Filipenses:
a “Epístola da Alegria” escrita na prisão (FP
4:4) "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo,
regozijai-vos." Ao
estudarmos a Epístola de
Paulo aos Filipenses nos deparamos com uma realidade que parece incoerente
à compreensão humana. Paulo estava preso na ocasião em que escreveu a
carta enviando-a através de Epafrodito (um companheiro de ministério
muito amado pelo povo de Filipos). Como
pode um homem preso, escrever uma carta tão alegre? Pode um homem se
alegrar em meio ao perigo? Pode um homem louvar ao Senhor numa situação
triste ou numa prisão? Nós
encontramos nos 4 capítulos da Epístola Aos Filipenses uma quantidade
significativa das palavras “alegria”, “regozijo”, “gozo”,
“regozijai” e “alegrai”, além de muitas citações de demonstração
de felicidade. Contexto
Histórico Paulo
havia estado em Filipos para a pregação do Evangelho e a conseqüente
fundação de uma Igreja, como nos relata Atos
6. Na ocasião Deus fez uma grande obra naquela cidade. Após expulsar
um espírito de adivinhação numa uma mulher que dava muito lucro aos
seus senhores Paulo foi preso juntamente com Silas. Foi então o primeiro
grande testemunho de fé e confiança que o apóstolo deixava para a
lembrança daquele povo. Mesmo
preso naquele cárcere a Palavra não nos relata que Paulo chorava,
reclamava ou murmurava, mas relata que ele louvava e orava ao Senhor. Nesse
momento um terremoto aconteceu, as portas da cadeia se abriram e até o
carcereiro que tomava conta das celas pôde presenciar a manifestação do
poder de Deus e juntamente com sua família abriram seus corações para a
salvação em Jesus Cristo. Paulo partiu mas deixou uma Igreja fundada não somente pelo anúncio do Evangelho, mas também pelo testemunho que ele havia dado naquele lugar, provando pela primeira vez àquele povo que é possível regozijar mesmo nos momentos mais difíceis. A
Epístola aos Filipenses Anos
mais tarde (acredita-se ter sido entre 5 e 10 anos após a fundação da
Igreja) Paulo estava preso, longe de Filipos, e havia recebido dádivas
daquele povo que não o esquecia, e que com gratidão, o reconhecia como o
grande responsável pelo surgimento da “Igreja de Cristo” naquela
localidade. "Ora, muito me regozijei no Senhor por finalmente
reviver a vossa lembrança de mim... Todavia fizestes bem em tomar parte
na minha aflição... Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que
cresça para a vossa conta." (FP 4:10,14 e 17). Mas
as dádivas e a lembrança do povo não eram os únicos motivos da alegria
que Paulo expressada na Epístola. Nessa oportunidade ele passou a saber
da situação da Igreja em Filipos e estava muito contente também com a
fidelidade daqueles cristãos. Durante a carta ele expõe apenas alguma
preocupação para que aquele povo não viesse a se contaminar com falsos
obreiros ."Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,
guardai-vos da circuncisão” (FP 3:2). Mas
mesmo com sua satisfação em relação aos filipenses a realidade do apóstolo
era diferente a daquele povo. Os filipenses estavam livres para viver e
continuar pregando o evangelho. Paulo, por sua vez estava encarcerado
(acredita-se que ele estava em Roma pela liberdade que tinha em receber dádivas
na cadeia, e em Roma ele havia ficado preso em sua própria casa na
espreita de um vigia. Mais tarde Paulo sairia daquela prisão para ser
condenado à morte). Que situação triste: impedido de fazer o que mais
gostava que era anunciar o Evangelho, podendo ser condenado, além de
solitário, mas mesmo assim Paulo ainda conseguia escrever uma “Epístola
da Alegria”. Como
louvar e se regozijar enfrente ao perigo? Como se alegrar no meio de um
deserto? Como transmitir felicidade em meio à angustia? Para isso é
necessário uma certeza muito grande de “quem é Deus”, é saber em
quem temos crido, é ter uma fé tão segura a ponto de não esquecer
jamais de que “ todas as coisas contribuem juntamente para o bem dos que
amam a Deus”. Paulo
conhecia Jesus. Não havia estado fisicamente com Ele, como hoje também não
estamos, mas a comunhão dele com Cristo fazia com que independente das
circunstâncias, ele não perdesse a fé. (FP 3:14) "Prossigo para
o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." Ao
ler a Epístola em busca dessas certezas nos deparamos com os versículos
escritos por Paulo que renovam a nossa fé e nos ensinam a alcançar a
felicidade independente das circunstâncias.
Quando atingimos essa profundidade na comunhão com Deus a
felicidade brota em nossas vidas e aprendemos a esperar felizes o dia da
vitória. (FP
2:13) "Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o
efetuar, segundo a sua boa vontade." (FP
3:20 e 21) "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Que transformará o nosso
corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu
eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas." (FP 1:20 e 21) "Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho."
Sabrina Fortunato
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