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POBRE RIO DE JANEIRO
Enquanto os jornais e nossos intelectuais estão exclusivamente preocupados com o que acontece em Brasília, com o “quem corrompe quem”, “quem grampeia quem” eu, humilde cidadão comum, sem influenciar nem me deixar influenciar, continuo vivendo no inferno da batalha diária que é locomover-me pela cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. No trajeto de carro de Copacabana para a cidade encontro três retenções de trânsito, resultado de Blitz da Polícia Militar. Neste mesmo percurso sou novamente assaltado (segunda vez em vinte dias!!!) Leio nas páginas de dentro (tímidas) dos jornais que a bandidagem continua solta, que vão mapear os pontos com bandeirinhas vermelhas, amarelas e azuis para avaliar onde ocorrem mais crimes. Não se pode passar em frente a Mangueira, não se pode andar à noite pela Tijuca, Maracanã, Vila Isabel, Grajaú, Alto da Boa vista (Serra para Petrópolis então é suicídio, só maluco se arrisca – me dizem). As ONGs, nossos valorosos defensores dos Direitos Humanos e tudo o que cheirar a “esquerdismo”, “fora FMI” ou “fora FHC”, continuam com suas bandeiras e velas brancas empunhadas, enquanto a população encara os canos negros dos revólveres ou o brilho das lâminas das facas ou o verde garrafa dos cacos de vidro. “Nossos meninos esfomeados”, “Nossos excluídos”, continuam buscando sustento da maneira que podem, roubando dos “ricos” trabalhadores. Afinal, eles precisam fazer justiça com as próprias mãos, precisam comer. Ai de mim se ousar andar armado! Processo, cadeia, execração pública! Nossos excluídos o fazem por necessidade, por falta de assistência, por isso, por aquilo. Enquanto isso vou sendo assaltado, roubado, assustado, lesado em meus bens, agradecendo sempre a Deus por sair com vida e pensando até quando resistirei? Posso morrer de enfarte pelo susto e aí não entrarei nas estatísticas. Queremos justiça sim, acabar com os criminosos de colarinho branco sim, mas gostaríamos de, enquanto isso, não sermos exterminados pelos “sem colarinho”, nem pelos “nossos pobrezinhos descamisados”! Ou o governo do estado toma providências enérgicas ou solicite ajuda de quem pode efetivamente resolver o estado calamitoso em que nos encontramos. Camisa branca e vela na mão contra marginal são coisas bonitas, mas para quem nunca sofreu na carne o pavor de ver um bandido de arma na mão ameaçando-nos de morte! A guerrilha está instalada e eu quero estar vivo para ler nos jornais quantos petistas assinaram o projeto do Lalau.
Geraldo Iglesias |
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