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REPUBLIQUETA BRASILEIRA
O Brasil, apesar de toda a sua pujança, apesar de tudo de bom que tem, desde suas terras até seu povo, namora uma tendência perigosa para republiqueta de bananas. Existe um tipo de gente, de pseudo intelectuais (de almanaque de Santo Antonio) que se valem de frases bonitinhas ou de efeito e distorcem uma realidade que entra pelos olhos de qualquer ser pensante. Falar em renascimento da direita, em fronteiras virtuais ou vitória do capitalismo é tão canalha quanto chutar canela de velha. O Brasil, até bem pouco tempo atrás vivia uma ditadura monstruosa, onde os militares e paramilitares, nossa extrema direita: torturava e matava da forma mais vil, mais abjeta que se tem conhecimento na história mundial. Todos apaniguados pela CIA, que treinava os torturadores. Os Estados Unidos, na sua ânsia de dominar o mundo (como um Hitler às avessas) fazem o jogo, dão as cartas sempre e obrigam aos mais pobres e desvalidos a “fazerem seu jogo”. Sob a máscara mentirosa e calhorda de globalização, usam a mão de obra barata, praticamente escrava, dos países subdesenvolvidos alegando que estão aumentando o campo de trabalho. Nada. Apenas se aproveitam da mão de obra escrava, livram-se de pagar impostos e depois, revendem a preço de ouro os produtos produzidos por aquele povinho. Pior: compram as estatais, compram tudo por valores aviltantes, deixando os países pobres cada vez mais pobres, cada vez menos soberanos, menos capazes de produzir, de exportar, de se manterem com um mínimo de dignidade. Os Estados Unidos criam, dão nomes às situações que interessam e fazem bom uso de tudo, num imbróglio perfeito. Fazem tudo como no caso das laranjas: quando seus laranjais produzem mais do que o necessário, seus cientistas dizem que doses cavalares de vitamina C curam desde resfriados até o câncer, passando pelos infartos e outros menos afamados. Quando os laranjais “estão em baixa”, os cientistas fazem novas “descobertas”: a vitamina C, em excesso, provoca câncer. E assim vai esse país militar, brutalizado, centro exportador de taras e doenças, dominando os fracos, subtraindo as soberanias, as pátrias, provocando guerras e ampliando a fome no mundo. Enquanto isso, ficamos aqui dizendo que a esquerda está falindo, que a globalização é inevitável e outras tantas tolices e vendendo à preço de banana nosso país, nossas riquezas, nossa pobre riqueza. Em troca temos um país de analfabetos, com pior distribuição de renda do mundo, com um índice de analfabetismo inaceitável até no século passado, com crianças sem escolas, pais de família desesperados e envergonhados com o desemprego que aumenta sem parar, jovens levados para o tráfego de drogas (porque não existem empregos, eles não tiveram colégio, são subnutridos e revoltados), porque os traficantes levam atendimento médico, comida, água onde o Estado é que deveria estar presente, mas a verdade é que atuam muito melhor que o Estado . E assim, sob as palavras bonitas da terceira via, globalização, novas tecnologias, o país se perde, se entrega ao imperialismo americano. Pobre republiqueta sem saída e sem fim!
Ana Barros Março 2000 |
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