Cristianismo
e Espiritismo (Parte II)
COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS
A PALAVRA DO ESPIRITISMO:
"Graças
às relações estabelecidas, doravante e permanentemente, entre os
homens e o mundo invisível, a lei evangélica, que os próprios Espíritos
ensinaram a todas as nações, já não será letra morta, porque cada
um a compreenderá e se verá incessantemente compelido a pô-la em prática,
a conselho de seus guias espirituais. As instruções que promanam dos
Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os
homens e convidá-los à prática do Evangelho"(E.S.E., Allan
Kardec, Introdução, item I).
Vê-se
a nítida propensão do Espiritismo de Kardec de criar um sincretismo
doutrinário envolvendo o cristianismo. A intenção é revelada também
nos textos de início citados, como por exemplo: "O Espiritismo é
uma tradição verdadeiramente cristã". Sobre o enunciado acima,
podemos dizer que não foram os Espíritos que ensinaram a lei evangélica;
que esta nunca foi letra morta; que os evangélicos não têm guias
espirituais; que os espíritos não são canais de comunicação entre
Deus e os homens. A comunicação com os mortos, o esforço de um
estreito relacionamento com os espíritos desencarnados, e a
possibilidade de as almas retornaram à vida corpórea em corpos
diferentes, são os baluartes da doutrina espírita. Este não é o
Evangelho que os evangélicos pregam. Logo, cristãos e espíritas não
ensinam a mesma coisa. A moldura é falsa.
A PALAVRA DO CRISTIANISMO:
"Não
haja no teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou a filha, nem
adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem
encantador, nem necromante, nem mágico, nem QUEM CONSULTE OS MORTOS. o
Senhor abomina todo aquele que faz essas coisas..."(Deuteronômio
18.10-12). Necromante era o nome dado ao espiritismo de hoje, isto é,
pessoa que invoca os mortos. Abominar significa rejeitar, detestar,
afastar.
Há um ingênuo argumento contra esta Palavra, segundo o qual não havia
como Deus proibir o espiritismo porque este não existia naquela época.
Oh!
my friend! Então,
nenhum mal existe em darmos cheques sem fundos ou de seqüestrarmos
pessoas. Sem maiores comentários. O espiritismo está sob condenação
divina porque consulta os mortos, tenta manter diálogo com eles, recebe
mensagens de seres espirituais que dizem ser espíritos desencarnados,
e, além disso, distorce a Palavra de Deus e nega as principais
doutrinas bíblicas. Ademais, quem escreveu os versículos acima, de
Deuteronômio, foi Moisés, a "Primeira Revelação de Deus",
segundo o espiritismo. Logo...
"Assim
morreu Saul (primeiro rei de Israel) por causa da sua infidelidade ao
Senhor. Não guardou a palavra do Senhor, e até consultou uma
adivinhadora, e não buscou ao Senhor, pelo que ele o matou, e
transferiu o reino a Davi, filho de Jessé"(1 Crônicas 10.13.14).
Alguns espíritas argumentam que o rei Saul não participou de uma sessão
espírita. Qualquer ritual que tenha por objetivo contatar espíritos de
pessoas falecidas, exercer a adivinhação e a mediunidade, qualquer que
seja o nome a isto atribuído - umbanda, candomblé, quiromancia,
grafologia, astrologia, quimbanda, esoterismo, mediunidade -,
enquadra-se no conceito de espiritismo.
A Bíblia diz em 1 Samuel 28.7 que Saul procurou uma NECROMANTE, isto é,
uma mulher que consultava os mortos, porque ele estava ansioso por uma
palavra do Senhor, que viesse por intermédio do profeta Samuel, já
falecido. O espíritas têm usado esta passagem para justificar que
houve a comunicação com o espírito Samuel. Enganam-se, pelos
seguintes motivos: 1) Deus não iria favorecer uma prática por Ele próprio
condenada, em função da qual condenou Saul, conforme Deuteronômio
18.10-12, e 1 Crônicas 10.13-14; 2) Se Samuel fora enviado por Deus - o
espiritismo ensina que Deus só se comunica com os homens através dos
Bons Espíritos -, teria cumprido com prazer sua missão, e não teria
dito a Saul: - "Por que me inquietaste, fazendo-me subir"? 3)
O espírito maligno que se incorporou na pitonisa (médium) mentiu ao
profetizar que no dia seguinte Saul e seus filhos morreriam (1 Samuel
28.19). A morte de Saul não ocorreu no dia seguinte, e somente três de
seus filhos morreram (1 Samuel 31.2, 6; 1 Crônicas 10.2, 6). Os outros
filhos, Is-Bosete (2 Samuel 4.7), Armoni e Mefibosefe (2 Samuel 21.8) não
foram mortos na batalha contra os filisteus.
"Fez
seus filhos passarem pelo fogo no vale do filho de Hinon, praticou feitiçaria,
adivinhações e bruxaria, e consultou médiuns e adivinhos, fez muito
mal aos olhos do Senhor, provocando-o à ira"(2 Crônicas 33.6). O
trecho refere-se a Manassés, décimo-quinto rei de Judá. Por estes
pecados, foi levado cativo para a Babilônia.
"Vivendo
ainda a criança, jejuei e chorei... porém, agora que é morta, por que
jejuaria eu? Poderia eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não
voltará a mim"(Declarações do rei Davi, referindo-se à morte de
sua filha, em 2 Samuel 12.15-23). "Tal como a nuvem se desfaz e
passa, assim aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir.
Nunca mais tornará sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá"
(Jó 7.9-10).
Na
parábola do rico e Lázaro, Lucas 16.19-31, o Senhor Jesus confirma a
impossibilidade de os mortos se comunicarem com os vivos. Em resposta ao
rico, que estava em tormentos e lhe rogava que enviasse Lázaro aos seus
irmãos na Terra, Abraão foi categórico: "Têm Moisés e os
profetas. Ouçam-nos". Ou seja, seus irmãos possuem os cinco
livros de Moisés (o Pentateuco) e os livros dos profetas. Devem eles
buscar suas verdades, ler essa Escritura para alcançarem a vida eterna.
Mas o rico insistiu: "Não, pai Abraão, mas se algum dos mortos
fosse ter com eles, arrepender-se-iam". O rico estava aterrorizado
diante do que estava vendo e sofrendo. Não desejava a mesma coisa para
o seu pior inimigo. Acreditava o rico no testemunho de Lázaro. Pensava
ele que a Lázaro seria concedido sair do seu lugar para levar a boa
mensagem de salvação aos vivos. Mas Abraão fechou a questão, peremptório:
"Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão,
ainda que algum dos mortos volte à vida". Somente um morto terá
condições de falar aos vivos se ressuscitar, ou seja, se o espírito
voltar ao mesmo corpo, e ir pessoalmente levar o recado. Os destinos
desses dois homens, do rico e de Lázaro, eram irreversíveis. Vê-se
que em nenhum momento Abraão acena com a possibilidade de o sofrimento
do rico ser amenizado.
O kardecismo ensina que Deus se comunica com os homens somente através
dos bons espíritos. Lázaro representa um bom espírito. O bom espírito
Lázaro não teve permissão de levar boas mensagens aos irmãos do
rico. Ao dizer Abraão que eles tinham as leis de Moisés e a palavra
dos profetas, estava afirmando que a Palavra é um meio seguro e natural
para Deus falar aos homens.
Quem nos ensinou através dessa parábola foi Jesus, o mesmo Jesus sobre
o qual Allan Kardec disse que "veio em missão divina de nos
ensinar a justiça de Deus". Vamos recordar o que Kardec disse:
"Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador
moralista... a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito
e da sua missão divina. Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira
vida não é a que transcorre na Terra e sim a que é vivida no reino
dos céus. Viera ensinar-lhes o caminho que a esse reino
conduz..."(E.S.E., cap. I, item 4). Esta a moldura. Mais adiante
veremos que Kardec desdenha do ensino de Jesus através de parábolas.
Posicionando-se como tal, merece crédito o espiritismo? É flagrante o
disparate entre a bula e o remédio. O espiritismo acredita que algumas
passagens bíblicas legitimam a comunicação com os espíritos de
pessoas falecidas. Vejamos:
A Transfiguração de Jesus
Não houve
nesse evento comunicação entre vivos e mortos, como deduz o
espiritismo (Lucas 9.28-36):
- Não
aconteceu ali nenhuma sessão espírita. Jesus, Pedro, João e Tiago
não incorporam espíritos;
- Aprouve
a Deus, na sua infinita sabedoria, promover aquele evento e oferecer
àqueles apóstolos a feliz oportunidade de verem com seus olhos
carnais o Senhor Jesus na sua glória, a glória que sempre teve;
- Também
serviu para dar um alento a Jesus, haja vista a proximidade do seu
sacrifício: "Os quais apareceram com glória e falavam da sua
morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém"(Lucas 9.31);
- Jesus
não falou com Moisés e Elias na condição de homem, ou seja, em
corpo humano. Antes, seu corpo foi transfigurado, transformado num
corpo glorioso, celestial, espiritual. Com igual corpo estavam Moisés
e Elias.
- Pedro,
João e Tiago não conversaram com Moisés e Elias. Estes falaram
com Jesus.
- Somente
após a saída de Moisés e Elias referidos apóstolos falaram a
Jesus (Mateus 17.3; Marcos 9.4).
- Demorou
pouco tempo a visão que os apóstolos tiveram da transfiguração
de Jesus e da sua conversa com Elias e Moisés: "E Pedro e os
que estavam com ele estavam 'carregados de sono' e quando
despertaram viram a Sua glória e aqueles dois varões que estavam
com Ele" (Lucas 9.32).
- Ao
que tudo indica, Deus preparou aquele momento para que os apóstolos
não tivessem nenhuma dúvida da eternidade de Jesus na condição
de Deus Filho ou Filho de Deus. Daí haver o apóstolo João escrito
com tamanha convicção e inspirado pelo Espírito Santo: "No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. E o Verbo se fez carne e
habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito
do Pai, cheio de graça e de verdade".
A
proibição e a comunicação
É comum a
argumentação de que se Deus proibiu a comunicação com os mortos é
porque ela existia. Em Deuteronômio 18, Deus proíbe a necromancia, a
consulta a espírito adivinhante, a feiticeiro e, mais claramente, a
consulta aos mortos. E diz que essas práticas são abomináveis, isto
é, detestáveis, repreensíveis, execráveis; e "todo aquele que
faz tal coisa é abominação ao Senhor". Em Isaías 8.19, lê-se:
"Não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos
interrogar-se-ão os mortos"? Desde a formação do homem no Éden
Deus estabeleceu o princípio da obediência. Se Deus proíbe qualquer
prática ou ato que tenha por objetivo entrar em comunicação/comunhão
com espíritos de pessoas mortas, devemos obedecer. Obedecer sem murmurações,
sem levantarmos dúvidas quanto à validade da proibição. Deus proíbe
a tentativa de comunicação, o ato de se tentar obter, através de
adivinhos e necromantes, certas informações dos espíritos, ou até
mesmo alívio para os males do corpo e da alma. Deus, na sua infinita
sabedoria, sabe dos perigos envolvidos em tais práticas, porque conhece
as artimanhas do inimigo. Se a invocação dos espíritos dos mortos
fosse bom para os homens, Deus a aprovaria. Allan Kardec declarou que
"Deus só se comunica com os homens através dos bons espíritos"
(E.S.E. Introdução, VI). Ora, se isto fosse verdade Deus não
proibiria essa comunicação. Muito pelo contrário.
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