O Greenstone belt do Rio Itapicuru (GBRI) (Kishida 1979; Silva 1987), situa-se na porção NE do Bloco Serrinha. Sua estratigrafia compreende: (i) uma unidade vulcânica máfica basal, de natureza toleítica de fundo oceânico; (ii) uma unidade vulcânica félsica a intermediária, de quimismo calcialcalino com características similares às de vulcanitos de arcos continentais; e (iii) uma unidade sedimentar constituída de turbiditos vulcano-derivados e sedimentos vulcanoquímicos do tipo chert e BIF. Esse conjunto de supracrustais encontra-se metamorfisado nas fácies xisto verde e anfibolito e intrudido por granitóides do tipo I, sin a tardi-tectônicos, sills gabróicos e corpos lamprofíricos pós-tectônicos (Silva 1987).
Silva (1987 e 1992), embasada em dados de estudos litogeoquímicos e isotópicos propôs um modelo de evolução do GBRI em um ambiente geotectônico do tipo back arc.
Dados geocronológicos Sm-Nd, Pb-Pb, U-Pb em zircões e Rb-SR, obtidos por Silva (1992), Gaal et al. (1987) e Brito Neves et al. (1980), revelaram idades paleoproterozóicas para as rochas supracrustais e intrusivas do GBRI, variando entre 2.2 Ga (basaltos) e 2.0 Ga (granitoides sintectônicos).
Os trabalhos de pesquisa e exploração mineral desenvolvidos no GBRI, além de mineralizações de ouro, tem também evidenciado alvos potencialmente favoráveis à presença de mineralizações de sulfetos de metais-base: o alvo A1 e o alvo Cubango. Em ambos predominam metassedimentos pelíticos associados a metassedimentos químico-exalatívos (cherts albíticos, formações ferríferas e manganesíferas bandadas). Levantamentos geofísicos revelaram a existência de anomalias IP/R e EM, enquanto a geoquímica de rocha e de sedimentos de corrente revelaram valores anômalos para Cu. Furos de sondagem realizados nesses alvos confirmaram a presença de horizontes mineralizados a sulfetos maciços, com predominância de pirita e traços de esfalerita e calcopirita.
Do ponto de vista metalogenético, o GBRI se destaca pela presença de importantes mineralizações auríferas, relacionadas com intensa atividade hidrotermal, corpos sub-vulcânicos e intrusivos, em alguns aspectos similares ao tipo pórfiro, zonas de cisalhamento, e veios de quartzo, quartzo-carbonato e quartzo-sericita, às vezes sulfetados, de estilos stock-work e/ou shear vein.
Outros prospectos de ouro e de metais-base tem sido encontrados no GBRI. O mais notável é a Faixa Deixai, na sua parte norte, que apresenta evidente potencial para mineralizações de Au Cu, associadas com intrusivas gabróicas, vulcânicas máficas e félsicas e extensiva zona de cisalhamento e de alteração hidrotermal sílico-potassico-carbonática.
GAAL, G., TEIXEIRA, J.B.G., DEL REY SILVA, J.L.H., SILVA, M.G. 1986. Early Proterozoic crustal evolution and metallogenesis, northwestern Bahia, Brazil. Palestra proferida no ISGAM (Intern. Symp. on Granites and Metallogenesis), Salvador, outubro de 1986.
KISHIDA, A. 1979. Caracterização geológica e geoquímica das seqüências vulcanossedimentares do médio Rio Itapicuru (Bahia). Tese de Mestrado. Universidade Federal da Bahia.
SILVA, M.G. 1987. Geochemie, Petrologie und geotektonische Entwicklung eines proterozoischen Grünsteingürtels: Rio Itapicuru, Bahia, Brasilien. Tese de Doutorado, Universidade de Freiburg, Alemanha.
SILVA, M.G. 1992. Evidências isotópicas e geocronológicas de um fenômeno de acrescimento crustal transamazônico no craton do São Francisco, Estado da Bahia. In: 37 Congr. Bras. Geol., São Paulo, SBG, Anais vol. 2, p. 181-182.