagamente, para que tomasse cuidado com o que dizia, pois aquilo que se expressa é fatalmente o que se realiza, para o bem ou para o mal. E ela vinha se expressando estranhamente, desde quando conhecera Petra, fato que ele desconhecia, mas suas palavras a traíam.
