Cristianismo e Espiritismo (Parte I)

"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios"(1 Timóteo 4.1).

"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema" [amaldiçoado] (Gálatas 1.8).

A bíblia do espiritismo é o Livro dos Espíritos, escrito em 1857 pelo escritor francês Hyppolyte Léon Denizart Rivail, conhecido pelo nome de Allan Kardec. Este livro, segundo seu autor, contém mensagens recebidas de espíritos desencarnados. Entre 1859 e 1868, escreveu outros livros: O Que é Espiritismo, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese, Livro dos Médiuns, Céu e Inferno. Esses compêndios formam o que se chama codificação da doutrina espírita, nascendo daí o Espiritismo, denominação criada pelo referido escritor.
Inúmeras religiões há no mundo e algumas até defendem princípios e doutrinas ensinados por outras. É exemplo o ensino budista e hinduísta da transmigração das almas adotado no espiritismo, com algumas alterações, com o nome de reencarnação. Outro exemplo é a absorção, pelo espiritismo, da teoria evolucionista do inglês Darwin, desenvolvida no livro A Origem das Espécies, em 1859, na mesma época em que Kardec escrevia seus livros. Até aqui nada de anormal nessa colcha de retalhos, não fosse a moldura que o kardecismo colocou em sua doutrina: o cristianismo, mais precisamente o Evangelho do Senhor Jesus.
Assim, difunde-se o "Espiritismo Cristão", com fachada cristã, com nomenclatura cristã, com apelos cristãos, mas na verdade nega as doutrinas do cristianismo. Qual trepadeira enrosca-se o kardecismo na frondosa árvore do cristianismo, não para lhe dar vida ou beleza, mas para ter mais credibilidade e sustentação. Os cristãos-evangélicos denunciamos e rejeitamos, porque falsos, os afagos, aplausos e palavras doces originários de uma seita que se compraz, por exemplo, em desonrar a imagem do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e negar a autoridade e inspiração divina das Sagradas Escrituras, como veremos mais adiante. Assim, o quadro do espiritismo apresenta uma moldura falsa.

 

A MOLDURA

"Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. .." (Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. I, item 4).

Sabemos que Jesus não foi um SIMPLES legislador, mas o próprio Deus em forma de homem, salvador da humanidade. Sua missão não era simplesmente moral, baseada em boas obras, mas sim a missão de salvar o homem pela FÉ. O maior tesouro de Deus em toda a Bíblia é o “Plano de Salvação”, pelo qual Jesus foi enviado para que todo aquele que nEle cresse não perecesse, mas tivesse a Vida Eterna. E isso pela graça de Deus, mediante a fé, e não por nossas próprias obras, pois se fosse assim, a morte de Cristo teria sido em vão. “Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém das obras, segue-se que Cristo morreu em vão.(Gálatas 2.17)”.

Sabendo que o homem não é justificado pelas obras, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificado.(Bíblia Sagrada.Galatas2.16)

Nos versículos abaixo, o Apóstolo Paulo está exortando os gálatas que, mesmo depois de ter sofrido tanto e recebido de Deus o amor e a graça, começaram a se desviar para falsas doutrinas e continuavam fazendo boas obras, achando que assim estariam agradando a Deus.

Ó INSENSATOS gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? E é evidente que pelas obras ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. (Gálatas 3.1-5 e 11).

Jesus nunca foi contra as boas obras, muito pelo contrário, nas escrituras está escrito que a fé sem obras é morta. Mas Ele SEMPRE mostrou que em PRIMEIRO lugar está a FÉ. O homem é justificado pela fé, pois por isso Jesus morreu, para que através do seu sangue nós fôssemos justificados dos nossos pecados, pela GRAÇA de Deus, e não pelos nossos próprios méritos e bondades.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; (Efésios 2.8 e 9)

 

"Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. NO CRISTIANISMO ENCONTRAM-SE TODAS AS VERDADES. São de origem humana os erros que nele se enraizaram" (E.S.E., cap. VI, item 5).

O plano de salvação em Cristo não é imperfeito. Essa citação do evangelho espírita é pura heresia para o cristianismo e a própria essência do Evangelho de Jesus Cristo. Não existem erros enraizados no Cristianismo. A Bíblia diz que a Palavra de Deus é perfeita e digna de toda a aceitação.

"Deus transmitiu a sua lei aos hebreus, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus"(E.S.E., cap., XVIII, item 2).

"O Espiritismo é a terceira revelação de Deus... e os Espíritos são as vozes do Céu" A primeira revelação de Deus teria sido em Moisés, e a segunda, em Jesus. (E.S.E. cap.I, item 6).

Outro GRANDE equívoco do evangelho espírita é continuar vendo Jesus como um ser moral, que veio continuar a obra dos patriarcas como Moisés, ao invés de tê-lo como divino redentor, que na verdade veio aniquilar a lei pela fé. Veja os versículos abaixo:

Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito aos antigos: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.

E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé

Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.(gálatas 3.10-13)

Vimos, portanto, as palavras afáveis e elogiosas ao cristianismo dirigidas. A pintura, todavia, não guarda sintonia com a moldura. Somente a fachada é cristã, como veremos a seguir. (O realce nas citações acima é nosso). O espiritismo tem-se esforçado por encontrar na Bíblia Sagrada passagens que dêem sustentação ou legitimidade aos seus ensinos sobre comunicação com os mortos, preexistência das almas, reencarnação, salvação somente pela caridade, mediunidade, pluralidade de mundos habitados, inexistência de céu, de inferno e de juízo final, e outros. O principal objetivo deste trabalho é refutar essas doutrinas e mostrar que o ensino das Palavra de Deus é totalmente diferente.

A ORIGEM DO HOMEM

A PALAVRA DO ESPIRITISMO:

"Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura dos primeiros espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. VESTIU-SE ENTÃO DAS PELE DE MACACO, sem deixar de ser espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem" (A Gênese, Allan Kardec, FEB, Rio de Janeiro, 1985, 28a ed., p. 212).

Allan Kardec, como se vê, ficou muito impressionado com a teoria revolucionista do seu contemporâneo inglês Charles Robert Darwin (1809-1882), e resolveu incluí-la na codificação do Espiritismo. Seus adeptos seguiram-lhe os passos. O espírita Alexandre Dias, no livro Contribuições para o Espiritismo (2a ed., Rio de Janeiro, 1950, a partir da p. 19), além de corroborar o pensamento kardecista, acrescentou que antes de serem macacos, os homens foram um mineral qualquer, ou seja, uma pedra ou um tijolo. Não apenas isso: "A espécie humana provém material e espiritualmente da pedra bruta, das plantas, dos peixes, dos quadrúpedes, do mono (macaco). E, de homem, ascenderá a espírito, a anjo, indo povoar mundos superiores..."(Leopoldo Machado, Revista Internacional do Espiritismo, 1941, Matão, SP, p. 193).

"A espécie humana não começou por um só homem. Aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro nem o único a povoar a Terra" (Livro dos Espíritos, Allan Kardec, resposta à pergunta número 50).

A PALAVRA DO CRISTIANISMO

A teoria da seleção natural das espécies é contrária ao que ensina a Bíblia Sagrada. Esta teoria diabólica que incorpora o pensamento panteísta (Deus é tudo em todos) é a negação do Deus criador de todas as coisas. "NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA". É assim que inicia o primeiro livro da Bíblia, Gênesis, escrito por Moisés. Com a Sua palavra, Deus criou a luz, as águas, o firmamento, a parte seca (a terra), a relva e árvores frutíferas para "darem frutos segundo a sua espécie"; depois produziu os astros luminosos para iluminarem a terra; produziu os peixes e as aves, segundo suas espécies; produziu Deus os animais domésticos, répteis e animais selvagens conforme a sua espécie.

"Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os animais domésticos, sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente. Assim Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. Viu Deus que tudo o que tinha feito, e que era muito bom" (Gênesis 1 e 2).

"Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva" (1 Timóteo 2.13).

Como vimos, depois de fazer a terra e os céus, Deus criou as matas, as árvores frutíferas, os animais, e, enfim, o homem. O sopro de Deus no homem formado do pó representa que a vida é um dom de Deus; que o homem foi criado para ser moralmente semelhante a Deus, como expressão do seu amor e glória; para ter permanente comunhão com Deus. Portanto, não tem respaldo das Sagradas Escrituras a afirmação de que a alma humana encontrou morada primeiramente em animais, e que o homem é conseqüência de uma seleção natural das espécies. O Senhor Jesus legitima o livro de Gênesis, ao dizer: "Não leste que no princípio o Criador os fez macho e fêmea"?

Como poderia a alma humana, nascida do sopro de Deus, haver se instalado no macaco, criado antes do homem? Por que então afirmar que espiritismo e cristianismo ensinam a mesma coisa? Proselitismo, engodo, mentira, hipocrisia ou leviandade? Moisés teria escrito uma asneira? Mas como, se o espiritismo diz que Moisés foi a Primeira Revelação de Deus? Se as revelações de Deus não sabem o que afirmam ou mentem, a Terceira Revelação, o espiritismo, seria uma exceção?

A BÍBLIA SAGRADA

A PALAVRA DO ESPIRITISMO:

"A Bíblia não pode ser considerada produto da inspiração divina. É de origem puramente humana, semeada de ficções e alegorias, sob as quais o pensamento filosófico se dissimula e desaparece o mais das vezes" (Cristianismo e Espiritismo, de León Denis, p. 130, 5a, FEB).

"Do velho Testamento, já nos é recomendado somente o Decálogo, e do Novo Testamento, apenas a moral de Jesus. Já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor, mais de 90% do texto da Bíblia"(FEB, O Reformador, p. 13, janeiro/1953).

"Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo"(À Margem do Espiritismo, FEB, 3a edição, 1981, p. 2l4).

"A Bíblia, evidentemente, encerra fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia hoje aceitar e outros que parecem estranhos e derivam de costumes que já não são os nossos" (A Gênese, p. 87, opinião de "espíritos").  Os evangelistas S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João foram alvo de uma dura crítica do codificador da doutrina espírita: "Eles possivelmente se enganaram quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou dado interpretação falsa aos seus pensamentos..." (A Gênese, p. 386). Contudo, na tentativa de legitimar seu espiritismo Kardec buscou a experiência cristã e as palavras dos evangelistas, principalmente de Mateus, muito citado no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ademais, como vimos inicialmente, Kardec declarou que o espiritismo é de tradição verdadeiramente cristã, e que no cristianismo estão todas as verdades. Podemos levar a sério o que o espiritismo diz? O kardecismo seria muito mais autêntico se se firmasse em seus próprios pés, na palavra e experiência de seus "espíritos".

A PALAVRA DO CRISTIANISMO:

"Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Timóteo 3.16-17).

Esta belíssima mensagem é da lavra do apóstolo Paulo, de quem Allan Kardec disse ter sido "um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho". É o mesmo Paulo que escreveu 1 Coríntios 13.13, mensagem plenamente aceita pelo codificador da doutrina espírita. Podemos dizer que "o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa"? No mesmo livro, em 1

Coríntios 15, Paulo empresta o devido valor às Escrituras Sagradas: "Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; e que foi sepultado, e que ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras".

"Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo"(2 Pedro 1.21). O Senhor Jesus confirma a inspiração divina da Bíblia quando diz:

"Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito"(João 14.26).

"Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus" (Jesus, Mateus 22.29). Quem assim falou foi o Senhor Jesus, aquele que veio em "missão divina" para ensinar a justiça de Deus aos homens", conforme assim definiu Allan Kardec, na embalagem do espiritismo. Podemos confiar no Livro dos Espíritos e nos demais, soprados por "espíritos" que dizem e se contradizem, fazem e desfazem, juram e negam? Fiquemos com o Salmo 119.105: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho".

 

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