"Me falta uma companheira, Zeus!" Reclamou o homem ao Pai do Olimpo. "Uma mulher te darei. Senhora da vida, suave no corpo e nos gestos, arguta, astuta, maleável, perfumada, poderosa, mãe, amiga, irmã, esposa e curiosa." Veio Pandora, primeira entre muitas, deusas de nossas masculinas existências. Do monte divino trazia entre as mãos uma caixa que lhe afligia, incomodava, perturbava, pela missão de a guardar eternamente, sem seu lacre violar. Suave Pandora, no corpo e nos gestos, Arguta inteligência, astuta mulher! E curiosa. Abriu a caixa e, para seu pavor, descobriu que Zeus, Senhor de toda a sabedoria e ironia, dera-lhe um fardo para carregar que seus ombros jamais poderiam suportar. Saíram da caixa a Inveja, a Guerra, a Covardia; céleres vieram o Desespero, a Traição, a Cobiça; rápidas saltaram todas as desgraças do dia-a-dia. Atônita, apavorada, já ia Pandora chorando fechar, lacrar o depósito de tanta maldade acumulada. Mas deteve-se ao reconhecer a última a chegar. Era o bálsamo para os males liberados, era a benção para toda a humanidade. Era a Esperança, mãe dos desalentados. Armagedon - 26/06/99 |