Cristianismo e Espiritismo (Parte VII)

MUNDOS HABITADOS

"Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. Virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também" (Palavras de Jesus, Mateus 14.2-3). Allan Kardec assim interpretou esta mensagem: "A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço", habitados pelos espíritos. Refutamos tal interpretação:

1) A casa de Deus é o céu, e para lá iria Jesus. Ao ladrão crucificado ao seu lado, Jesus prometeu: "Hoje estarás comigo no paraíso". "Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés... não fez a minha mão todas estas coisas, e assim vieram a existir?" (Isaías 66.1-2). Aquele ladrão não iria vagar por muitas encarnações e planetas outros até morar num "mundo ditoso", como quer o espiritismo.

2) Jesus promete voltar para levar os seus para junto de si: os vivos serão arrebatados, e os mortos, ressuscitarão (1 Tessalonicenses 4.16-17). Com isso, a doutrina da reencarnação perde seu sentido: na Sua volta, como ficariam os desencarnados que não cumpriram as etapas para purificação? É evidente que Allan Kardec ignorou a segunda parte do versículo em que Jesus promete voltar para ressuscitar os que dormem. Não estaremos espalhados por vários mundos, mas reunidos, numa só família, com Cristo. A ressurreição dos mortos anunciada na passagem acima está de acordo com Hebreus 9.27: "Aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo". Só morremos uma única vez.


PREEXISTÊNCIA DAS ALMAS

O espiritismo ensina que as almas, criadas por Deus, já existem em estado "simples e ignorantes". Aos poucos vão sendo encaminhadas à Terra para viverem num corpo humano: "O mundo espírita preexiste e sobrevive a tudo. Os Espíritos estão por toda parte; povoam o espaço infinito. Estão continuamente ao vosso lado, observando e agindo, malgrado vosso, porque são uma das forças da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a realização de seus desígnios providenciais" (Livro dos Espíritos, questões 85 e 87). A mim me parece que o espiritismo confunde anjos com espíritos humanos. Em certo debate, um espírita apresentou uma série de passagens bíblicas, como a seguir, para justificar a preexistência da alma. Refutamos do seguinte modo:

Malaquias 3.1


"Eis que eu envio o meu anjo, que preparará o caminho diante de mim; e, de repente, virá ao seu templo o senhor, a quem vós buscais, o anjo do concerto, a quem desejais; eis que vem, diz o senhor dos exércitos".

A palavra "ANJO" (hebraico malak; grego angelos) significa mensageiro. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus: "Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação"? No versículo sob comento, o anjo que seria enviado - "envio o meu anjo" - seria João Batista, ou seja, o mensageiro João Batista, que viria preparar o caminho de Jesus, o qual assim se referiu: "João é aquele de quem está escrito: adiante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o caminho" (Mateus 11.10; Marcos 1.2; Lucas 1.76). O "anjo do concerto" é Jesus, conforme Malaquias 3.5.
Não vejo nessa passagem qualquer vestígio de que a alma de João Batista estivesse previamente preparada, guardada no almoxarifado de Deus; salvo se se queira entender, forçando uma interpretação, que o anjo encarnou em João Batista. Ora, os anjos têm funções específicas. Não se transformam em almas, para, a partir daí, necessitarem de sucessivas reencarnações. Os anjos - não estamos falando dos "anjos caídos" - são seres inteligentes, superiores aos seres humanos (Hebreus 2.6,7); habitam no céu (Marcos 13.32); lutam contra as forças demoníacas (Apocalipse 12.7-9); protegem os santos (Salmos 34.7; 91.11); acompanharão a Cristo quando ele voltar (Mateus 24.30-31); trazem respostas às orações (Atos 10.4), etc. Os anjos são seres espirituais distintos dos espíritos humanos. Portanto, muito longe estão de serem semelhantes às almas "simples e ignorantes" de Allan Kardec. A única encarnação de um Espírito preexistente foi a de Jesus - porque eterno -, para que o plano de salvação dos homens nEle se cumprisse. Mas esta é outra história.

Jeremias 1.5


"Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta".

Deus não está limitado ao tempo. Deus, onisciente, tem o conhecimento de todas as coisas, do ontem ao amanhã, do início do mundo à plenitude dos tempos. O próprio Deus assim se revelou: "Eu sou Deus e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam" (Isaías 46.9-10). É por isso que há profecias que falam de um fato futuro como se já tivesse passado. Vejamos: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro"(Isaías 53.3-7, 700 a.C.) "Deram-me fel por alimento, e na minha sede me deram a beber vinagre"(Salmos 69.21. séculos X a V a.C. ). Logo, antes que Jeremias nascesse Deus já o conhecia; antes mesmo de sua formação, de sua concepção. Antes que o espermatozóide atingisse o óvulo, para dar início a um novo ser humano, Deus já o chamava pelo nome e preparara para ele um ministério profético. Expressões equivalentes foram ditas por Paulo: "Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça..."(Gálatas 1.15), e por Davi: "Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe..."(Salmo 139.16).

Isaías 49.1, 2, 5


"Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe! O SENHOR me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe, fez menção do meu nome. E fez a minha boca como uma espada aguda... E, agora, diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para seu servo".

Diz o espiritismo que a mensagem acima dar legitimidade ao ensino da preexistência das almas. A profecia está se referindo ao Servo do Senhor, Jesus Cristo, pelo seguinte: 1) Em "ouvi-me ilhas", a palavra ilhas representa o mundo, e "povos de longe" refere-se a todas as gerações. O ministério profético de Isaías não teria tal magnitude e alcance. 2) "Chamou-me desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome", diz respeito à missão messiânica de Jesus, concebido no ventre de Maria, e chamado pelo nome antes do seu nascimento: "Conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó" (Lucas 1.31, 33). 3) Somente Jesus seria a "luz dos gentios" e a "salvação até à extremidade da terra", como está no verso "6". Esta não seria tarefa para o profeta Isaías. 4) As expressão "fez a minha boca como uma espada aguda", no verso 2, alude às palavras do Messias esperado, palavras semelhantes a uma espada afiada que penetra na consciência dos homens: "... e da sua boca saía uma afiada espada de dois gumes"(Apocalipse 1.16; 2.12, 16). A profecia, portanto, nada tem a ver com preexistência das almas.

Salmo 139


Vejamos alguns versículos desse salmo: "Ó Senhor, tu me sondaste e me conheces. Conheces o meu assentar e o meu levantar... conheces o meu caminho. Tu me cercaste em volta. Para onde fugirei da tua face? Pois criaste o meu interior; entreteceste-me [tecer, armar, fazer] no ventre da minha mãe. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe. Todos os dias que foram ordenados para mim, no teu livro foram escritos quando nenhum deles havia ainda".


Também mencionado como argumento de que a preexistência das almas é aí ensinado. O Salmo 139 não é nada mais nada menos do que uma revelação da onipresença e da onisciência de Deus. Não se trata de uma declaração da alma do salmista, que estaria revelando situações ocorridas antes da formação do corpo. O próprio espiritismo declara que, quando encarnada, a alma não se recorda de sua vida extracorpórea. Deus está presente em todos os momentos de nossa vida, desde a concepção e, antes desta, Ele já conhecia nosso destino: "Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia". Deus tem um plano de salvação para todos os homens. O primeiro passo foi dado por seu Filho, na cruz. O passo seguinte é o nosso: aceitar a Jesus como Senhor e Salvador e permitir que o plano de Deus se realize em nossas vidas. O salmista fala, também, do Juízo Final, quando diz: "Ó Deus! Tu matarás, decerto, o ímpio. Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno"(v. 19, 24). Aqui o salmista busca a graça salvadora de Deus, para que possa viver na eterna paz. Portanto, o Salmo 139 nada tem a ver com preexistência das almas.

Mateus 18.8-9 - Marcos 9.42-48


"Se tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma grande pedra de moinho e que fosse lançado no mar".

Jesus, usando o recurso da linguagem figurativa, diz que para entrarmos no reino Deus é necessário cortarmos todas as ligações com o pecado, pois é melhor vivermos uma vida de sacrifício, de repulsa aos prazeres mundanos, do que sermos lançados no inferno. Jesus advertiu sobre a imperiosa necessidade de os crentes darem bons exemplos às crianças, afastando-as das influências ímpias do mundo; não induzirem pessoas à prática do mal; não serem instrumentos de "escândalos" para a perdição dos demais (drogas, bebidas, pornografias, falsas doutrinas, filmes imorais, piadas obscenas, prática do ocultismo). Portanto, nada do que foi dito Por Jesus tem qualquer ralação com preexistência da alma. Mais uma vez Jesus fala do castigo eterno para os recalcitrantes, os duros de coração, os ímpios.


Gênesi 25.22 ss

"O Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço".

Os versículos acima contam a história do nascimento dos gêmeos Esaú e Jacó. Deus, de antemão, sabia que desses dois sairiam duas nações e seriam entre si antagônicas: os israelitas, descendentes de Jacó, de cuja linhagem surgiria o Redentor; e os edomitas, descendentes de Esaú. Esses "dois povos" se hostilizaram e se guerrearam por muitos e muitos anos. O maior exemplo desse relacionamento conflituoso foi quando o rei de Edom negou a passagem de Israel pelo seu território, por ocasião do Êxodo (Números 20.21). A menção da luta no ventre de Rebeca reforça o entendimento de que desde o começo haveria desavenças entre Jacó e Esaú no seio da família, e entre seus descendentes, tal como aconteceu. A Palavra do Senhor foi cumprida em sua inteireza. Portanto, nada que possa legitimar o ensino da preexistência ou reencarnação das almas encontra-se na passagem bíblica sob análise.


MEDIUNIDADE - "DR. FRITZ"

O Brasil todo assistiu ao desenrolar das apurações e debates em torno do mais espetacular e desastroso fenômeno de mediunidade de todos os tempos. Um milhão de pessoas atendidas pelo médium Rubens Faria Júnior, que diz incorporar uma entidade espiritual denominada "Dr. Fritz". Num período de três a quatro anos teriam sido realizados cerca de duzentos mil atos cirúrgicos em doentes que diariamente buscavam alívio para suas dores.

Esse espírito, "Dr. Fritz", há vinte anos atua no Brasil. Foi incorporado de início pelo médium Zé Arigó; depois, pelo médium Edson Queiroz, e, por último, pelo médium Rubens. Conforme declarações dos referidos canalizadores, "Dr. Fritz" é o espírito de um médico alemão falecido há muitos anos.

O trabalho de atendimento médico-cirúrgico do médium foi suspenso como conseqüência de graves denúncias: morte de uma jovem paciente, ocultação de cadáver, enriquecimento ilícito, exercício ilegal da Medicina, e outras. Nada temos contra a pessoa do Sr. Rubens, que, diga-se de passagem, é vítima do maior inimigo de Deus e dos homens, como veremos a seguir. Pretendemos tão-somente analisar o fenômeno espiritual em si, à luz da palavra de Deus, à luz dos ensinos bíblicos. Para que os leitores possam conhecer a extensão do problema, transcrevemos matéria publicada no jornal O Dia, Rio, 6.2.99, sob o título "DR. FRITZ SOB INVESTIGAÇÃO":

"A briga entre o médium Rubens Faria Júnior, o Dr. Fritz, e sua ex-mulher Rita de Cássia Costa Faria não só ainda vai dar panos para mangas como está virando escândalo. Policial. A Polícia Federal, que entrou no caso para investigar possíveis crimes de sonegação fiscal e remessas ilegais de dólares para o exterior, feitas por Rubens, descobriu três mortes, que teriam ocorrido no galpão de atendimento do médium, na Rua Quito, na Penha. O delegado Marcelo Bertolucci soube dos cadáveres pelo segurança de Rubens - Nélson José Nunes Júnior - preso no dia 26 de janeiro por porte ilegal de pistola 9mm (arma privativa das Forças Armadas). Ele confessou ter sido o responsável pela remoção dos três corpos, pacientes do Dr. Fritz. Os cadáveres não foram para o Instituto Médico Legal (IML) mas, segundo Nélson contou no depoimento, para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde existiria um esquema montado para registrar os óbitos como se fossem de internos daquele hospital. Essa semana, o delegado Bertolucci pretende colher mais subsídios com Nelson, para investigar as mortes. Mas ele não estará sozinho. Ao saber da história pelo O DIA, o superintendente de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Ricardo Peret, prometeu promover uma auditoria ao HGV para cruzar os registros de óbitos com os de entrada dos pacientes no hospital, tentando confirmar a história.

A dor-de-cabeça que Rubens Faria terá a partir da briga que vem mantendo com Rita, em torno da partilha dos bens do casal, não pára por aí. Tanto Rita como seu irmão, Sebastião Odilo Moreira da Costa, que durante muito tempo auxiliaram Rubens Faria quando ele incorporava o Dr. Fritz, agora o acusam de charlatanismo. Sebastião, que no galpão era conhecido como Renato, era quem organizava todos os atendimentos, funcionando com uma espécie de coordenador, tanto na Penha (RJ), como no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo. Ambos garantem que demoraram a descobrir que tudo não passava de um embuste. Eles dizem que a injeção que o médium costumava dar nos pacientes não passava de um fingimento. A seringa era abastecida com aguarrás, álcool e iodo. "A injeção não era dada na pessoa, mas num pedaço de gaze escondida na mão esquerda do Dr. Fritz", afirmou Sebastião. Rita não só confirma a história da falsa injeção como põe mais pimenta na história do galpão. Garante ter surpreendido o médium sozinho com moças sem roupas na sala de cirurgia. Em depoimento que assinou, confessa:
"senti uma grande vergonha de ter participado daquela farsa".

Espírito mau ou bom?

O espiritismo não admite a existência de demônios, Inferno, Juízo Final, Satanás, Diabo, pecado, salvação pela graça, morte expiatória de Jesus, condenação eterna, e outras doutrinas bíblicas. Por isso, cristianismo e espiritismo são irreconciliáveis. Portanto, a partir da crença espírita, o Dr. Fritz é o espírito de uma pessoa falecida. Resta saber se é um espírito bom ou mau. Hippolyte Léon Denizart Rivail, que usa em seus livros o pseudônimo Allan Kardec, o codificador das doutrinas espíritas, afirmou que existem espíritos capazes de tudo: mentirosos, enganadores, imitadores de caligrafias e de vozes, perversos, orgulhosos, semeadores de discórdia, criadores de sistemas absurdos (e porque não criadores de doutrinas absurdas), enganadores de médiuns, levianos, vaidosos, medíocres, ambiciosos, capazes de todos os ardis, etc. (O Evangelho Segundo o Espiritismo (E.S.E.), de Allan Kardec, caps. XXI e XXVIII, págs. 335, 340, 342 e 414; Livro dos Médiuns, págs. 272, 281, 282 e 285). Se o Dr. Fritz é do grupo dos perversos, então justificam-se as dificuldades enfrentadas pelo "canal" Rubens, os transtornos na sua vida conjugal, a morte de doentes por ele atendidos, e de outras coisas mais. Ninguém sabe quantas pessoas atendidas pela entidade espiritual chamada Dr. Fritz ficaram em situação pior, nem quantas sofreram ou morreram nas mãos dos médiuns Zé Arigó e Edson Queiroz. Não se trata do exercício legal de práticas religiosas, assegurado na Constituição. O exercício da mediunidade, nesses termos, equivale-se ao curandeirismo.

Se os espíritas consideram como válida a hipótese de o Dr. Fritz ser um espírito mau, seria de bom alvitre fazê-lo "subir" numa sessão espírita para tentar doutriná-lo, ou aconselhá-lo a reencarnar. Então, a comunidade espírita apresentaria mais tarde um novo Dr. Fritz, em melhores condições de dar prosseguimento ao seu trabalho. Entretanto, os defensores dessa idéia estariam diante de algumas dificuldades: 1) Dr. Fritz, usando de seu livre-arbítrio, poderia recusar a reencarnação ou a conversão; 2) Os espíritos bons presentes nessa sessão poderiam não ser tão bons assim, porquanto, segundo Kardec, há espíritos que enganam os médiuns; 3) Possibilidade de o Dr. Fritz não atender ao convite, ou seja, não "subir". Kardec consente nessa real possibilidade quando diz no cap. XXVIII, pág. 447, do Evangelho Segundo o Espiritismo:

"Os maus espíritos são aqueles que ainda não foram tocados de arrependimento; que se deleitam no mal e nenhum pesar por isso sentem; que são insensíveis às reprimendas, repelem a prece e muitas vezes blasfemam do nome de Deus. São essas almas endurecidas que, após a morte, se vingam nos homens dos sofrimentos que suportaram e perseguem com o seu ódio aqueles a quem fizeram mal durante a vida, quer obsidiando-os, quer exercendo sobre eles qualquer influência funesta. Duas categorias há bem distintas de Espíritos perversos: a dos que são francamente maus e a dos hipócritas. Infinitamente mais fácil é reconduzir ao bem os primeiros do que os segundos. Aqueles, as mais das vezes, são naturezas brutas e grosseiras, como se nota entre os homens; praticam o mal mais por instinto do que por cálculo e não procuram passar por melhores do que são".

Kardec acertou na descrição das qualidades desses espíritos malignos, mas errou em não chamá-los de demônios liderados por Satanás, o maior inimigo de Deus e dos homens.
Se bem entendi, os maus se dividem em maus de verdade, e hipócritas. Os maus, genuinamente maus, são de fácil recuperação e podem ser doutrinados facilmente. Com jeitinho aceitam reeencarnar para sofrerem em muitas outras vidas. Já os hipócritas são osso duro de roer. Ora, os maus são bons ouvintes que procuram seguir os conselhos. Os maus hipócritas são da pesada. Tenho a impressão que muitos leitores estão perguntando onde o francês León Hippolyte Denizart Rivail foi buscar essas idéias. Como os espíritas não acreditam em Juízo Final ou Inferno, espíritos dessa espécie ficarão por aí fazendo o mal eternamente sem serem molestados, e Deus sem nada fazer, até porque "Deus não mandaria um filho seu para o castigo eterno", como argumentam os espíritas.

Admitida a hipótese de ser Dr. Fritz um espírito bom, teriam que explicar porque a vaca foi pro brejo, ou seja, porque as coisas desandaram. Os espíritos bons, no entender da doutrina espírita, protegem e ensinam o bom caminho. Logo, o Dr. Fritz não permitiria que o trabalho mediúnico fechasse as portas. Digo isto porque, segundo Kardec, Deus se comunica com os homens SOMENTE através dos espíritos bons. Fico a meditar se Deus, soberano e ilimitado, estaria limitado nas suas comunicações. Em resumo, entendo que o médium Rubens não incorpora um bom espírito, porque um bom espírito ter-lhe-ia dado total proteção para o êxito no exercício da mediunidade.

A hipótese de o Sr. Rubens ser médium e não ser espírita não encontra respaldo nos ensinos kardecistas. Kardec declara que os "médiuns receberam de Deus um dom gratuito", ou seja, "o de serem intérpretes dos Espíritos, para instrução dos homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé...". Não esclarece em quem é a fé. O médium, segundo a doutrina espírita, é um canal (daí a expressão moderna de "canalizador") por onde fluem os espíritos dos mortos. Os bons espíritos ouvem a Deus, recebem de Deus as instruções e as repassam aos homens, diz o espiritismo. É por essas e outras que Kardec considera o espiritismo a Terceira Revelação de Deus. Resumindo, temos: Kardec diz que médium é o que incorpora espíritos de mortos; o Sr. Rubens diz que incorpora espíritos de mortos; logo, o Sr. Rubens é médium. Nem todo espírita é médium; mas todo médium é espírita. Como também nem todo médico é cardiologista, mas todo cardiologista é médico. Creio que a maioria dos espiritistas aspiram à mediunidade. E os líderes incentivam os novos a essa prática: "você tem mediunidade e precisa desenvolvê-la". A mediunidade é para o espiritismo, como a enxada é para o lavrador. Logo, não se pode dissociar a mediunidade do espiritismo. Nós, cristãos, sabemos que não são espíritos de pessoas falecidas que eles incorporam.

Outra hipótese é a que não aceita as qualidades mediúnicas do Sr. Rubens, e, portanto, não o tem como espírita. Seria um pseudo-médium, charlatão, trapaceiro. Os que assim pensam certamente enfrentam alguma dificuldade em explicar: 1) A comunidade espírita engoliu por muitos anos a farsa sem nada perceber? 2) Idem, idem, com relação aos médiuns Zé Arigó e Edson Queiroz? 3) Os bons espíritos, que "sobem" ou "descem" nas centenas de sessões por esse Brasil a fora, não falaram nada, não deram nenhuma dica, levando em conta que estava em jogo o conceito da mediunidade, o conceito do espiritismo, o conceito dos próprios bons espíritos? 4) A comunidade de médiuns, embora sabendo da farsa, resolveu silenciar? Não há como, com os "dons" mediúnicos disponíveis, detectar um falso médium? 5) As alterações de voz e semblante observáveis no Sr. Rubens, quando este se diz possuído pelo Dr. Fritz, denunciam ou não a presença de uma entidade espiritual? 6) Se se trata de uma farsa, o que dizem milhares de pessoas que estiveram com ele? 7) Como explicar os cortes cirúrgicos - de peles, nervos e ossos - sem que as vítimas demonstrassem sentir qualquer dor?

Os mortos não voltam

Segundo os ensinos da Palavra de Deus os mortos não voltam. O princípio é que os mortos nada podem fazer pelos vivos, e estes, nada, pelos mortos. Após a morte do corpo, o espírito segue para um lugar determinado, para a paz eterna ou para o eterno sofrimento. Assim diz o Senhor Jesus:

"Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. QUEM NELE CRÊ NÃO É CONDENADO, MAS QUEM NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO, PORQUE NÃO CRÊ NO NOME DO UNIGÊNITO FILHO DE DEUS" ( João 3.17-18).

Da parábola do "rico e Lázaro", proferida pelo Senhor Jesus, ficamos conhecendo a que tipo de condenação Ele se referiu. Deduz-se que os mortos se encontram em lugares já definidos, sem condições de mudança e sem permissão para se comunicarem com os vivos. O rico - não pelo fato de ser rico, mas porque idolatrava sua riqueza - estava num lugar infernal, em tormentos; e Lázaro, em um lugar de gozo e paz.



JESUS É A VERDADE

Não é demais lembrar que o espiritismo exalta as qualidades morais de Jesus, embora não o reconheça como Senhor e Salvador. Kardec não diz que Jesus é totalmente mentiroso. Ele afirmou que "o Cristo veio ensinar aos homens a justiça de Deus"; que "no Cristianismo encontram-se todas as verdades"; que "o Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos". Ora, o cristianismo, religião fundada pelos discípulos de Jesus, tem por base doutrinal os ensinos do Mestre, a Sua condição de Cristo, o Messias, Sua morte expiatória, Sua ressurreição, dentre outros. Kardec se rende às divinas mensagens do Senhor Jesus, mas ensina que o tempo do Senhor Jesus já passou; que o espiritismo é a Terceira Revelação de Deus; que a alma humana se instalou inicialmente em macacos; que a alma salva-se a si mesma, etc. Kardec se contradiz. Aproxima-se do cristianismo e o reconhece como o caminho da verdade, mas nega essas verdades. Usou o cristianismo para apresentar sua tese, qual planta trepadeira que busca sustentação e vida nas árvores robustas.

A que conclusão quero chegar? Concluir que todas as palavras pronunciadas pelo Senhor Jesus, suas mensagens e parábolas, devem ser aceitas e acatadas pelos espiritistas, sob pena de se colocarem em atitude de rebelião contra Kardec ou, copiando o mestre, cair no contraditório. Daí porque deve ser considerada veraz a palavra do Senhor Jesus, e reconhecida a autenticidade dos livros bíblicos por Ele citados, tais como os livros da lei mosaica, o livro de Salmos, a palavra dos profetas, o livro de Jonas, o de Isaías, as palavras de seus apóstolos, que dEle receberam instruções e, por extensão, toda a Bíblia Sagrada. Os espíritas costumam acreditar em algumas mensagens do Senhor Jesus, e rejeitar outras. Como se Ele fosse verdadeiro em apenas parte do que falou e ensinou. Como se Ele fosse metade mentira, metade verdade. Em João 17.17, o Senhor Jesus, intercedendo pelos discípulos, diz: Santifica-os na verdade; A TUA PALAVRA É A VERDADE. Logo, a Palavra santifica e contribui para que a fé nasça nos corações dos homens. O próprio Jesus declara: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE, E A VIDA (João 14.6). Ora, Kardec disse que Senhor Jesus ensinou a justiça de Deus, que Deus revelou-se nEle, que o cristianismo contém todas as verdades, e que a missão de Jesus foi divina.

Kardec foi muito esperto na elaboração de sua doutrina. Colocou o Senhor Jesus nas alturas, e disse que o cristianismo é a verdade. Porém, quando se vê encurralado dá o pulo do gato. Ele simplesmente diz que o Senhor Jesus não estava falando sério quando se referiu a Satanás e seus demônios, os quais, para Kardec, seriam tão-somente espíritos atrasados, impuros, mas que um dia chegarão à perfeição. No Livro dos Espíritos, questão 131, referindo-se a Jesus e a satanás, diz:

"Não se sabe que a forma alegórica é uma das características de sua linguagem?

Em síntese, Kardec está duvidando da seriedade do Senhor Jesus. Para Kardec, Jesus estava brincando quando ordenou que Satanás saísse de sua presença (Mateus 4.10); quando classificou o Diabo de homicida e pai da mentira (João 8.44); quando libertou uma mulher das amarras de Satanás (Lucas 13.16); quando outorgou poderes aos crentes para expulsarem demônios (Marcos 16.17).


QUEM É O DR. FRITZ?

Tenho dúvida se ele é o próprio Satanás, se um simples demônio, ou, quem sabe, um grupo de demônios, uma falange como disse o médium Rubens. Muito bem disse Kardec quando afirmou que eles mentem, falsificam, são perversos ao extremo, capazes de tudo. Errou por muito pouco não lhes dispensando a denominação correta, a correta denominação que o Senhor Jesus lhes deu. Capazes de tudo, astutos, inteligentes e organizados, esses demônios dizem que são espíritos desencarnados (coitadinhos!); enganam os incautos nas sessões espíritas, imitam caligrafias de pessoas falecidas e suas vozes; falsificam quadros de pintores famosos; tomam posse dos corpos dos que invocam seu nome; e, como vimos no fenômeno Rubens/Fritz, cortam corpos e matam.


A entidade incorporada pelo médium Rubens não é um espírito desencarnado, mau ou bom. É maligno o espírito por ele recebido, qualquer que lhe seja o nome dado: exu, preto-velho, satanás, diabo, demônio, pomba-gira, caboclo, capeta, belzebu, espírito-guia, espírito mau, espírito malfazejo, espírito perverso, iemanjá, orixá, tranca-rua, ogum, oxóssi, xangô, omolu, iansã, oxum, caboclo, espírito-guia, ou Dr. Fritz.

 

LOUVADO E ENGRANDECIDO SEJA
NOSSO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO!

  

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